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sábado, 29 de julho de 2017

Conto na Quarta Edição da Revista Litera Livre

Sobrevivi para contar! Quarta Edição da Revista Litera Livre, conto Perfeita Utopia de Gerson Machado de Avillez, página 123. Clique aqui para baixar seu exemplar!




Dicas Para uma Vida Plena

Abaixo separo alguns itens o qual considero imprescritíveis a quem quiser ter uma vida melhor, trecho extraído do segundo volume de minha autobiografia, 'Confissões de Uma Mente Autista'.
 
— Todos os dias são bons, não seus humores: Todo dia tem seu valor, ainda que valores diferentes, sem uma quinta não haveria sexta assim como após o domingo vem a segunda, ou seja, um dia bom não vem sem ter acontecido um aparentemente mal.
— Faça das suas feridas seu valor como a ostra torna a sua em pérola.
— Você apenas é derrotado quando aceita isto desistindo. A impossibilidade é a doutrina do pessimismo negativo.
— Não deixe que digam quem você é, você não é definido pelo que te fazem, por isso faça o que você acha que seja.
— O único sucesso inaceitável é o que destrói alheios para vencer.
— Você apenas é responsável pelo que faz, não pelo que fazem por sua causa.
— Não importa quantas vezes você caia, mas sim quantas vezes é capaz de se levantar.

    O primeiro passo para a felicidade é valorizar-se, a contramão da felicidade é desistir de seus sonhos. Abandonar meus sonhos e talentos significa abandonar o que sou, trair-me, lutar significa nunca aprender a ser um derrotado. De todas as coisas a que nunca serei capaz de aprender. Pesa o que te empurra pra baixo, mas os sonhos e vocações lhe são asas, pois a gravidade que é igual para todos. Se me perguntarem como vou indo, digo que normalmente de bicicleta, algumas vezes de towner, as vezes de ônibus, mas sempre nas estradas da vida tentando chegar ao meu destino, a felicidade.
    Mas quando o mais perto que pobre segregado chega da felicidade é o antidepressivo, o abismo no caminho não permite prosseguir, então, quando seus direitos não são respeitados a cidadania deve ser exercida com agressividade. O melhor ativismo é aquele o qual se usa a própria vida como exemplo de luta.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Os limiares da cultura e do inato

Ainda que uma primeira versão do livro 'A Filosofia e História do Ethos' tenha sido finalizada ao estudar mais fatos sobre o assunto dissertado observei algumas coisas muito interessantes sobre a visão antropológica da cultura, etnocentrismo e seu Ethos pois subentendesse que uma moral é presente em quaisquer grupos ainda que tenham "morais" opostas. A baixo uma breve dissertação sobre o assunto, no tocante aos limites de cultura e instintos, o inato:

"O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridas pelas numerosas gerações que o antecedem. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções."
Cultura: Um conceito antropológico - Roque de Barros Laraia -  Ed.Zahar. Pág.45

O vital é o biológico (orgânico) e o social (cultural), um representa a força orgânica da biologia, inata, instintiva, e outro a força social. Notável observar apenas o último nos tornou mais evoluídos que os demais animais a uma condição de transcender a natureza biológica se tornando parte da identidade da espécie. Ora, promover assim a força biológica no ser humano é um retrocesso evolucionário. A hiperssexualização da cultura machista é um retrocesso evolucionário, assim como qualquer redução a instintos primários o qual atrofie a cultura e o social.
A exemplo da sobrevivência põe o ser humano aos limites da identidade da espécie ao reduzi-lo a força biológica motriz inata, situações extremas poderiam deformar a identidade humana a longo prazo?
Há uma implícita relação do sexo com a violência ao ser reduzido aos instintos primários como de sobrevivência tornando o ato do coito uma espécie de elo entre a vida e a morte, o que dá vida ante a possibilidade da morte ou escassez como uma eficiente dicotomia que justifica os pobres e sua prole como proletareado. Uma vez compreendendo que o social retrocede parece ser um denominador compreensível de uma cultura baseada no instinto que por isto é antissocial. Assim a cultura tem o papel regulador dos instintos e do inato no que resulta numa moralidade de modo que qualquer cultura que faça o oposto passa a ser um problema para sociedade.

