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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Para Ver A Infernal Sociedade de Alguns



Não preciso usar entorpecentes para conhecer como é mal, basta conhecer seus efeitos. De modo similar conhecemos as leis físicas que invisíveis e não escritas são perceptíveis apenas pelos padrões que denotam. A dedução leva ao conhecimento tanto como inferir a exemplos de eventos astronômicos. Limitar o conhecimento a conhecer diretamente é falso pois nem tudo é tangível de mensuração direta, caso contrário não saberíamos que a luz da Lua advém refletida do Sol, assim tornaria preciso abrir todas as laranjas para compreender que todas possuem sementes. Como o conhecimento de Deus ocorre pela fé, não precisamos necessariamente vê-lo para saber. O mesmo ocorre ao perceber inquestionáveis padrões que circundam as conspirações ainda que uma névoa a encubra. Não preciso me jogar no esgoto para saber que seu gosto é amargo e ruim.

A corrupção é um mal atemporal onipresente em qualquer época com menos ou mais intensidade. Mas conceber a existência de uma rede subversiva que a perpetra em oculto parece uma prerrogativa exagerada ainda que historiadores sérios como Pablo Allegritti em seu ‘Redes Secretas de Poder’ isso afirme.

É uma extensa rede o qual a complexidade envolve diversas pessoas, inclusive do crime organizado a fim de estipular limites ao desenvolvimento, progresso e sucesso nacional. Digo com conhecimento de causa mediante a situação grave que passo ante a opressão desses insidiosos grupos que por meio de fraude, coação e corrupção (e tortura assim como outros crimes) tiram vantagem covarde de pessoas o qual interessa os pertences, no caso meus livros, ou meramente para subjuga-las mantendo assim uma superioridade autoritária. A opressão é a pretensa mais insidiosa de poder, inexiste relação social com o oprimido a não ser de parasitismo. A infiltração, não invasão, é a preferência de quem não deseja assumir quaisquer responsabilidades morais por seus atos.

Como no mito da caverna de Platão concebemos que o entendimento do mundo para alguns dar-se pelas sombras, mas mesmo pelas sombras distorcidas do que é a realidade podemos deduzir os objetos que lhe precedem, a verdade concausal. Similarmente assim operam as conspirações e poderes ocultos do mundo o qual os efeitos distorcidos do que seria a verdade podemos deduzir o que se oculta.

Observável que apresentam autonomia até mesmo ante a autoridade máxima dos Estados Unidos da América, o presidente, do qual creio que até mesmo alguns operações e projetos negros não lhe são de conhecimento, ao menos oficial.

É insuportável aquele covil em estado permanente de conluio, haviam arrastado centenas de pessoas de vida digna apenas por terem tido a infelicidade de cruzar seus caminhos, dilacerou seus lares, esfacelou seus trabalhos os destituindo a sarjeta em louvor as elites que isso ordenavam. Tinham hábitos insuportavelmente hipócritas de se esquivarem escorregadiamente da verdade e com a destreza da ignorância o qual eram hábeis invertiam  as alegações do hediondo ainda que ante o ônus da prova, as proferindo numa exposição bizarra de seu inócuo intelectualismo tornando os bravos que diziam as verdades em seus para-raios de frustação moral praticada religiosamente como parte de suas crenças ausente da mínima responsabilidade moral ante a seu culto insidioso ao diabo sob diversos nomes. Alias, mudava-se o nome ou demônios as práticas eram as mesmas.

O que a mentira, ódio e discriminação tem em comum? O ódio é o argumento dos que não tem razão, o lampejo de insanidade que move a discriminação. Mas enquanto a verdade não precisa da coação e violência para ser colocada, apenas a mentira assim como sua repetição que aspira apenas aos ecos do vazio de sua inexistência como o abismo que promove a discriminação.

Preconceituosos fétidos por mais que escarrassem seus sofismas não havia a menor razão objetiva as suas arbitrariedades e relacionamentos assimétricos e sem proporção, mas o parasitismo era um dos nomes não ditos em sua corrupta Nova Ordem Mundial que ocultava sob essa meretriz sádica uma masmorra invisível de açoites, inclusive sexuais.

Sua moral pretérita e enormemente defasada era o sincretismo de todos os males atemporais que compelia suas vitimas, a uma abiose social diminuindo a sociedade a um circo cujo os shows de horrores eram na melhor das hipóteses a melhor exibição de ineptocracia para chocar sua plateia com as represálias dos mais sepulcrais crimes sexuais. Ai de suas vítimas se quiserem viver de seus dons, clamavam o coral de déspotas num assombro funesto a qualquer fé pura.

Mas o que era a Nova Ordem Mundial e suas sucursais do inferno senão um absurdo o qual o único pilar moral era uma fachada diplomática de moralismo?

Os seus em grande parte eram vagabundos que tinham valor apenas no mercado negro onde vendiam até suas almas e vidas alheias. Vadios o qual o oficio era cuidar do ânus alheio e da vida de seus massacrados lhes imputando histórias inverossímeis num teatro dos vampiros.

Esse exército rivalizava com os mais servis demônios do inferno em perversidade implacável, de estupradores, traficantes a psicopatas boçais aquilo remetia a uma versão piorada da SA nazista. Escravo casa na senzala, preso recebe vítima íntima, mas aqueles sempre davam um jeito de criar um novo paradigma para a maldade ultrapassando os limites do anterior com seus desafetos o qual nutriam um ódio do tamanho desacerbado de seus egos por simplesmente estes não aceitarem a servidão e dizerem a verdade do que são, a loucura travestida de humanidade. Mas a servidão moralmente senil é indiscutível para quem se quer sabe conviver.

