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terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Da Beleza Sobre a Feiura

Do surgimento da filosofia mais que a compreensão do universo buscava-se a busca da beleza de sua verdade. Ao contrários das sombras que permeavam a caverna de Platão, não se contenta com o parcial do mesmo, mas a correspondência total. De certo isso aplicado a filosofia moral como preceito estético ao abrange os comportamentos denota a busca de mesma beleza que aspire a padrões harmônicos ou simetrias complementares.

A ética é a estética de dentro, das ações, de modo que mesmo a moral sob a forma da lógica, ou a lógica sob a forma da moral, expressam beleza quando verdadeiras. Sendo assim a coerência demonstra uma elegância, um senso de belo além aparências, mas à lá inerência. Pois nem tudo que é belo é verdadeiro ou bom, mas tudo que é verdadeiro e bom é belo. Assim o erro de atitudes ou de lógica se tornam feios ainda que sob a camada lustrosa de retóricas e sofismas, que por isso lança mão do mesmo como maquiagem ao não corresponder a verdade.

Desse modo a beleza não é somente amiga das artes visuais ou musicais, mas também há de se manifestar na ciência, na filosofia, política ou mesmo modelos matemáticos e físicos os quais as resoluções apresentam maior elegância. A beleza que apresenta-se como uma harmonia de modelos comportamentais ou das formas físicas, são onipresentes ainda que se apresente sob variáveis. 

Sempre me atrai pelo belo, não obstante, quando esse corresponde a beleza interior da ética ou dos belos sentimentos que adornam a experimentação de sua beleza (a beleza é tudo, e nada mais belo que o amor e a felicidade que unicamente sabe enxergar o belo), mas como motivo de sê-lo, afinal flores não combinam com sangue, ou botas que as esmaguem. Esse senso de beleza equivale a correspondência estética do mal do qual advém o feio do medo, da dor e sofrimento catedráticos do inferno sob o eufonismo do caos que oculta o niilismo da feiura numa redundância existencial ao ferir o propósito sob a égide atroz do randômico. Ainda que esse senso de beleza esteja presente no mundo real, onde a desigualdade e injustiça predominam, a arte do belo se perfaz sobre este, como a flor que nasce das ruínas no deserto da abiose social. Os bons olhos assim buscam essa beleza não somente no aparente, mas no inerente da alma que representa o âmago de toda estética, da vela acessa na escuridão ao homem que dentre desonestos e corruptos permanece incólume.

Mais bela as comemorações de multidões sob a vitória, do que das possessões coletivas sob a guerra. Ainda que o fotografo saiba extrair de ambos belas fotos, nela consiste um triunfo do padrão estético sob o aleatório do qual que é a guerra, da luta sobre a dor, não do triunfo da dor sob quem luta.

Conto 'As Memórias de Todos Nós' no Maldohorror

Aproveitando o ensejo da produção do novo filme da franquia Matrix gostaria de compartilhar meu conto 'As Memórias de Todos Nós' que trata sobre simulações e realidade virtual. Para acessar o conto para leitura gratuita, clique aqui. O conto fora publicado em 2018 no coletivo 'maldohorror' e numa antologia de mesmo ano. Caso o filme venha ter semelhanças não é spolier meu!


