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sábado, 8 de novembro de 2014

Guerra Simbólica

O domínio da batalha simbólica confunde-se com a ideológica pois ela tenta, por meio de precedentes, criar marcos a um novo tipo de comportamento ou ideias neles inseridas, podendo assim ser comum como meio a guerra ideológica, mas normalmente tal prática é subversiva. Preza a lenda que Stalin seria hábil na guerrilha simbólica.
Um exemplo que ocorreu com o autor que serve para ilustrar isso, fora o roubo de brindes que haviam sido encomendados pelo correios. O objeto em questão tem valor mínimo, mas o crime era federal. Ou seja, se o crime é repudiado pelo valor das mercadorias abre-se um precedente a crimes federais e talvez posteriormente correspondências de maior valor possam ser roubadas.

Mas porque discutir por brindes, algo tão banal?
Ao traduzir a ideia de que fora um roubo 'insignificante' discute-se em seguida num quase overton ou etapas da mudança de comportamento que seria aceitável tal delito ainda que com restrições aos roubos mais severos, e por conseguinte a oposição gradualmente cede quando o ato gradualmente se torna 'normal' ou 'natural'. A guerra simbólica assim atua lado a lado com o overton onde as ideias que ganham espaço são inseridas homeopaticamente como cozinhar uma rã gradualmente em banho maria. A diferença do começo ao resultado final são alarmantemente mais graves e assustadoras, onde por fim o absurdo poderia ser colocado como: 'não há mal em torturar e matar o autor para roubar-lhe seus livros que recebe via correio, pois justifica-se como um bem comum ao grupo'.
Os precursores são perigoso, quando surgem e a medida que se tornam cotidianos, a abordagem, por mais invasivo e agressivo que seja tende a ser uma aceitação por sobrevivência, afinal todos os judeus não concordavam em viver num campo de concentração nazistas, mas eles passaram por procedimento similar e gradual que os levaram aquilo até ao holocausto, a dita solução final, porque eles se tornaram um 'peso indesejável'.
Naturalmente, como se observa, isso pode levar a uma inversão completa dos valores e morais, porém, podem haver aplicações igualmente inversas da guerra simbólica ao simplesmente a expor-la, podendo anular seus resultados e efeitos. Afinal a briga não é por brindes, mas por abrir precedentes a crimes mais graves, afinal para que estes simplesmente se interessariam roubar meramente brindes? Isso provaria, porém, que a guerra simbólica é uma faca de dois gumes ao hábil especulador.

Extraído de 'Sistemas Anarquistas' de Gerson Machado de Avillez

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