Manter margem abissal para dar segura vantagem as classes dominantes e subjugar quaisquer que não sejam preteridos a não ser as classes inferiores. Assim manter confortavelmente a supremacia das elites e seu status quo mantido se for preciso através de meios clandestinos e subversivos o qual o objetivo é manter uma margem lucrativa de exploração e submissão principalmente das classes inferiores através do abuso e escravidão velada ou por dívida.

A prova flagrante disso apresenta-se a exemplo de mim e o obstinado e irrevogável objetivo de saquear minhas propriedades imateriais mediante argumentos esdrúxulos e nenhuma prerrogativa legal comprovada. Através disso todo tipo de ameaça e dano oculto é feito para impor por meio autoritário a garantia que terá sempre seu lucro extorsivo e fácil mantido pois não cogita-se qualquer tipo de ganho ao oprimido, muito menos a compra legal. A sabotagem sistemática é outro sintoma perceptível em minha vida, não somente na área artística, mas em todas demais como na sentimental pelo qual renderia por si só um extenso texto sobre as mais depravadas e subvertidas práticas imorais que se fixa por inversão de valores.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Conto: Planeta Prisão

  Publico e disponibilizo abaixo um dos contos do projeto literário 'Cronomancer', uma antologia o qual tem o foco nas possibilidades futuras de distopias. O livro de Gerson Machado de Avillez reúne contos do mesmo multiverso dos livros, do romance 'Herdeiros do Destino' a série de novelas iniciada por 'Crônicas do Tempo', abordando grandes questões filosóficas assim como ideias originais criadas pelo autor como a do conto a seguir que tem começo com a Teoria da Matéria Espelhada que reflete a imagem de um distante passado terrestre neste caso usado como analogia para a emergência das mais malévolas aberrações imorais passadinas.