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

A Guerra de Informação

A desinformação é uma antiga conhecida da sociedade. Exemplos históricos não faltam, desde Nero no que seria o primeiro ataque de falsa bandeira ao incendiar Roma e culpar os cristãos a casos outros. De acordo com o dicionário Houaiss, a palavra erro é vem de erroris, do latim, que significa literalmente “desvio, engano e falta”.
Mas a desinformação acontece tanto dos intencionais como os não intencionais como a transmissão de rádio de Orson Wells sobre a Guerra dos Mundos vindo a desencadear pânico na população inglesa. Mas o governo nazista que ascendeu ao poder basicamente por meio de golpes, sabia disso e usaram a desinformação a seu favor a exemplo do Ministro da Propaganda Joseph Goebells que chegou mesmo alegar que 'repetir uma mentira cem vezes ela se torna verdade', daí as campanhas pela esterilização, eutanásia e do problema que eram as minorias para a sociedade, e fez mais ao criar um ataque de falsa bandeira onde poloneses teriam supostamente matado alemães a justificar a invasão da Polônia que desencadeou a Segunda Grande Guerra Mundial, todos acreditarão na mentira de que os poloneses mataram nazistas por nada! 
Ainda hoje isso é um recurso ao contrário do que citam, não somente dos desacreditados pela mídia, mas mesmo governos patrocinam até projetos de cinema como propaganda (enganosa) a seus interesses através da ficção, como séries e filmes sobre a CIA. Eventualmente mesmo jornalistas e até cientistas erram (mesmo eu posso me equivocar ainda que não intencionalmente, mas baseado no conhecimento de causa que minhas experiências fomentam no mínimo levanta sérias dúvidas), quando não acabam por propagar tais enganos. A esquerda acusa a direita de fazer isso através da mídia, e a direita o mesmo sobre a esquerda, a Rede Globo mesmo e exemplo de como é alvo frequente dos dois lados! De fato, pelas redes sociais há exemplos claros de exageros ou mentiras de ambos como a manipulação de fotos que alteram os números de participantes de determina manifestação e protesto. 
O problema do hiperpartidarismo que deturpa e distorce fatos a interesses partidários e ideológicos remente não menos a ideia de etnocentrismo ainda que inerente a um conflito. Comprovadamente noticias falsas foram promovidas em campanhas políticas contra opositores, o que alguns alegam que teria levado mesmo Donald Trump ao poder.
Essa informação assim pode ser deliberadamente usada com fins escusos, para manipular o povo ou mesmo alterar a cultura. Um exemplo pode ser visto no Texas onde em 2016 trolls da Rússia criaram um evento a favor do Islamismo intitulado ‘Mulçumanos Unidos da América’ e em seguida marcaram para o mesmo dia e local outro evento contrário intitulado ‘Parem a Islamização do Texas’ o que acarretou em protestos contrários e quase confusão.
A polarização deliberada através do controle da informação a fins dualistas podem ser uma tática que remete a Roma, de dividir e conquistar ou a fins dialéticos. Porém, se for uma deliberação o que ocorre no Brasil assim como no caso dos Estados Unidos denota um maquiavelismo nocivo como modo de defender apenas interesses próprios, desestabilizar, e desestruturar a sociedade. Forçar a abraçar um dos grupos políticos como validação de identificação ou sentir-se parte de algo e seguro significa abrir mão de alguns detalhes divergentes aos princípios de alguns ao colocar a possibilidade de aceitar junto a esse 'pacote' político-ideológico ideias que normalmente não se aceitaria.
Sobretudo o excesso de informação provoca parece mais desorientar as pessoas do que as tornas atualizadas sobre o que realmente acontece na sociedade, especialmente na internet. Mesmo doenças podem ser desencadeadas como a síndrome da fadiga informativa, descrita pelo psicólogo britânico David Lewis . A sensação de velocidade proporcionar pelas aceleradas mudanças provocadas pelo excesso de informação parece de algum modo enfraquecer as defesas de senso crítico da população, as condicionando pela exaustão.
Assim tanto ao verdadeiro historiador como jornalista tem por fim examinar os fatos independente de suas concepções que possam declinar tendenciosamente sua abordagem seja suprimindo erros de suas convicções políticas ou exaltando erros de opositores ao mesmo. Prezado pela objetividade, transparência e total imparcialidade mediante os fatos, o que nem sempre ocorre pelas razões anteriormente citadas.
