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sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

6 Critérios Para Uma Grande Ficção


"Qualquer um que tenha herdado o aparato fantástico da linguagem humana pode dizer o sol verde. Muitos podem então imaginá-lo ou pintá-lo. Mas isso não é suficiente. Criar um Mundo Secundário dentro do qual o sol verde seja crível, compelindo a Crença Secundária, provavelmente vai requerer labor e pensamento e, certamente, vai exigir uma perícia especial".
“Sobre estórias de fadas”, de J. R. R. Tolkien, 1939.

A ciência é uma narrativa objetiva da realidade do universo. A cosmologia assim condensa a busca dessa narrativa física do universo similarmente a cosmogonia de uma religião ou mitologias. Mesmo a epistemologia evoluiu essa narrativa mediante os fatos sendo mais concreta e legítima que narrativas etnocêntricas da história ao delegar a si mesma os mesmos resquícios homéricos das mitologias como vemos na história da política norte-americana.

Ainda que a narrativa da história ou física devesse ser exterior por ser material e objetiva, ao contrário do etnocentrismo guiado pelas volições do senso de superioridade e classe que apenas norteia o tendencioso e parcial. Antes a ficção assumidamente fruto da subjetividade por vezes dialoga com a realidade exterior de modo mais sensato. Alguns chegam até mesmo postular etapas da criação como a prospecção (explore, em inglês) e aproveitamento (exploit, em inglês), tais aspectos visam maximizar o potencial criativo havendo porém alguns tópicos dos quais do maior ênfase como os abaixo:

1 - Plot e mote original;
Ainda que alguns consigam criar uma grande história ao desenvolver personagens e situações a partir de um mote mediano, o plot de uma história é o motivo dela ser o que é. Seria o motivo que razoa a intenção do autor no que teria a contar de novo, além ordinário. Tramas originais e narrativas ousadas não são comuns hoje, e por isso louvadas quando atendem outros requisitos.

2 - Metalinguagem;
Ao contrário de meros trocadilhos ou piadas de baixo calão a metalinguagem tanto como referências diversas (a obras clássicas, filosofia ou história) enriquecem em profundidade e complexidade a trama de um bom plot, sendo de meros simbolismos e sinais sutis, mas que se encadeiem, por vezes sendo autoreferências ao próprio universo/multiverso, tanto como paralelos metafóricos a realidade.

3 - Leis e regras gerais próprias;
Como citado por Tolkien é o que torna um universo ficcional verossímil, ainda que sendo uma fantasia como a exemplo do próprio Senhor dos Anéis que mesmo repleto de seres mitológicos e magia as regras coesas e isentas são como as leis físicas de nosso universo, ao contrário de histórias incongruentes e sem coesão. Tais regras são como de um jogo, que a exemplo do xadrez dá seus próprios direcionamentos e possibilidades;

4 - Personagens bem construídos;
Da escolha do nome a personalidade do personagem ajuda a moldar a história e suas situações. Bem como na mitologia grega muitas histórias dos quais os nomes dos personagens ainda hoje refletem na cultura ocidental (Teseu, Narciso, Hidra entre outros) as histórias servem até mesmo como ilustração a estes personagens. Ao contrário de personagens passivos como meros figurantes das histórias, bons personagens as carregam como Atlas ao reunir um conjunto de traços e características negativos e positivos que os tornem reais e assim identificáveis ao contrário de etnocentrismos plásticos e artificiais;

5 - Trama planejada;
Não basta apenas um plot original como estopim a uma jornada do herói, além dos itens anteriores uma história planejada não é muito comum e não parece uma biruta ao sabor do vento. Antes tem um encadeamento de eventos como precursor a um desfecho condizente.

6 - Detalhismo com encadeamento
 Com todos esses itens obviamente a história deve sobretudo ser minuciosamente trabalhada nos detalhes, incluindo personagens e metalinguagem eles devem funcionar como um quebra-cabeças onde cada peça encaixada aumenta a compreensão dinâmica e panorâmica da história, dos personagens ao planejamento ao contrário de histórias incoerentes e rasas.

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