Problemas do Pensamento

    A mistura é o nascimento das impurezas, no discurso é uma maneira de falar tudo sem dizer nada. O puro é delimitado com clareza e somente compreendido através do discernimento enquanto a impureza apenas produz poluição. Afirmar o oposto é o mesmo que dizer que a confusão soluciona o problema quando semanticamente é o contrário. 

    O relativismo provoca o mesmo efeito no pensamento ao tentar arruinar a imparcialidade. É um dos 'ismos' menos lúcidos e mais criadores de problemas na sociedade ao exemplo do dualismo. Na verdade, ambos podem ser contidos pois a exemplo do duplo padrão moral manifesta-se como um dualismo por relativizações morais.

    A própria afirmação que 'toda verdade é relativa', questiono se esta afirmação é uma verdade absoluta pois se a for, ela não pode ser ao mesmo tempo relativa em sua proposição, e se for relativa a afirmação em si estará incorreta, ou seja, a sentença em si contém por si só um contrassenso filosófico.

    A realidade e verdade, estas podem ter leituras subjetivas e pessoais que são interpretações muitas vezes relativas ainda que a verdade em sua raiz seja absoluta, concreta e objetiva, mas não sua percepção. Já as verdades universais são inegavelmente absolutas, são elas que me interessam.
 
    Porém, a relatividade apenas expõe em seus adeptos a parcialidade de alguns demonstra que não há intenção de defender o que é certo ou condenar o errado, mas sim defender apenas o próprio interesse. Nada mais deflagra isto que as conspirações que usam seletivamente e arbitrariamente das leis e a verdade como mero instrumento de poder, pois similarmente em classes a exclusão sistemática serve para que poucos tenham exclusividade. De modo análogo peca o coletivismo, negar um não permite com que se fale de todos, a exceção é o contrassenso do coletivo total. Ora, todos somos cada um de modo que o coletivo não é a exclusão do indivíduo, mas a inclusão do mesmo.
 
    O problema é que o relativismo não leva a conclusão alguma, mas sim muitas vezes a infindas dialéticas não respondendo ou provando nada, sem definir situações ou melhorando vidas, mas apenas defendendo o interesse egoísta de pessoas parciais como dito anteriormente. A verdade é uma, mas a partir dela concebe-se visões diferentes, os conhecimentos dessa verdade social da realidade que quando não divergentes que pela perspectiva, e não plenitude, podem rivalizar-se ou opor-se. Concebe assim o estimulo da curiosidade crítica fomentar a compreensão total pelo questionamento do que falta, o conhecimento reproduzido pelo liberalismo tradicional é um quebra-cabeças cujas peças da crítica e totalidade sempre faltarão. O progressismo fora o que mais perto chegou dos verdadeiros problemas da sociedade, seu rigor se atualiza e respalda-se no acadêmico ao contrário de seu oposto. Mas nenhum conhecimento é pleno sem a liberdade crítica que pelo enfrentamento do conhecimento imparcial de todas posições e visões confronta-se no que concerne ao mais coerente e correto. A liberdade do liberalismo tradicional da educação demonstra-se a mostrar apenas as opções aceitáveis pelos dominantes, não toda gama de caminhos pelo conhecimento imparcial e total. A liberdade plena assim é que o docente sendo um guia revele todos caminhos e posições fomentando a libertação do discente das amarras da parcialidade que serve ao relativismo opressor quando não incentive até mesmo se criar seu próprio caminho na ausência de um.
 
    O conhecimento ainda que não absoluto por impossibilidade, mas pleno em sua completude, é o libertador capaz de transformar a realidade pela criticidade iniciada pela conscientização dos discentes ao contrário da apatia do pensar gerada pelo tom acrítico e bancário da educação tradicional.
 
    Sobre certo ângulo assim a ciência não é absoluta pois filosoficamente corresponde a um conhecimento parcial do universo, não o universo em si, ou seja, afirmações como o mapa não é o lugar se aplicam, pois igualmente creio que a ciência limita-se apenas a um reducionismo o qual exacerba em meros recortes da filosofia, mãe de todas ciências. Creio que uma compreensão cosmológica do universo depende intrinsecamente de algo holístico e essencialmente filosófico. A teoria do tudo terá de ser essencialmente de funcionamento holístico tanto como reducionista.
 