O fato é que apelo a autoridade sempre será uma falácia por esse motivo, pois mesmo os mais bem-intencionado cientista ou jornalista pode se equivocar e produzir ou reproduzir algo deturpado, equivocado ou inteiramente falso por razões de subjetividade ou política. Mas assim como governos tratam aqueles que expõe ao escrutínio público seus crimes como marginais, Julian Assange de repente vira estuprador. Parcialidade, tendencioso, obscurantismo, exageros e deturpações, seletividades de fatos todos os recursos para esses estão disponíveis. Muito antes de existir as Fake News existia o Hoax estes associados a poderes invisíveis que visavam iludir e enganar as massas.
Se a ideia teoria da conspiração seria a proposta de fatos alternativos a história, o próprio etnocentrismo alimenta essa ideia a exemplo de casos como Tiradentes visivelmente adulterado a fins específicos. O fato é que nesse mundo há de tudo, de policiais que adulteram cenas do crime, plantam provas, as falsas promessas de políticos para angariar votos, pois a mentira é um negócio rentável e "vence" apenas a alegação que prevalece na mídia e internet tal como os que escrevem a história onde o etnocentrismo é o mais clássico exemplo de fake news reputando os vencidos e inimigos como verdadeiros demônios, cruéis e monstros. O que seria se o nazismo vencesse a Segunda Grande Guerra? Provavelmente a sociedade teria ficado "livre" do peso dos deficientes para a sociedade, os negros exterminados por serem bandidos e os judeus pela inferioridade assim como quaisquer opositores e rivais. Haveriam previsões de tempo para anos à frente e todo um mote de pseudociências "verdadeiras" arraigadas no ocultismo a guiar a sociedade. Mas as vezes para estes subjetividade e objetividade de confundem numa projeção de desejos e vontades como verdade tal como Hitler propunha. Não por menos o diabo é considerado pai da mentira e o enganador.
Ainda que de fato hajam teóricos da conspiração do tipo a usarem chapéu de alumínio na cabeça como o típico lunático, ideias que levanta dúvidas não são conclusivas, mas no mínimo hipóteses dignas de suspeita e melhor averiguação dos fatos, afinal a dúvida não comprova como verdadeira ou não, assim como ausência de provas não prova inexistência a não ser que se prova inexistir a veracidade de certa alegação. Lógico que ideias de reptilianos que mudam de forma habitando entre nós, conluios globais de extraterrestres, terra oca ou plana, não passa de outro lado da moeda dos que não acreditam em nada, os que acreditam em tudo. De toda essa confusão apenas uma coisa é certa, o relativismo e meandros que escapa a objetividade tal como o ambíguo ressoam como não menos suspeitas nas entrelinhas de algo más intenções são ocultadas. Afinal o verdadeiro sucesso de um conluio consiste em desacreditar sua existência totalmente ante o público, apenas as que fracassam são expostas e assim como no mundo há tantos crimes impunes por desconhecermos nesse oceano do incógnito procuro ter a mente aberta para o improvável. Quando surgirá o próximo Panamá Papers?
O sucesso de uma conspiração não é divulgado na revista Caras pelo mesmo motivo que operações clandestinas de órgãos de inteligência ocultam seu êxito, apenas os fracassos são conhecidos, quando mortes ocorrem ou espiões são pegos. A verdadeira guerra assim se trava pelo domínio da informação afim de determinar quem é certo ou errado, pois ainda que possa vazar o filtro que deve ser feito não é o apenas entre o verdadeiro e falso, pois mesmo isso pode ser também uma desinformação.
A censura também usa muitas formas de se camuflar quando não abertamente, sendo não menos uma forma de selecionar a informação que desejam vir a conhecimento público. A censura do cientista Li Wenliang, de 34 anos, que alertou sobre o coronavírus ainda que insuficiente para alegar uma suposta deliberação da liberação do vírus levanta suspeita sobre os próprios aspectos benéficos da censura como modo de ocultar aspectos negativos a fins egoístas dos que estão no poder.
Outro exemplo citado anteriormente é o fato de muitas decisões são tomadas as escuras, longe do conhecimento público, a exemplo dos Bildenberg, ainda que atinja interesses do mesmo tornando evidente que o mostrado não é nem uma fração do que realmente acontece. Temos que temer principalmente o que não é mostrado, mas apenas se insinua insidiosamente pelas entrelinhas, como sombras que se avolumam temerariamente.
Tal como os nazistas ou Stalin fizeram é fato histórico que há pessoas que em segredo tramam contra a humanidade as olhando com olhos de desdém e ódio, que desejam o genocídio veladamente, falam de guerras e perpetração da injustiça e desigualdade para dominar o mundo como os velhos vilões clichês de cinema, mas a novidade é que ainda que esses egoístas tenham tramado por séculos cavando posições seus planos estão atrasados, pois os bons assim agem, pois ainda que sejamos como 'mato' ou 'gado' para estes persistiremos.