 A história a seguir é amarga como o séquito que perpetuava os males as suas vítimas que estavam preferencialmente indefesas, porém, se torna algo relevante a ser narrado como a possibilidade de algo funesto que poderia acontecer pois é o desejo daqueles o qual a obstinação diz que somente eles podem ganhar e lucrar.
    O vislumbre daquele mundo que surgiu nos céus da Terra fez a população do mundo fintar os céus na esperança de que uma civilização mais evoluída em moral e ciência pudesse contemplar a eles respostas e um norteamento moral que desse o significado e sentido a vidas destituídas de propósitos ante tanta violência, injustiça, exclusão, corrupção e impunidade. Tão logo uma junta internacional fora formada a fim de engendrar uma missão rumo aquele planeta o qual as semelhanças com a Terra eram inegáveis. Foram então selecionados os homens e mulheres que iriam realizar o voo aos confins do espaço para adentrarem o território extraterreno e se houvesse vida realizar o primeiro contato do homem com uma espécie nunca antes vista.
    O voo partiu carregando na missão quatro astronautas, John Campbell, Kimberly Loren, Rogério Santos e Hellen Daniels. Tudo transcorreu tranquilamente de modo que o foguete passou por todos os estágios de lançamento sem maiores problemas, o céu azul deu lugar as profundas trevas do abismo espacial apenas entrecortado por estrelas pelo qual o irradiar da luz riscava os céus com o trepidar da nave. Viu-se a Lua e a seguir o sol se distanciava progressivamente de modo a não se diferenciar das demais estrelas, a tripulação queria que o propósito da viagem fosse justificado com respostas, mas afinal era isso que todos queriam na vida.
    Os meses se passaram ainda que ante aquela propulsão poderosa e de baixo custo os colocassem a uma velocidade pouco abaixo da luz. Porém, a medida que se aproximaram a tripulação que era formada em sua maioria por acadêmicos de ímpar ética o qual a imparcialidade e senso crítico os moviam perceberam que havia algo errado com aquele planeta o qual a face agora se era possível fintar em detalhes. Para surpresa daqueles homens e mulheres da ciência aparentava que viam a própria Terra mais jovem, há muitos milhares de anos atrás. Buscaram sondar o material que havia a sua volta de modo sucinto e constataram que era permeada por uma misteriosa matéria que de alguma forma potencializava a luz recebida e a refletia de volta. Aquilo provocou grande perplexidade neles de modo que perceberam que apenas corriam atrás de um reflexo que pelo tempo de viagem da luz refletia o passado da própria Terra que modificava-se rapidamente com seu aproximar em alta velocidade.
    Sem terem para onde ir, trataram eles de retornar a seu mundo num misto de dissolução e fascínio pois ainda que não tenham descoberto outro mundo descobriram finalmente o próprio passado deles. Todavia não sabiam aqueles homens e mulheres que agora conheceriam o futuro onde as mais malévolas aberrações imorais que assombraram o passado humano tornaram a emergir assolando o planeta de modo não reconhecível.
    Pelos cálculos de Hellen Daniels estariam eles no século XXIV depois de Cristo, mas ainda que a despeito de toda tecnologia a moral havia evoluído a tempos medievais. Um poderoso banco logo passou a tornar países inteiros propriedades de modo que os governos privados cada vez mais exploravam o povo de modo que os abismos acentuados emergiam uma desigualdade nunca vista antes. Um só culto perpetrado por sociedades secretas que eram centros de todo tipo de conservadorismo vil estipulando um sentimento de superioridade e privilégio ante os demais, que deveriam ser respeitados, mas nunca respeitar suas vítimas, que criticavam, mas nunca poderiam ser criticados, daqueles o qual o culto obcecado pelo sexo era temerário tornando o ato do sexo em algo doentio. A medida com que ganhavam espaço e poder, espalhava-se potencializada a violência, impunidade, desigualdade e a cultura do estupro. Agora eles mesclaram elementos de outras religiões de modo sincretista como o cristianismo de modo moralmente deformado em algo massacrantemente opressor.
    Rogério Santos logo percebeu haver algo errado com aquele mundo quando foram ameaçados de cara ao aproximarem-se da Terra, ainda que identificados como uma antiga missão aqueles homens pareciam hostis e agressivos de modo que John Campbell desviou o voo para uma área remota, não habitada e assim sumisse dos radares daquele governo fascista.
    Não mais sabiam o que fazer naquele mundo e ao acessarem a rede de computadores ficaram ainda mais desconsertados, Kimberley fintou o vazio desolada ao perceber que toda sua família havia sido levada a uma espécie de gueto enquanto os descendentes de John Campbell haviam literalmente sido exterminados.
    As metrópoles eram encobertas por uma névoa onde um gás lançado diariamente tornava os habitantes do extenso gueto mais dóceis e passivos a fim de impedir qualquer revolta ou rebelião, uma enorme prisão cujo território era de uma nação, mas que servia para serem massacrados diariamente com todo tipo de agressão e humilhação injustificada. Não havia porém, ainda que sob condições psicológicas insalubres trabalhavam após sequências de brutais torturas, enquanto dentro do gueto nos telões era mostrado mensagens como: "abandone seus sonhos e talentos", "Não tenha fé", "O sentido da vida é a aflição", "sirva para sobreviver", "você é nossa propriedade".
    Aquilo provocou náuseas em Kimberly que tonta e inebriada com aquele gás vomitou, segura pelos seus amigos de missão, ela meneou a cabeça tentando ainda assimilar todo aquele absurdo enquanto limpava a baba de seu vômito sobre sua roupa.
    Ainda que os presentes no gueto fossem outrora pessoas de ótima índole e dotados de aptidões confirmadas como pintores, autores, músicos eles nunca poderiam ser reconhecidos pelos seus dons e, sob ameaça, qualquer tentativa deles tentar fugir ou publicar seus trabalhos era punida violentamente. Era comum que os dominantes se apropriassem de suas obras e sob argumentos pseudocientíficos absurdos se diziam os verdadeiros autores contra todos os fatos e evidências.
    Muitos homens eram castrados e impossibilitado de terem filhos nunca souberam o que era fazer amor ou constituir família, viviam como os antigos eunucos que andavam a todo instante abaixados como cães obedientes a seus patrões boçalmente arrogantes, comprovando que o passado havia voltado a assombrar a Terra de modo avassalador.
    As mulheres quando eram formosas eram levadas a servirem os dominadores vivendo exclusivamente para o coito, tiradas de suas famílias quando muitas vezes ainda eram de menor, elas eram iniciadas nas mais depravas artes sexuais onde até mesmo coreografavam orgias com homens tenebrosos o qual a feiura era externa e interna.
    Aterrorizados com aquilo, Jonh Campbell não aguentava mais ver tanta aflição, medo e injustiça, e temendo serem reconhecidos como forasteiros acreditaram que o pior também poderia acontecer com eles e assim saíram daquele lugar tenebroso, uma masmorra como a de inóspitos tempos ancestrais.
    Aquela sociedade o qual os dominadores eram estupradores, assassinos, ladrões e outros tipos de corruptos viciados em seus próprios desejos instintivos de cobiça, ódio e luxúria separavam em guetos os páreas chamados de "perdedores" formado em sua maioria por ativistas contra a impunidade, defesa dos animais, violência e pelos direitos humanos. Os dominadores poderiam entrar a qualquer hora dentro dos guetos e fazerem o que quiser, de estupros, roubos a assassinatos.
