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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Trecho de 'Cidadão Anarquista'

O ensaio originalmente chamado de 'Sistemas Anarquícos' a medida que se desenvolve teve seu nome alterado para 'Cidadão Anarquista' e poderá se tornar um livro de autoria de Gerson Machado de Avillez como uma crítica ao poder e hierarquia que sempre levam a imoralidade e anti-ética. O Trecho a seguir é do segundo tópico seguindo a crítica de como o poder centrado numa figura ou grupo será incapaz de harmonizar todo sistema o estabilizando por longo periodo.


O Acumulo de poder é a maior meta-tragédia da humanidade, tanto que apenas boçais são os que mais acumulam poder ordenadamente apenas a própria vontade arbitrária. Os que mais tem poder são os que menos são aptos a ele, não se conhece na história nenhum tirano bondoso ou imparcial, pois autocratas tem por lei a própria vontade, mas a lei da verdadeira anarquia é o bom senso solidário. Mas a proposta de 'Ars Ad Speculum' é contrária a da lei da atração, diz que quem deseja muito nunca sai como quer. Pois o pensamento nunca é igual a realidade, pois ele postula uma realidade própria.
O fascismo, autoritarismo, totalitarismo assim não nivelam, "harmonizam" pela força, por baixo. Harmonia no sentido nato da palavra é equilíbrio livre e espontâneo. Assim, independe de tão sofisticado seja o regime ou ideologia, pois não produzindo frutos melhores do que se crítica é inútil. Tais coisas contraditoriamente sempre levam a casos de anarquia espontânea e negativa por isso, por causa dos heróis de causa própria, idiotas dominantes. Ordem através do medo é tão volátil, vil e perigoso quanto anarquia através do medo.
O Poder centrado numa só figura ou grupo sempre estará fadado a incapacidade de harmonizar e estabilizar o sistema e o todo por longo período pois nunca será uniforme na dispersão de seu poder, seria emblematicamente impossível a nível quântico, é a balança em desequilíbrio. Porque esse poder em desequilíbrio sempre será corrupto.
O herói dos abastados é o abismo, o defensor do inócuo queima mendigos de um lado e enriquece ricos doutro, forte apenas sobre o fraco, grande apenas ante o pequeno. Se a autoridade não resolve o crime, impunidade, injustiça e corrupção não só é incompetente como irrelevante, para os que defendem tal autoridade a vida é pergunta e a morte resposta. Ora, autoridade que favorece discriminação alimenta não só abismos, mas crimes. Uma doença não pode ser a cura, como se observa. A anarcoguerrilha somente é conveniente nestes casos, pois passando disso é anarcoviolência.
O domínio da batalha simbólica confunde-se com a ideológica pois ela tenta, por meio de precedentes criar marcos a um novo tipo de comportamento ou ideias neles inseridas, podendo assim ser comum como meio a guerra ideológica, mas normalmente tal prática é subversiva, mas seria um modelo de harmonização ou de metas, fomentando alterações no ethos coletivo. Preza a lenda que Stalin seria hábil na guerrilha simbólica.
Um exemplo que ocorreu com o autor que serve para ilustrar isso, fora o roubo de brindes que haviam sido encomendados pelos correios. O objeto em questão tem valor mínimo, mas o crime era federal. Ou seja, se o crime é repudiado pelo valor das mercadorias abre-se um precedente a crimes federais e talvez posteriormente correspondências de maior valor possam ser roubadas.
Ao traduzir a ideia de que fora um roubo 'insignificante' discute-se em seguida num quase overton ou etapas da mudança de comportamento que seria aceitável tal delito ainda que com restrições aos roubos mais severos, e por conseguinte a oposição gradualmente cede quando o ato gradualmente se torna 'normal' ou 'natural'. A guerra simbólica assim atua lado a lado com o overton onde as ideias que ganha espaço são inseridas homeopaticamente como cozinhar uma rã gradualmente em banho Maria. A diferença do começo ao resultado final é alarmantemente mais grave e assustadora, onde por fim o absurdo poderia ser colocado como: 'não há mal em torturar e matar o autor para roubar-lhe seus livros, pois justifica-se como um bem comum ao grupo'.
Os precursores são perigosos, quando surgem e a medida que se tornam cotidianos, a abordagem, por mais invasivo e agressivo que seja tende a ser uma aceitação por sobrevivência, afinal todos os judeus não concordavam em viver num campo de concentração nazistas, mas eles passaram por procedimento similar e gradual que os levaram aquilo até ao holocausto, a dita solução final pois eles se tornaram um 'peso indesejável'.
Naturalmente, como se observa, isso pode levar a uma inversão completa dos valores e morais, porém, podem haver aplicações igualmente inversas da guerra simbólica ao simplesmente a expô-la podendo anular seus resultados. Afinal a briga não é por brindes, mas por abrir precedentes a crimes mais graves, afinal para que estes simplesmente se interessariam roubar meramente brindes? Isso provaria, porém, que a guerra simbólica é uma faca de dois gumes ao hábil especulador.
Por isso a fim de harmonizar um sistema de modo a atingir o equilíbrio é desejável, pois uma sociedade sem conflitos não há vencedores, nem perdedores. Porque onde há vencedores, há perdedores havendo assim desigualdade. Para isso o fator educacional deve ser uniforme e medidas disciplinares e educativas devem ser tomadas como penalizantes, os educadores são os mestres da orientação e conduta, o mais perto de uma autoridade que há nesse sistema anárquico. Inconstâncias são repelidas pois é própria de sistemas instáveis. Os inconstantes não gostam de definições para se contradizerem a todo instante, sendo assim impossível de se atingir um grau de pureza desejável. Puro é o que não apresenta distorções ou adulteração, é definível, assim a ideologia de distorções e adulteração não somente é indefinível como a própria impureza.
Assim um estado anárquico de sistema caótico seria formado não somente por educadores e mestres, mas sugestionadores e especuladores. O Caminho do especulador é enxergar o fluxo do futuro, se tornar visionário a conceber onde darão as estradas e tendências, deduzir a conclusão, intuir o melhor caminho a ser tomado no fluxo de tempo, um oraculo da sina do caos e do tempo. Enquanto o educador analisa os fluxos do passado, o especular é um sábio das coisas que ainda não aconteceram, um profeta de mundos paralelos.
Sugestionadores podem ser tanto educadores quanto especuladores, mas também adeptos da ideologia vigente, preza-se o pedir, não o mandar, em alguns casos a liderança, não a chefia. O Sugestionador é um avatar do bom senso.
Por fim encontramos o copiador. O copiador é intelectualmente passivo, só reproduz como receptor, normalmente acrítico, do que se propõe, não sendo criativo perpetua as ideias devendo ser conveniente a humildade, pois o acrítico não é permissivo a retórica moral. Mas estes pode se tornar algo mais quanto críticos, sugestionadores e os melhores adeptos podendo gradualmente integrar o próprio corpo de formadores de opinião precisos numa anarquia coerente e praticável.


Cidadão Anarquista - Políticas e Filosofia do Anarquismo de Gravata de Gerson Machado de Avillez para ver a versão atualizada do original inacabado clique aqui.

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