Trecho do livro 'O Segredo e a Maldade' de Joaquim Anderson.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Prefácio de 'Contos de Além Realidade'

Todo artista começa como fã, mas os que possuem luz própria não aceitam ficar a sombra de ninguém. Dos bons assim nasce a autenticidade. São os desajustados quem mudam o mundo pois por não se ajustarem ao mundo, ajustam o mundo para suas mentes. Os que seguem sempre a cartilha apenas veste o uniforme da mesmice, os que as rasgam revolucionam. O insight singular apenas nasce do rompimento do normativo e do lugar comum.
Mesmo em meus sonhos oníricos desvelam interesses e vocações que despontam como fomento as minhas criações literárias, sendo elas fictícias ou filosóficas.
Em fevereiro de 2020 tive um sonho intrigante o qual aparentemente conseguia ultrapassar a barreira da incerteza de Heinsenberg como se por uma dualidade de posição e velocidade da partícula fosse o caminho para uma dualidade de realidades ao romper as dimensões do espaço-tempo a uma variável paralela do próprio universo. Nesse outro mundo meu pai não havia morrido e ia na casa dele e observava as diferenças entre mundos como num programa de televisão onde variáveis de uma mesma história eram descritas assim como a observação de um fenômeno de luz no horizonte num dos mundos o qual ao descobrir sua natureza percebia se tratar de uma espécie de nave nazista camuflada. Contava para minha mãe que havia visitado meu pai, mas ela não acreditava em mim.
Minha produção literária mais do que uma filosofia de vida e uma necessidade desabafo ante atrocidades do obscuro se torna como meu fôlego vital não somente como sonho e meta, mas uma forma de combater os males do mundo que me cercam. Se trata de ser um guerreiro da pena ao contrário dos guerrilheiros da impiedade.
Uma ineptocracia nasce de ambições maiores que a aptidão e talento, pois quando se almeja a excelência da qualidade não se buscar ser o maior, mas o melhor. Mas seria muita presunção minha considerar-me o melhor autor da atualidade mesmo pelo motivo de que os critérios e gostos variam e são relativos ou subjetivos ao definir um bom autor. Porém, certamente sou bom o suficiente para não precisar depreciar gratuitamente e plagiar ninguém de modo que aos meus critérios que uso para com obras alheias me satisfaz nos livros que sou autor, mesmo pois tais critérios com obras alheias julgo bastante justos. Tudo o quanto gostaria de ler em livros que nunca li produzo eu mesmo de modo que meu primeiro público alvo sou eu mediante tais critérios que não costuma desagradar os bons leitores.
Determinadas fantasias são máscaras de desejos que visam ordenar e dar sentido a torpeza ilógica da mera discriminação.  Minha ficção é um modo de dar sentido ao niilismo da ilusão conflitante a realidade. Significa achar-se ante a insignificância imposta das niilidades de lógicas egocêntricas. Transcendo assim uma realidade interior. Por vezes de fora da realidade busco viver o que nunca vivi, os prazeres que nunca tive os amores que nunca encarnei, corro do mundo fugindo para dentro de mim mesmo. No entanto, estranhamente não me identifico com dramas cotidianos de vidas comuns de pessoas que possuem amigos, passeiam, se casam e têm filhos, pelo surreal de minha vida, e sim com a ficção científica. Também busco me conhecer melhor explorando minha mente como astronauta de meus próprios pensamentos. Você não pode se achar no exterior, através de opiniões alheias como seu reflexo no espelho, mas apenas olhando para dentro de si mesma. Espelhos podem ser tortos e refletir erroneamente.
Mas vender mentiras como realidade é ilusão ao contrário de vender realidades como mentira que se chama ficção. Mas dessas ilusões moldadas sobre as nuvens da mentira, do abstrato e do engano é que como castelos nas nuvens ficam sitiadas as galinhas dos ovos de ouro, a exemplo de 'O Código da Vinci' como uma fantasia totalmente oposta a realidade. Muitos tentam dizer e pregar coisas feias e injustas em belas palavras suaves afim de não parecer ser preconceituoso ou injusto como é. Por isso melhor a ficção que exponha a verdade do que a fantasia que promove a injustiça a pretexto da ilusão. Talvez por isso os temores tornem autores no geral tão pessimistas no tocante ao futuro que sempre se apresenta sob a forma de alguma distopia, sejam em livros, filmes ou séries.
Há muitos tipos de distopias, mesmo a ineptocracia demonstra-se como uma variável ainda que sob aparência de normalidade. Um conto que demonstra perfeitamente uma Ineptocracia é 'Uma Cidade Qualquer' onde muita referência, informação e reflexão está cifrada. A parte o qual um homem precisa apagar e acender manualmente todas as luzes da cidade de modo individual expressa a criação de atividades inúteis que visam impedir o indivíduo de exercer sua verdadeira vocação.
Mas o pessimismo também pode demonstrar-se como uma fantasia para o conformismo, o pragmatismo dos passivos a realidade. Por isso não tenho mais fé na humanidade, mas sim na verdade e na lei, as únicas coisas que mantém algo ainda.
Assim a verdadeira crítica ficcional assim não tem necessário rigor com detalhes históricos, mas de determinados valores, hábitos, comportamentos e tendências históricas identificáveis como males, problemas e injustiças.
Busco assim que se transforme no que é sendo rei e senhor de sua própria mente, sua verdade de seu ser vem de dentro enfrentando os dragões do engano que se impõe contra sua essência. Mas a mentira nunca se tornará a verdade ou realidade, mas a ilusão. Ainda que o exterior lhe diga o oposto o único refúgio que importa sempre será sua mente. Não deixe que o exterior determine sua essência, pois você sempre será sua mente, não o ambiente que o cerca. A última palavra sempre será da verdade e da razão.
Deixe que sua ficção se torne o espelho de sua verdade interior. O verdadeiro reflexo chora e ri comigo, sempre estará comigo num espelho, o resto é apenas sombra que assombra que não segue, mas persegue, que pode tomar meus contornos mas distorcidademente. A sombra deve estar abaixo dos pés, mas a luz difusa a multiplica maior que eu.