    Disfarçados, os quatro astronautas estupefatos com a condição moralmente estropiada dos oprimidos os fizeram sentir uma profunda ojeriza ante situação execrável onde até mesmo eles eram obrigados a sorrir e dizerem que gostavam daquela vida, pois quem se quer reclamasse estava arriscando-se a morrer torturado. Não havia liberdade de expressão, a exclusão era a lei, todos viviam num anonimato o qual não tinham voz ou rosto, eram apenas números numa equação parasita onde os resultados positivos eram apenas dos dominantes nos grandes mainframes da corporação mundial, mantidos sob constante agressão para que os dominadores vivessem no luxo em sucedidas orgias entremeadas pela caçada em safaris de humanos do gueto.
    Todos os meses acontecia o "dia da expiação" onde alguns destes eram selecionados e em praça pública os criminosos dominantes culpavam eles pelos crimes que eles mesmos fizeram, aquilo era parte do culto que segundo alguns séculos antes era oculto encoberto da sociedade por um véu de hipocrisia e impunidade.
    John Campbell ouviu então um diálogo entre alguns dos dominadores que eram mimados com todos prazeres inimagináveis e cobertos com toda impunidade do mundo.
    - O que fez? – Indagou o carrasco que segurava um homem que antes acima do peso agora estava esquálido.
    - Estuprei duas mulheres do gueto. - Respondeu opressor sorrindo como se tivesse sido muito prazeroso.
    - Tá bom, tá bom, então seu párea, Gresno, é tarado ainda que seja virgem. Culpe ele de tarado.
    Aquela maldade sem fim tinha mais paralelo com a mais profunda loucura onde egos cauterizavam qualquer empatia consciente que houvesse com a aflição e medo alheio. Assim eles depararam-se o párea em questão, Gresno Machado era outrora autor e ativista virtual, em termos de originalidade e qualidade escrevia como poucos, queria constituir família, apenas ser reconhecido e se pagar pelo seus livros, mas ao invés disto fora saqueado e humilhado no gueto, era um dos "perdedores" da Grande Revolução instaurada décadas atrás numa tentativa de por fim a tudo que não fosse imparcial, transparente e impune. Não conseguiram e assim minguaram uma malograda derrota amarga o qual os algozes perpetradores de todos os males ocultos se levantaram com grande ódio a estes ativistas. A vitória deles acabou com o mundo como era conhecido. Gresno sob os gritos de quem vociferava 'perdedor' enquanto levava tomates, xingamentos em praça pública com o ódio destilado profundamente daquele povo o qual o Ethos era medieval, falam que ele não era nada, não tinha talento nenhum e sendo escarnecido e humilhado foi levado a ser morto covardemente sob aplausos de uma multidão animalesca.
    Hellen Daniels desmaiou com o choque daquela cena o qual por palavras não seria adequado traduzir e muito menos mostrar.
    Uma mensagem no telão ao fim da morte do párea mostrou: 'Nossa vitória depende de seu massacre! Progresso exige sacrifício!'
    Discretamente carregada os demais membros da tripulação mal conseguiam segurar as lágrimas ao ver a humanidade destituída tão profundamente de sua identidade e do que era melhor, os mais formidáveis sonhos deram lugar aos mais insidiosos pesadelos o qual somente a mais doentia imaginação poderia ser capaz de prever com precisão sem que soubesse de seus precursores outrora ocultos.
    A capital dourada dos opressores era duma beleza luminosa, rigorosamente limpa não havia quaisquer sinais de crime, vandalismo ou pichações tudo acontecia eram nos guetos cujas portas estavam perpetuamente fechadas para a liberdade e o direito de suas vítimas.
    Aquele pesadelo sem fim destituiu todo sentido da vida dos tripulantes que agora deprimidos pensavam mesmo eles que o melhor seria morrer. Porém, revoltado, John Campbell teve a brilhante ideia de um último ato contra aquele mundo iniquo, aproveita a poderosa tecnologia de propulsão de sua nave para provocar uma fissão nuclear sobre a capital dos dominadores. Um dos membros da tripulação deveria realizar a tarefa suicida de jogar a nave sobre a capital e acionar a explosão daquele mundo diabólico.
    Hellen Daniels tapou os ouvidos ao passar ante mais um deprimente anúncio das grandes telas espalhadas na cidade, esta na capital com propagandas próprias aos dominantes opressores em que dizia: "Adquira seu párea, para humilhar, torturar e matar! Somos os maiores acabamos com os perdedores!”
    A nave encoberta pela vegetação para que não fosse descoberta pelos sequazes do despotismo vigente rapidamente teve as adaptações requeridas para efetuar seu derradeiro voo de forma a provocar o maior dano possível ao ninho daquelas víboras o qual eram incansáveis em fazer todo tipo de opressão e injustiça.
    Sentindo-se isolados como seus oprimidos a tripulação já não tinha mais grandes esperanças de constituir uma vida plena naquele mundo onde se quer seus dados de missão foram compartilhados numa sociedade onde a pseudociência e a antiética era normativo e justificativas para suas maiores atrocidades.
    Hellen Daniels se candidatou a pilotar a nave ante os insociáveis e dialogáveis opressores, toda aquela amargura que outrora era velada como um segredo dos avarentos e gananciosos bancários e suas seitas sofreria um golpe fulminante pelo que resto que presta da humanidade.
    Com os olhos mareados pela nostalgia de um tempo o qual alguns ainda conseguiam viver uma democracia, ter reconhecimento e colher seus frutos, Hellen despediu-se de seus amigos de ciência fintou o horizonte de modo saudoso com a Terra passadinha e adentrou a nave a decolando silenciosamente. Aquilo era pelo que de melhor a humanidade um dia tivera, por todos aqueles que foram impedidos de viverem suas vidas na segregação do abismo a eles velado, e que nunca puderam ver a luz do reconhecimento diminuindo todo significado de vida a números estatísticos.
    Os astronautas contemplaram a nave desvelar o horizonte até que um clarão engoliu a capital vaporizando o diabólico séquito de déspotas ainda que soubesse que como baratas os demais lutariam para impor seu estilo de vida parasita as suas vítimas. Como um enorme bólido o qual tornou-se um cogumelo as construções imponentes da capital deram lugar a ruínas e uma nuvem espessa a sobrepôs arrastando as vidas sem propósito daqueles monstros ao abismo que eles criaram.
    Tão logo houveram tumultos nos guetos de modo a dar lugar a uma resistência que se tornou revolta e a revolta revolução para combater aqueles insociáveis que por décadas subjugavam eles numa condição de humilhação ultrajante, o submundo voltaria ao esgoto de onde veio e como baratas apenas viveriam de segredos como convite a inocentes curiosos sob promessas de terem os segredos da vida revelados quando apenas se tornavam seres gradualmente sem alma e consciência. Aquela loucura teve fim e nenhuma palavra mais fora usada sem o verdadeiro sentido original que lhe apraz, a doença fora erradicada, e os colegas de missão que restaram passaram narras suas desventuras no universo onde tiveram a oportunidade de ver um passado daquele planeta que por milhares de anos sofrera guerras e violências. Todo mal que a humanidade sofreu não poderia ter sido inutilmente, aquela história fora contada para que nunca mais se repetisse.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Comentários do Autor