    Por sua vez a exemplo das ideias dualistas, predominantes, que advém das elites, vide sexismo, dos pobres e dos ricos, fomentam estereótipos e favorecem a desigualdade e discriminação que por polarização e dicotomias exaltam e ressaltam o elitismo da classe dominante em autoafirmações de seu status quo, pensamentos de paralelos que marginalizam, conforme discutirei mais adiante. Delas partem muitas diferenças fomentadoras da discriminação. Quanto aos bons, não é discriminar, mas apenas discernir o que presta do lixo, pois a discriminação é o louvor covarde a desigualdade, apenas ataca a diferença nunca a semelhança. 

    Mas o incomum quando em poucos é doença e loucura, quando por muitos a loucura mainstream chama-se cultura. Porém o que estes chamam de uniformização chamo de normopatia vulgar resultando numa sociedade cheia misoginia, racismo e outros aspectos preconceituosos. O não preconceito faz da diferença diversidade, não inferioridade e acepção. Compreendo por qual motivo a inversão é o argumento mais usado desses, pois somente assim acham que estão certos.

Trecho de 'Confissões de Uma Mente Autista' de Gerson Machado de Avillez

terça-feira, 11 de julho de 2017

Nosce te ipsum: Autoconhecimento na Educação




O que mais tornou-me interessado na pedagogia fora o fato dela ser um amálgama da prática da psicologia e filosofia, duas áreas que sempre me interessei e que por isso me levou a escolher a psicopedagogia como especialização. Mas sobretudo um incômodo conhecimento de causa que orientou ante experiências pessoais a formar ideias sobre o que passei como um desajustado e problemático que me tornei. A latência de um autoconhecimento tardio me proporcionou problemas sobretudo ante um meio opressor. Por de trás dos desajustados há um brilho intenso encoberto por uma ignorância de si mesmo.
 
Os desajustados, rebeldes e muitas vezes marginais surgem do descontento, a sensação de inadequação a um papel social, do imobilismo, impotência ocasionando depressões, frustrações, baixa estima, ansiedade e insatisfação ante um meio opressor que deforma a essência do que o indivíduo de fato é. Essas opressões geram pressões do externo ao interior, e seus meios que instintivamente buscam turvar o autoconhecimento à ignorância self para que, por fim, o meio, externo a si próprio imponha o que ele é de modo nada harmônico. Assim o conhecimento externo não pode sobrepor o conhecimento self ocasionando pressões de modo que a verdadeira educação o alinha adequadamente favorecendo o desenvolvimento pleno do indivíduo e assim o adequando ao coletivo, mas para isso representações transformadoras devem acontecer em feeback da relação do indivíduo ao meio.
 
O assédio velado, as indiretas venenosas e a violência simbólica são ruídos que como interferência atrapalham o autoconhecimento de sua essência, como se uma força diabólica buscasse puxar para baixo e me definir pelo meio. Assim o autoconhecimento igualmente se torna uma ferramenta de resistência ante o externo que deseja dizer quem você é.
 
Não haverá perfeita inclusão ao coletivo e um papel a desempenhar na sociedade em harmonia tendo esses atritos do externo e self que eclipsam o autoconhecimento ocasionando deficiências em si próprio e consequentemente na sociedade, o coletivo. A exemplo da depressão e baixa estima são escamas aos olhos do autoconhecimento turvando à uma ignorância de si mesmo em suas potencialidades muitas vezes tornando o indivíduo seu próprio inimigo e consequentemente inimigo de todo mais.
 
Assim o verdadeiro autoconhecimento odeia a comparação e outras distorções, pois a individualidade é sua identidade customizada do conhecimento de si próprio como do mundo externo, em última instância o autoconhecimento é a definição da identidade individual que possibilita todo o mais, tal como reconhecer seu lugar na sociedade externa. Somente se pode saber seu verdadeiro lugar na sociedade a partir do perfeito autoconhecimento.
 
Quando o autoconhecimento atesta-se no indivíduo em sua plenitude as pressões externas apenas o transformará em diamante capaz de cortar todo o mais.