Trecho do prefácio da antologia 'Contos do Além Realidade' de William Fontana.

Os Signos do Ethos

A natureza da realidade é verdadeira ainda que apenas parcialmente conhecida. Todavia, a interpretação subjetiva dessa realidade pela percepção pode ser distorcida, incompleta ou enganosa de modo que a ilusão consiste nessa percepção construída artificialmente do mundo a volta, ou seja, a ilusão é a interpretação não o que é interpretado por compreender que todos pertencem a uma causalidade sendo parte inerente a própria realidade em determinado grau.
São seis tipos de enfoques e metodologias para interpretar a realidade: o mito, o senso comum, a ciência, a filosofia, a religião, a artes. Muitos deles se atribuem relações entre si, mas que o grau de sua sofisticação avançada se centra muito na ciência e na filosofia.
A medida que o conhecimento do mundo se torna mais abrangente ele eleva a consciência a compreensões desmistificadoras. Antigamente habilidades, genialidade e inteligências eram associadas a uma bênção divina ou como a loucura uma inspiração de entidades, hoje superamos essas superstições compreendendo serem inverdades, e por que não dons extra-sensoriais?
A fantasia ao modo das imaginações demonstra-se predominantemente como uma dissociação da realidade na busca da obtenção da concretização de desejos, sendo assim a exemplo da ganância, ódio, inveja se tornam lentes que distorcem a verdade da realidade em detrimento subordinado do prazer egoísta derivado de sua concretização. Assim estabelece um vínculo que ignora a verdade, a lógica e a razão de pensar como um mundo a parte da realidade, mas o qual apenas a afeta negativamente. Todos seres humanos apresentam uma parte imaginação e fantasiosa, mas que deve ser subordinado ao intelecto consciente ao contrário do visto comumente na loucura como descontrole do subconsciente em sobreposição a consciência.
Similarmente muitos dos mitos desencadeiam funções similares a da prevalência dos desejos sobre a razão, sejam estes símbolos do medo, do ódio ou da raiva funcionam como um caminho da obtenção dos desejos demonstrados por signos a vontade destes ao contrário de uma metáfora o qual faz analogia de verdades em acordo com a realidade, ainda que fora desta. Não por menos designados por Jung como arquétipos similarmente ao que acometeu o nazismo, ou podendo mesmo ser visto como a persona de demônios, espíritos imundos e divindades malignas.
Para Carl Jung apesar dos arquétipos serem sistemas dinâmicos autônomos, muitos evoluíram o bastante para serem tratados como sistemas separados da personalidade que são instintos aos impulsos fisiológicos perceptíveis vindo a se manifestar como fantasias e ser revelar como imagens simbólicas sem uma origem conhecida, sendo eles a persona, a anima (lê-se "ânima" em português do Brasil), o animus (lê-se "ânimus" em português do Brasil) e a sombra (Wikipedia).
