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sexta-feira, 28 de julho de 2017

Problemas do Pensamento

    A mistura é o nascimento das impurezas, no discurso é uma maneira de falar tudo sem dizer nada. O puro é delimitado com clareza e somente compreendido através do discernimento enquanto a impureza apenas produz poluição. Afirmar o oposto é o mesmo que dizer que a confusão soluciona o problema quando semanticamente é o contrário. 

    O relativismo provoca o mesmo efeito no pensamento ao tentar arruinar a imparcialidade. É um dos 'ismos' menos lúcidos e mais criadores de problemas na sociedade ao exemplo do dualismo. Na verdade, ambos podem ser contidos pois a exemplo do duplo padrão moral manifesta-se como um dualismo por relativizações morais.

    A própria afirmação que 'toda verdade é relativa', questiono se esta afirmação é uma verdade absoluta pois se a for, ela não pode ser ao mesmo tempo relativa em sua proposição, e se for relativa a afirmação em si estará incorreta, ou seja, a sentença em si contém por si só um contrassenso filosófico.

    A realidade e verdade, estas podem ter leituras subjetivas e pessoais que são interpretações muitas vezes relativas ainda que a verdade em sua raiz seja absoluta, concreta e objetiva, mas não sua percepção. Já as verdades universais são inegavelmente absolutas, são elas que me interessam.
 
    Porém, a relatividade apenas expõe em seus adeptos a parcialidade de alguns demonstra que não há intenção de defender o que é certo ou condenar o errado, mas sim defender apenas o próprio interesse. Nada mais deflagra isto que as conspirações que usam seletivamente e arbitrariamente das leis e a verdade como mero instrumento de poder, pois similarmente em classes a exclusão sistemática serve para que poucos tenham exclusividade. De modo análogo peca o coletivismo, negar um não permite com que se fale de todos, a exceção é o contrassenso do coletivo total. Ora, todos somos cada um de modo que o coletivo não é a exclusão do indivíduo, mas a inclusão do mesmo.
 
    O problema é que o relativismo não leva a conclusão alguma, mas sim muitas vezes a infindas dialéticas não respondendo ou provando nada, sem definir situações ou melhorando vidas, mas apenas defendendo o interesse egoísta de pessoas parciais como dito anteriormente. A verdade é uma, mas a partir dela concebe-se visões diferentes, os conhecimentos dessa verdade social da realidade que quando não divergentes que pela perspectiva, e não plenitude, podem rivalizar-se ou opor-se. Concebe assim o estimulo da curiosidade crítica fomentar a compreensão total pelo questionamento do que falta, o conhecimento reproduzido pelo liberalismo tradicional é um quebra-cabeças cujas peças da crítica e totalidade sempre faltarão. O progressismo fora o que mais perto chegou dos verdadeiros problemas da sociedade, seu rigor se atualiza e respalda-se no acadêmico ao contrário de seu oposto. Mas nenhum conhecimento é pleno sem a liberdade crítica que pelo enfrentamento do conhecimento imparcial de todas posições e visões confronta-se no que concerne ao mais coerente e correto. A liberdade do liberalismo tradicional da educação demonstra-se a mostrar apenas as opções aceitáveis pelos dominantes, não toda gama de caminhos pelo conhecimento imparcial e total. A liberdade plena assim é que o docente sendo um guia revele todos caminhos e posições fomentando a libertação do discente das amarras da parcialidade que serve ao relativismo opressor quando não incentive até mesmo se criar seu próprio caminho na ausência de um.
 
    O conhecimento ainda que não absoluto por impossibilidade, mas pleno em sua completude, é o libertador capaz de transformar a realidade pela criticidade iniciada pela conscientização dos discentes ao contrário da apatia do pensar gerada pelo tom acrítico e bancário da educação tradicional.
 
    Sobre certo ângulo assim a ciência não é absoluta pois filosoficamente corresponde a um conhecimento parcial do universo, não o universo em si, ou seja, afirmações como o mapa não é o lugar se aplicam, pois igualmente creio que a ciência limita-se apenas a um reducionismo o qual exacerba em meros recortes da filosofia, mãe de todas ciências. Creio que uma compreensão cosmológica do universo depende intrinsecamente de algo holístico e essencialmente filosófico. A teoria do tudo terá de ser essencialmente de funcionamento holístico tanto como reducionista.
 
    Por sua vez a exemplo das ideias dualistas, predominantes, que advém das elites, vide sexismo, dos pobres e dos ricos, fomentam estereótipos e favorecem a desigualdade e discriminação que por polarização e dicotomias exaltam e ressaltam o elitismo da classe dominante em autoafirmações de seu status quo, pensamentos de paralelos que marginalizam, conforme discutirei mais adiante. Delas partem muitas diferenças fomentadoras da discriminação. Quanto aos bons, não é discriminar, mas apenas discernir o que presta do lixo, pois a discriminação é o louvor covarde a desigualdade, apenas ataca a diferença nunca a semelhança. 

    Mas o incomum quando em poucos é doença e loucura, quando por muitos a loucura mainstream chama-se cultura. Porém o que estes chamam de uniformização chamo de normopatia vulgar resultando numa sociedade cheia misoginia, racismo e outros aspectos preconceituosos. O não preconceito faz da diferença diversidade, não inferioridade e acepção. Compreendo por qual motivo a inversão é o argumento mais usado desses, pois somente assim acham que estão certos.

Trecho de 'Confissões de Uma Mente Autista' de Gerson Machado de Avillez

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