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Tempo Uno: A Preexistência do Tempo



Abaixo seleciono trechos adaptados e editados dos apêndices da antologia 'Cronomancer' e do projeto literário 'O Código do Caos' de Gerson Avillez

Apesar de sermos diferentes em alguns aspectos as inspirações e ideias de Philip K.Dick tem algumas semelhanças notáveis comigo. De sonhos, vida e supostas precognições - onde seus livros precederam eventos de sua vida e outros mais - ele estava inclinado a crer que o ato dele transtornar seu tempo era capaz de seu futuro interagir com o passado. Nas explicações dadas no livro 'A Vida de Philip Dick - O Homem que Lembrava o futuro' de Anthony Peake a visão de um tempo cúbico implicava na simultaneidade de tempo de modo que ao transtornar o futuro - ou o presente ante o passado - se alterava ao presente, o que eu traduzo que esse poder de transtornar ecoa como ondas, ondas que vão não somente a frente do tempo, mas para trás. A diferença circunstancial nesse ponto é sutil, mas a minha teoria explica mundos alternativos ao contrário da dele. O fato que me parece claro, e em comum com PKD, seria de que o poder de influir de alguém em seu tempo relaciona-se diretamente com o fluir do mesmo, ainda que a ideia de geometria física e intemporal considero algo muito newtoniano.

Todavia me parece correta a ideia de inexistência do passado, presente e futuro proposta por Einstein. O futuro como parte do tempo já existe a frente da seta do tempo a espera que os eventos de causalidade o alcance. Seria como um rio cujo leito está determinado, ainda que com ondas de variáveis de correnteza no percurso, a entropia atesta isso, e diria mais, o caos. Como exatamente no rio o fluxo oscila a curto prazo mas a médio segue uma única linha previsível que indica ser razoavelmente predeterminada. Algo que explano na minha teoria da âncora do destino, o qual uma corda esticada as vibrações criam variáveis (nesse caso de realidade) que não alteram o destino futuro. O problema é que apesar de sabermos que o leito do rio sempre vai a frente, não somos capazes de enxergar as partes vindouras desse leito por estar além do horizonte de visão intemporal.
As determinantes de padrões são as repetições, devera assim compreender a causalidade mesmo em detrimento do caos, de que tudo não passa de novas conjunções e combinações do prévio alternando resultados complexamente (im)previsíveis. O caos nada mais é que a variabilidade da variável ante uma direção estipulada pela seta do tempo. Isto se aplica tanto ao universo cósmico, como na natureza quanto ao ser humano e sua história. Assim estou inclinado a crer em sete sabores históricos universais do qual a harmonia deriva histórias de todas matizes, da ficção ao real. Para isso acrescente os arquétipos junguianos aos mitos de Joseph Campbell como a interseção comum entre o real e o imaginário. Isto justifica porque as histórias de ficção científica mesmo de Philip Dick previa sua própria vida numa compreensão autoconsciente do próprio icônico autor do século XX. Quando um evento tem intensidade de transtornar o tempo surgirão ecos, sejam paralelos ou retrotemporais que ressoaram como toda sorte de fenômeno, inclusive o de fantasmas e o que seria a ilusão se não ecos projetados de uma existência não presente.
Creio que há um ponto limite no "futuro", um evento cujo poder de gravitação amarra todos os eventos do presente a se declinarem a ele variavelmente. Algo como um "buraco negro no tempo" tão poderoso que atrai a seta do tempo a sua direção, creio que esse seja o fim do universo. Curiosamente esse derradeiro evento é o que norteia o universo a um sentido e que torna possível a linearidade. Há outros desses eventos inexoráveis menores no tempo e todos eles forjam o destino o que dentro de certo aspecto torna igualmente possível uma previsão. Se a seta do tempo fosse definida pelo Big Bang ela perderia a força com o tempo, todavia a entropia parece aumentar, como? Mesmo a ideia da expansão do universo denota essa força que não apenas empurra o universo advinda do big bang, mas puxa de um ponto indeterminado do universo pois é o futuro, algo que dita o fluxo de acontecimentos para frente independente da variação. Como a ideia da corda amarrada nas extremidades, o alfa e ômega do universo é o que o permite ser como está definido.