Acho irritante ter que escrever nos apêndices de meus livros explicações detalhadas do que escrevo para que deficientes intelectuais e morais que se quer compram meus livros possam entender. Confesso que tenho certo desprezo por alguns que oportunamente só entendem o que desejam entender e sem comprar meus livros se acham no direito de opinar quando não pedi sua opinião.

Somente um intelecto superior compreende a verdade inerente das coisas sem o embotamento embaçado dos próprios desejos e emoções que como lentes tortas a razão são incapazes de ver a verdade como é, mas interpreta no alheio apenas o próprio desejo quando apenas o sucesso intelectual da razão plena pode conhecer a verdade pela imparcialidade; Porém, não espero esses méritos em mentes que atinam apenas a demagogia, sofisma e falácias para se autoafirmarem como quem não saiu da adolescência.

Naturalmente que aceito críticas, sendo embasadas coerentemente, não ofensas proferidas como bofetadas dada por odiadores que no máximo perpetuam o que sentem nos impregnam do seu próprio ódio.

Para os que não se atém a nenhuma prova, fato ou evidência qualquer coisa pode ser verdade, menos a verdade. Algo que aprendi de muito importante na faculdade fora a importância do método científico, do pensamento crítico, da ética e as ferramentas do pensamento (silogismo, navalha de Ockan...), mas alguns são a mais profunda negação disto tudo. O conhecimento humano derivado de tais mecanismos, a ciência, nos serve através da tecnologia parra melhorar a vida, facilitar, trazer conforto e segurança, mas a falsa ciência desses charlatões segue o caminho oposto.

Ser cristão não é negar a ciência humana, o nome disso é ignorância, ser cristão significa praticar a doutrina e moral bíblica. Mas a mediocridade e o fanatismo estreita o pensamento quando não se deve abrir a mente apenas para o que é imoral e antiético. Quando algo é verdade a bíblia testifica: 'nada se pode contra a verdade, mas pela verdade.'

Ao contrário de odiadores e detratores faço questão de detalhar as inspirações e pesquisas para meus livros expondo a falácia daqueles que me acusam de absurdos inverossímeis repetidamente a exaustão quando os próprios na incapacidade de fazer melhor desejam apenas o mais fácil e antiético de tudo, copiar.

Já que as alegações e acusações de como quem age como diabo não parte de mim, naturalmente que pedimos para que estes provem o que digam, pois de minha parte provo todos os dias o que faço, como sendo eu o autor. Não necessito de mentiras para justificar crimes, pois não os cometo ao contrário dos que acham que calúnias provam que estou errado, quando a mesma apenas depõe contra quem as profere.

Sou obrigado a repetir àqueles o qual nunca aprendem, meu trabalho é registrado na Biblioteca Nacional de acordo com a lei 9.610 dos direitos autorais, ao contrário de quem plagia tô dentro da lei.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Conto 'Era Uma Vez Na Pós-História'


Abaixo disponibilizo o conto original da antologia 'Cronomancer' de autoria de Gerson Machado de Avillez. O conto segue o mesmo universo do conto 'Terras do Amanhecer Eterno', conto de 'Cronomicon'.



Ao fintar o horizonte a visão espúria de toda desolação se estendia até a curva do mundo num deserto de ruínas que outrora chamou-se cidades. O calor lancinante lhe vinha numa lufada de vento que o deixava consternado, talvez isso justificasse o motivo pelo qual os poucos remanescentes humanos se digladiavam mortalmente pelos últimos recursos naturais. A moral tornou-se inócua e o que sobrou da humanidade ombreava com os mais violentos animais. Porém, o ser humano sempre fora o mais fraco dos predadores de modo que com a capitulação da civilização e seus estandartes legais tudo parecia confluir a um inferno literal onde todos se saqueavam numa orgia de sangue. O que restou da civilização partiu em espaçonaves, restando a Don Roger seguir aqueles rumores que se espalhavam como um burburinho entre os subterrâneos que resistiam ao hecatombe, afinal o holoceno era um sonho passado.

    Roger tentava manter fora da míngua o estado civilizado apurando cada caso que lhe via, buscava ser diligente e pacificador, mas os conluios eram comuns ao mais homogêneo grupo e aquele rumor não lhe era diferente. Dele se dizia nos limites do horizonte um ser humanoide bestializado pelo clima hostil, um ser intermitente entre os extremófilos e os primatas, mas dotado de habilidades mentais que ofuscavam a da mente humana.

    Antes de Roger ser aquele homem de vestes estropiadas o qual no exterior mal podia-se ver seu rosto coberto por longas barbas, uma pele maltratada e largos óculos para proteção solar e das intensas lufadas de vento, era um homem da ciência interessado nas vantagens práticas do conhecimento científico que proporcionou em última instância uma evolução até aquele asteroide provar todo esse conhecimento ser efêmero. Mas Roger era teimoso e acreditava que sua ciência era parte do que fazia humana a humanidade e assim seguiu os rumores ante aquele séquito de acossados.

    Caminhou pelas longas ruas recobertas de areia entre arranha céus arruinados, muitos dos quais caídos uns sobre os outros. Mantinha um cantil da água tão escasseada, suas provisões eram limitadas o forçando a improvisar as caças mais escassas ainda. Passou assim caminhando por longas horas até chegar ao limite do horizonte, uns montes que dividiam espaço com casas. Pensou em procurar, mas mesmo que o Sol não se punha naquele lugar, seu corpo pedia as sagradas horas de sono outrora noturnas.

    Roger sonhava com gracejos de sua mulher e filha morta nos subterrâneos, era o que de mais belo que lhe restou, mas então algo ininteligível parecia penetrar seus sonhos com burburinhos onipresentes, um ser esquálido e desprovido de pelos, cabeça grande e boca pequena. Ele parecia murmurar palavras que ao contrário de seu parecer lhe traziam paz. Roger acordou de sobressalto com o irradiar do sol pela fresta da janela, ouviu ruídos intermitentes entre o que sobrara daquela casa de pé. Apinhou seu rifle e sob a mira meneou a cabeça fintando de onde havia vindo o ruído. Talvez fossem os saqueadores e estupradores que não poupavam nem homens, seres cujo o único resquício humano era a aparência.

    Mas para sua surpresa ele viu uma garotinha em sua forma mais pueril, temendo ser uma cilada que a tinha como isca, Roger não hesitou e vociferou para ela:

    - O que você quer?! Quem está com você?!