Observamos que cultura é externa e coletiva podendo oprimir ao apresentar um input ao indivíduo, inato é interno apresentando um elemento de output ainda que mediante feedback na natureza, os arquétipos assim despontam como a mescla de ambos num certo sincronismo involuntário não tão diferente ao comportamento de manada. Em parte determinados mitos quando ministrados em doses corretas podem ser a base para uma moral universal, pois a moralidade verdadeira determina-se como uma forma de existencialismo por nortear devendo aspirar ao consenso de um bem comum. Um exemplo pode ser visto na jornada do herói  que quando não deturpada ao conjecturar uma base dos mitos expressam símbolos universais inerente a valores. Porém, quando esses mitos se associam meramente nos instintos pode ser tornar perigosos e voláteis.
Quanto mais fortes são os instintos, mas vivos são os arquétipos míticos que despontam como se as ações humanas fossem predestinadas a repetir padrões passados. De Carl Jung a Joseph Campbell esses padrões são universais e vivos do indivíduo ao coletivo, do real ao fictício. Ainda que a história tenha se desvinculado dos mitos com o advento da modernidade signos e arquétipos ainda se fazem presentes de forma mais sutil e real de quando a fantasia se cruzava com a realidade. Assim como um retrocesso longínquo da história ela se torna mitos em escala civilizacional, o mesmo ocorre com o indivíduo em sua infância, quando suas memórias esparsas e fragmentadas fomentam a construção de mitos fantásticos do que vê no mundo, algo postulado anteriormente. A verdade é que na "infância da humanidade" o mesmo ocorria quando o conhecimento fragmentado era no geral obscuro, vago e ambíguo, baseado em anseios fomentados pelos instintos primários de sobrevivência assim como seus temores e medos que foram se dissipando com o surgimento da filosofia e ciência.
Os sinais dos Ethos assim são expressos não somente em signos de imagens, mas comportamentais como padrões ainda que personificados por seus mitos arraigados as suas bases. Quanto maior a proximidade de uma cultura com seus mitos mais primitivo se torna seu Ethos pois todo escape a objetividade, sendo ela individual ou coletiva, torna aos instintos sendo eles de massa e do subconsciente.
Jung postulou oficialmente apenas doze arquétipos associados a indivíduos mediante padrões involuntariamente miméticos e(ou) universais: o mago, fora da lei, cara comum, prestativo, inocente, criador, bobo da corte, explorador, herói, governante, amante e sábio. Ainda que ele também tenha postulado o arquétipo de Wotan como manifestação coletiva que impulsionou o nazismo, os arquétipos do Ethos demonstram-se pelo contrário, uma projeção coletiva do Ethos sobre o indivíduo ou indivíduos não sendo sempre uma manifestação voluntária do mesmo. Um exemplo claro disso está nas projeções motivadas pelas diferentes discriminações que alternam os motivos ao longo dos tempos mas apresentam sempre os mesmos padrões. Por vezes parecem remeter a um mimetismo ainda que inconsciente e noutros momentos parecem emergir sem vínculos a precedentes. Mas sendo eles deliberados não, sempre apresentam padrões em comum entre si.
A supressão de arquétipos assim demonstra graus elevados do Ethos pela escassez de problemas sociais e culturais de determinada sociedade mediante uma evolução do mesmo. Assim postulamos o que se acredita ser alguns arquétipos comuns em todos tempos:

— Arquétipo do bode expiatório, um dos mais primitivos signos de origens tribais, sendo onipresente desde religiões pagãs onde o sacrifício visava conceder favores de deuses ou aplacar sua irá até o cristianismo expresso na figura de Jesus como único sacrifício voluntário. Sacrifício mesmo de animais sempre foram comuns remetendo a antiguidade, todavia nota-se como Deus bíblico sempre poupa o homem do sacrifício (mas não do castigo) onde mesmo Jesus figura a divindade.

— Arquétipo do salvador ou heroico é um dos mais celebrados desde os mitos gregos e romanos que emergem ante calamidades ou um oposto que figura o arquétipo de inimigo espontâneo. Há mesclas de arquétipos onde muitas vezes o arquétipo heroico pode se tornar o bode expiatório voluntário a exemplo de Sansão. Arquétipo do herói ainda que o termo herói na Grécia antiga tivesse uma conotação diferente da atual.

— Arquétipo do inimigo, esse faz parte de um conjunto arquétipo polarizado o qual normalmente este exalta o arquétipo do herói. Normalmente apresenta-se voluntariosamente independente das prerrogativas, mas se opondo ao bem-estar comum como representação de um desequilíbrio ou calamidade. Podendo ser um indivíduo ou um grupo destes a exemplo de governos distópico, dos opressores, absolutistas ou totalitários.

— O arquétipo da prostituição que se demonstra como arquétipos da devassidão obstinada que ainda não assumida emerge como cultos sexuais a deuses como Baco ou Dionísio quando o eros deixa de servir a humanidade e a humanidade serve ao Eros. Ao contrário de prazeres periódicos, mas consensuais, se levanta muitas vezes criando vítimas como muitos arquétipos negativos, sejam eles através da banalização do sexo , do estupro, popularização da prostituição ou exploração sexual.

— Arquétipo da traição pode ser visto como uma variável do arquétipo do bode expiatório normalmente associado por interesses de poder como inveja e ganância. Normalmente se consolidam sob a forma de conluios sendo artificiais e voluntários por parte de seus perpetradores ao trair aquele a qual estabelece claro poder de influência sobre um povo ou grupo, seja por poder instaurado ou por liderança espontânea. Um exemplo pode ser visto novamente em Jesus que parece encarnar mais de um desses arquétipos que inclusive serve como uma hipótese alternativa do aparente sincronismo entre casos de personalidades e mitos similares a Jesus, mas anteriores ao mesmo.

— Arquétipo como 'imagens primordiais' do medo não menos pode se manifestar associados a outros arquétipos por motivos variados normalmente a pretextos de dominação desigual. A violência, agressões e submissão impostas são meios comuns do exercício desse arquétipo.

