Não se prega felicidade quando se quer sabe o que ela
significa, de sobremodo considero isso mais uma questão filosófica do que
psicológica, pois por antagonismo deduzo que se a depressão é a desilusão da
vida destituída de sentido, a felicidade seria seu contrário. Ou seja, a
felicidade tem relação íntima com o significado da vida, numa questão
estritamente existencialista.
Um signo comum da infelicidade é a imagem da aflição eterna
do inferno, algo que reflete a infeliz condição de uma pós vida hostil e da
maldade sofrida ainda que neste caso a personificação do inferno seja
contextualizada por uma moral punitiva, o que não ocorre na vida de muitos
justamente por falta de porquê. Profissionais que lidam com sofrimentos e
violências são os mais suscetíveis a depressão e problemas psicológicos
decorrente disto, pois, a incompreensão de determinados males ausentes de porquê
provoca por empatia as suas vítimas uma desilusão com a vida e assim ausência
de felicidade ao contrário da bondade que inspira confiança e fé.
Conhecer o propósito e porquê de tudo é a maior felicidade
ante os ausentes de causa.
O grande fracasso ideológico do utilitarismo de Jeremy
Betham se dá por isso, não se trata de um objetivo ou vontade, mas a
manifestação do conjunto de sentimentos harmoniosos ante um propósito, a
felicidade não pode ser um fim, mas uma consequência. Assim é a manifestação da
plenitude emocional e da realização e materialização de sonhos de significados
de modo que a verdadeira felicidade assim apresenta uma moral que mais
relaciona a bondade consumada do que da comparação observativa de contrastes,
"sermos felizes em relação a fulano ou ciclano", mas uma felicidade autossustentada.
Medos, incertezas e inseguranças de condições sociais
inadequadas que remetem a sobrevivência e privações impedem essa plenitude
emocional ao exacerbar sentimentos opostos ao da felicidade pela ausência de
significados assim como sua artificialidade. Sobretudo a felicidade é propícia pela
sociabilidade, pois não se é feliz sozinho, mas em conjunto.
O consumismo e inversões que destituem o significado
original das coisas é um exemplo que infere na felicidade da população assim
como a violência. O dinheiro que originalmente seria um meio como moeda de
troca, torna-se um fim o que desacerba ao materialismo enquanto a felicidade é
uma condição de espírito, de “viver a vida”, não viver em função de algo
material.
Por outro lado, religiosos a exemplo de cristãos tendem a
serem felizes pois a religião dentro de certos ditames norteia moralmente a
vida dos seus conferindo significado e propósito para suas vidas assim como
aqueles o qual pouco questionam ou tentam racionalizar o mundo. Questionadores
natos como filósofos seguem o caminho oposto por perceberem os problemas do
mundo e buscarem racionalizar essas questões de modo a proporcionar
significados que nem sempre há. O mal é uma dessas questões existencialistas da
filosofia que são de difícil resposta, que não são mensuradas, por exemplo,
pela ignorância e pouca inteligência que sendo acrítica não aborda tais
questões, ou as aborda de maneira superficial.
A felicidade valor torna-se uma questão moral pois creio que tudo que representa a significância dos propósitos não se abstém de uma moral.
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