    - Apenas tenho fome! Não me mate, por favor. Mataram meus pais, estou sozinha.

    Roger temia se sensibilizar e ser fisgado por um embuste, ainda empunhando o rifle olhou para os lados, aproximou-se de costas da janela e olhou pela fresta, pareciam sós. De fato.

    A menina que estava num estado execrável, largou a lata que havia se apossado da bagagem de Roger de modo comedido, recuou com os olhos brilhantes, ela lembrava sua filha morta.

    - Pode ficar. - Disse Roger demonstrando ter cedido. - Qual seu nome?

    - Caroline. Os subterrâneos estão impregnados de radiação, meu pai disse antes de morrer. - Respondeu ela ainda acossada.

    - Não sei se as chances de sobrevivência na superfície são maiores e melhores. – Repercutiu Roger.

    - O que está fazendo aqui? – Indagou a menina vendo ele abaixar o rifle.

    - Talvez apenas perseguindo fantasmas.

    - Parece legal, posso ir contigo?

    Roger se sensibilizou sinceramente com a tocante inocência de Caroline, mas aquele mundo tragava a inocência e todo gracejo que pudesse ter em dois tempos. Na verdade, não sabia se era melhor ela ficar ou segui-lo. Não queria pensar na possibilidade de vê-la ser morta pelos saqueadores ou pelos wormstones, seres que devoravam, se possível, rochas. Roger não queria se afeiçoar, não queria criar laços para depois sofrer mais.

    - Posso ser muito prestativa! – Disse Caroline ao vê-lo arrumando sua bagagem. Ela abriu a lata com uma faca e comeu seu conteúdo com as mãos. – Sei empunhar armas, meu pai me ensinou. O senhor dormir sozinho aqui não é bom, temos que revezar a vigilância.

    - Sou um lobo solitário. – Repercutiu Roger sem olhar para ela.

    - Você também sonha com ele não? – Indagou a menina fazendo Roger parar tudo e olhar para ela.

    - Sonhar com o que? – Fez-se de desentendido.

    - Com aquele deus, ele não mata com as mãos, mas com a mente. Ele entra dentro de nossas cabeças.

    - O que você sabe sobre ele? – Indagou ocultando sua perplexidade.

    - Não muito, mas o pessoal do meu grupo que caçava na superfície sempre dizia isso ao entrar nesse território. Onde a mente dele alcança. Posso lhe mostrar onde minha gente os viu pela última vez. – Completou ela com um sorriso amarelo. – Ele não é mau, apenas se defende.

    - Se quer me acompanhar não gosto de tagarelas. – Resmungou Roger.

    Caroline o seguiu pegando uma mochila velha que era quase de seu tamanho. A menina era franzina e parecia que ia cair com o peso, Roger relutante parou no meio da caminhada ao vê-la transpirar ofegante.

    - Por Deus, o que você carrega aí? – Vociferou ele.

    - Os livros do papai e algumas fotos. – Respondeu ela enxugando a testa. – Posso carregar.

    A bondade latente dentro de Roger fez ele sentir-se incomodado com aquilo, imaginava em seu íntimo sua filha no lugar dela. Roger então parou novamente e pegou a mochila dela e colocou dentro de um carrinho.

    - O senhor é inteligente. O que você era antes do apocalipse? Falavam que o mundo era maravilhoso.

    - Cale a boca, já lhe disse, não gosto de tagarelas. – Respondeu de modo sucinto.

    Caroline fez cara de aborrecida, mas obedeceu, sabia que sua sobrevivência dependia daquele homem desconhecido, um estranho. De algum modo ela sentiu bondade nele mesmo que em sua superfície rústica aparentasse um homem duro, taciturno. Mas ela sabia que aquele ser que procuravam desvelava o íntimo do homem, e suas intensões além palavras.

    Passaram-se então duas horas pelas ruas da cidade arruinada sob o intenso sol interrupto quando viram uma coluna de fumaça enegrecida que se erguia uma quadra a frente. Roger pegou seus binóculos e pediu para que ela parasse de mover o carrinho, pois o ruído que irrompia o silêncio apenas ritmado pelo vento poderia chamar atenção. Ao longe visualizou corpos caídos e pertences espalhados. Sem querer ser displicente e novamente temendo uma cilada empunhou novamente seu rifle enquanto Caroline parecia fintar a cena de modo mesmerizada.

    - Ele esteve aqui. Sinto isso. – Disse ela sem tirar seus olhos.

    Roger não respondeu, fintou com acuidade o alto dos prédios a procura de atiradores quando ouviu um burburinho intermitente como se murmúrios viessem ao mesmo tempo de múltiplas direções. Exasperado, Roger, sentiu um frio na espinha mesmo que não visse uma alma viva a não ser eles. Mas a menina apenas riu e disse.

    - Não se preocupa tio, está dentro de nossa cabeça os sons, ele sabe que não somos maus.

    - Como você pode saber de algo que não conhece?

    - Ele não precisa conversar pra nós conhecer, ele vê nossos sentimentos e memórias. Ele me conta histórias do futuro e do paralelo todos os dias depois que subi.

    - Me explique então aqueles mortos a frente. – Disse ele com o rifle em mãos aproximando-se dos corpos.

    Havia um grupo de cinco saqueadores todos dispostos ao chão, mortos. Seus olhos esbugalhados estavam vermelhos, sangue havia saído abundantes de suas narinas e boca. Havia moscas os rondando e a cabeça de um deles estava estourada. Roger examinou lentamente aquilo e percebeu não ter sido nenhum tiro ou ataque físico. Olhou ao redor e percebendo não ter risco colocou seu rifle nas costas e pegou as armas e mantimentos deles.

    - Eram homens maus, comem gente, estupram e saqueiam. – Disse ela. – Dois dias atrás um destes tentou me matar, mas ele me impediu matando a mente dele. Por que eles fazem tanta maldade?

    - Quando se é permeado pelas ambiguidades e ausência de delimitações e limites não se discerne nada com nada, tudo se confunde. Era pessoas confusas tentando sobreviver do modo como sabiam, como cães danados. Vamos embora desse lugar, podem haver mais por perto. – Disse ele enfaticamente e continuou. - Me diga qual o nome desse ser? Ele fez isso?

    - Sim. Para se defender, estão querendo mata-lo por ser diferente. – Respondeu ela voltando para o carrinho. – Chamam ele de homo omnis. Por qual motivo o senhor quer matar ele? Ele não é mau.

    - As pessoas temem o que seja diferente. – Respondeu ele guardando o rifle. – Na verdade temem ser superadas por algo que lhe possa ser melhor.

    Talvez aquele fosse o caso, talvez a espécie humana estivesse se extinguindo dando lugar a uma nova espécie, assim como há milhares de anos os homo sapiens tomaram o lugar dos neandertais. Mas Roger em seu âmago perguntava-se se aquilo teria sido a engenharia genética que a criou? Talvez nos resquícios da ciência humana naquele mundo alguém houvesse de criar um ser aprimorado capaz de sobreviver as novas condições hostis do habitat. Afinal como pode ter evoluído tão rápido? Fosse o que fosse, Roger estava ante o primeiro de uma possível nova espécie o qual as capacidades mentais ultrapassavam tudo imaginado. Mas uns dizem ser algo mais antigo que teria vindo a superfície quando o mundo fora abalado em seus alicerces. Resignado a aceitar ele mesmo por estar permeado pelo medo questionava-se e não queria aceitar que houve algo melhor preparado naquele mundo do que ele.

    Roger para a caminhada repentinamente para beber água quando de seu nariz saí sangue. Retesou então seu nariz o limpando, tirou sua mochila e rifle das costas e de dentro da bagagem tirou um leitor médico, algo similar a um palm top o qual a tela mostrava leituras sanguíneas, de pressão e batimentos. Roger monitorou a si mesmo, e para sua tristeza constatou que as leituras de contaminação por radiação eram altas, teria ele poucos dias de vida. Ao mudar a tela entrou uma imagem de sua mulher e filha mortas, ele fintou a imagem inebriado de tristeza.

    - O que houve? – Indagou Caroline.

    - Nada, pode ter sido o calor. – Resmungou ele omitindo a verdade.

    Naquele momento, Roger ouviu um ruído por de trás dele. Tornando-se para trás ele perfilou a sua volta e sem ver o que acontecia ouviu uma voz.

    - Coloque seu rifle no chão! – Vociferou aquilo ecoando pelo lugar deserto.

    Hesitante, Roger relutou em faze-lo temendo ser parte do grupo de saqueadores, mas ele tirou o rifle das costas e lentamente ia colocando no chão quando disse.

    - Não fomos nós quem matamos os homens quilômetros atrás. – Disse Roger de modo sucinto. – Na verdade eu procuro quem o fez.

    - Não estava com eles, mas procuro o mesmo o qual é ecoado pelos mitos que lhe precede. Apenas senti o alarido dele em minha mente.

    Um homem apareceu por de trás de um carro virado abaixando a arma. Tinha o físico esquálido e vestes estropiadas, com o rosto sujo provocava ojeriza em qualquer humano civilizado, quanto mais ao sorrir para eles desvelando seus dentes podres na boca. Um sorriso insidioso como a dos estupradores.

    - Ele matou meu irmão, mas não sem antes faze-lo enlouquecer. – Disse o homem aproximando-se deles. – Percebo que temos um caminho em comum.

    Caroline ao perceber aquilo imaginou que seu irmão no mínimo não deveria ser alguém bom, pois aquele ser ao entrar nas mentes costumava provocar nelas o que eles mesmos provocaram em suas vítimas, compartilhando o sofrimento, aflição e medo delas diretamente em suas mentes, nas mentes dos perpetradores da aflição.

    - Não tanto quanto aparenta. – Respondeu Roger sendo pouco simpático. – Por mim basta não atrapalharmos um ao outro.

    - Meu nome é James Mota. Você achou alguma pista?

    - Seja o que for essa coisa não deixa rastros ou pistas em seus mortos. Aparentemente não usa qualquer arma para se defender.

    - A arma dele é a mente. Seus olhos faiscantes brilham no escuro e penetra a mente mais reservada, e então passa a conhecer seus medos mais íntimos e usa-los contra você. É um demônio e devemos manda-lo de volta ao inferno.

    - Ele não é mal! – Disse Caroline. – Na verdade apenas conhece que apesar da humanidade ter algo bom é capaz das maiores atrocidades. - Ele sente as dores que você já sentiu, ele contempla esse mundo de sofrimento e aflições e não aguenta mais ver tanta dor.

    Caroline estava certa, a mente o qual compelia os mais belos sonhos era a mesma que perpetrava os mais funestos pesadelos. A mente humana capaz de engenhos e da criatividade era a mesma que elaborava a perseguição, destruição e morte de semelhantes por meras diferenças, ou por simples cobiça, inveja e ódio.

    Ao voltarem a caminhar o homem mesmo lhe sendo negado estar junto os seguia há alguns metros a distância empunhando uma Ak-47 e um turbante de trapos. Sua barba cheia de falhas contrastava coma delicadeza de Caroline que mesmo a despeito de estar suja, seus cachos castanhos claro destoavam do ambiente hostil a sua volta, afinal ela tinha apenas 10 anos.

    Eram 19:46, mas o sol eternamente intenso não oferecia trégua mesmo eles ainda estando numa zona de crepúsculo, onde o sol com o estancar da rotação terrestre fintava as cidades entremeado de um por de sol perpetuo. Mas seus corpos pediam descanso. A exaustão intensa parecia remeter a uma pressão atmosférica incomum e uma confluência de fatores climáticos extenuantes ao mais hábil atleta.

    Caroline sentou-se e abriu mais uma lata, esta de feijões, comeu vorazmente faminta enquanto Roger observava o horizonte fazendo leituras com o que restara de tecnologia humana. Se aquilo fosse verdade, aquele ser mesmo destituído de tecnologia era capaz de feitos notáveis ultrapassando o que então era seu conhecimento científico.

    Mota parou ao longe, mas fintava incessantemente Caroline enquanto dava seu sorriso podre. Roger percebeu, mas resolveu ignorar, na verdade por seu ímpeto de buscar fugir de conflitos sem necessidade. Assim ao se recostar sobre sua própria mochila adormeceu após beber água e comer um de seus enlatados.
    Tão logo ele sonhou e contemplou o mesmo lugar que estava no perpetuo amanhecer, mas ao virar-se para trás viu Mota aproximando-se de Caroline e dando-lhe uma boneca velha. Quando Caroline aceita ele abre aquele mesmo sorriso insidioso e coloca o dedo na boca pedindo para ela calar-se. Pega ela pelo braço e sentindo que ele queria algo mais, Caroline olha para Roger absorto num sonho que deixava seus sentidos letárgicos. Mas de sobressalto ouve um alarido e ao virar-se vê o rosto do homo omnis que vocifera a ele: acorde!

    Sentindo uma lufada de vento quente em seu rosto, Roger desperta alarmado olhando a volta percebendo que o homo omnis não estava lá, mas ao virar-se percebe Mota aproximando-se de Caroline lhe oferecendo exatamente a mesma boneca velha do sonho.

    O homem a perfilava com seu sorriso de moral inócua revelando suas nódoas dentárias quando a pegou pelo braço tirando com a outra mão um punhal quando se virou e viu que Roger o fintava.

    Roger levantou-se pegando seu rifle e vento que seria morto pegou a menina pela garganta e colocou seu punhal ameaçando corta-la.

    - Vamos lá, todos sabemos que a raça humana está fadada a desaparecer, gradualmente tem restado apenas os mais jovens pois a expectativa de vida caiu. Só quero me divertir um pouco!

    - Solte ela, ela está comigo. – Disse ele num só arquejo.

    - Ela não é sua filha! Um pai não andaria com sua filha por estes territórios!

    - Não interessa. – Vociferou Roger quando uma sucessão de alaridos e murmúrios se ouviam em suas mentes.

    Roger olhou para os lados, mas não viu nada, mas quando tornou a fintar Mota e Caroline viu que o homem havia soltado a menina e colocado as mãos na cabeça. O homem fez uma careta que se contorcia enquanto gemia. E sangue saiu de seus ouvidos e olhos.

    - O demônio está na minha cabeça! – Gritou o cara dando para trás cambaleante quando Roger lhe desferiu um tiro que esfacelou sua cabeça.

    - Não está mais. – Murmurou Roger enquanto a menina agora chorava copiosamente.

    A menina correu para ele o abraçando. Por um instante a imagem de sua tenra filha em memórias pareciam se mesclar com a da jovem Caroline. Roger tentou resistir duro e insensível, mas por dentro desabava. Abaixou a arma quando a menina lhe soltou fintando sentido oposto ao dele.

    Roger ao virar-se duvidou do que seus olhos viam, se eram projeções enganosas de uma miragem mental ou algo falseável. O homo Omnis estava diante dele parado, os perfilando fixa e silenciosamente.

    Roger sentiu medo por estar vulnerável ante um poder intangível o qual era sentia-se exposto em seus pensamentos. Apinhou o rifle o virando em sua direção, mas Caroline com sua mão olhou para Roger e abaixou o cano da arma lentamente. O ser por algum motivo não atormentou sua mente, antes ao adentra-la sentiu seu medo, sua solidão, suas dores. De modo exímio sentiu o que ele sentiu e sabia que poucos dias de vida teria.

    Roger então ouviu em sua mente que aquele ser cuja comunicação transcendia as palavras e línguas sentia pena da espécie humana assim como dele. O semblante do ser que irradiava tranquilidade lhe transmitiu conforto e então ele ergueu sua mão como num cumprimento e naquele momento, Roger percebeu que o ser sentia muito por ele ter perdido sua família assim como perderia sua vida em poucos dias.

    O ser então deu-lhe as costas e lentamente caminhou para dentro das ruínas até desaparecer, desolado com o encontro onde ele de algum modo passou a conhecer-se melhor do que conhecia, caiu de joelhos chorando copiosamente quando a menina lhe abraçou.

    - O que você vai dizer para sua gente? – Indagou Caroline.

    - Que não o encontrei. Que apenas é um mito criado por nós mesmos. Uma projeção de nosso medo de um futuro sombrio.

    Roger levantou-se e colocou seu rifle de volta nas costas, fintou o horizonte de onde veio ante o sol escaldante e segurou a mão da menina para caminhar de volta, ele a deixaria ser criada pelos poucos que restavam em seu grupo numa caverna criada pelas rochas dilaceradas pelos wormsotnes. Aquele não era mais o lugar dele, mas de algo melhor, algo que era o futuro.

    Roger caminhou deserto adentro contemplando sua própria sombra estendida sobre a areia. Viu Caroline empurrar o carrinho numa tentativa de preservar as memórias de seus pais. Mas naquele ser já havia contido todos sentimentos humanos ao serem visitados no lugar mais íntimo possível, as nossas mentes.