Muitas entidades, demônios e deuses parecem personificar com precisão arquétipos pois eles muitas vezes simbolizam tais características com semelhança instintiva ainda que motivada intencionalmente, um exemplo está no aspecto de arquidemônios associados a determinados pecados como inveja, ganância e afins. Os arquétipos assim parecem remeter a semelhança de possessões o qual não por menos mesmo estados de inspiração, genialidade e loucura eram atribuídos a entidades. Ainda que hoje por uma ciência mais clara melhor de delineia metodicamente as diferenças que incorporem uma legítima doença ou dom e talento do pressuposto alheio.
Uma fonte comum do surgimento de novos arquétipos se demonstra pela predominância de um poder vigente em seu tempo. Roma em seu tempo fora a sociedade predominante e por isso escreveu a história e perpetuou seu legado em geral negativo, dando lugar ao arquétipo de fasces que derivaram o fascismo e mesmo o feudalismo que emergiu com seu declínio. Outro fato presente do etnocentrismo expressa a frequente demonização e marginalização de rivais, estrangeiros e contrários onde os camponeses que não era submetidos aos senhores feudais se chamavam vilões por serem aldeões de vilas logo associados negativamente a pretexto de serem grosseiros e rudes, similarmente a ideia de barbaridade e vandalismo que surgiram das tribos germânicas barbaras e de vândalos. Ainda que a crueldade fosse predominante em tempos primitivos a reputação era determinada pelo predominante como ainda hoje muitas vezes acontece através das elites que escrevem a história através do controle midiático parcial ou indireto. Mas dessa demonização surgiram arquétipos projetados dos adversários predominantes sobre os vencidos dos quais os termos tornaram-se signos de arquétipos negativos, de modo similar que divindades subjugadas pelos semitas se tornaram posteriormente demônios. Curioso notar similarmente os conceitos de santos ou mesmo de orixás que remetem a pessoas reais que ganharam determinado status post-mortem de personalidades do inconsciente ao expressar desejos, vontades.
Porém, ainda assim seria possível se identificar traços que delineiem verdadeiros arquétipos negativos de positivos por aspectos onipresentes que aspirem e universalidade tal como o arquétipo de anjo presente em muitas culturas.
Assim uma fonte muito comum para arquétipos demonstra-se nas diferentes formas de discriminação por divergências e diferenças entre indivíduos e grupos que geram vis polaridades conflitantes onde pela desigualdade um acaba por ser sobreposto e assim projetando arquétipos de marginalidade, páreas ou "perdedores" a esses indesejados ante a predominância de uma maioria. Ao longo dos tempos esses arquétipos sempre possuem padrões comuns ainda que com alegados "motivos" variáveis, sejam eles negros, judeus, mulheres, gays, deficientes com mecanismos que aspirar a universalidade. Disso podem emergir outros arquétipos negativos voluntários ou não de inimigos a justificar mais polarizações.
Como se nota a maioria esmagadora dos arquétipos surgem de uma relação de conflitos e problemas sociais e culturais como emergência do inconsciente coletivo muitas vezes expressos através de crises ainda que cristalizadas como hábitos ou tradições arraigadas no primitivo. Um exemplo pode ser visto no arquétipo do salvador que surge apenas mediante uma clara crise ou cataclismo que em sua ausência não se faria necessário. Assim a busca por tais mitos de arquétipos caracterizados pode ser resultado de problemas ou mesmo provoca-los num retrocesso ao viés primitivo.
Por vezes alguns arquétipos podem também surgir mediante tradições e manifestações culturais a exemplo do carnaval onde literalmente as fantasias pode expressar várias faces do inconsciente coletivo e individual ao mesclar vários tipos de arquétipos. Sendo assim o uso de máscaras e fantasias não ocultam necessariamente a personalidade, mas pode revelar sua verdadeira vontade ainda que a nível subconsciente.

Trecho do livro 'Signo Universais do Ethos' de Gerson Avillez.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

O Abismo entre Palavras e Práticas

Ainda que numa democracia oposições devem coexistir, alianças entre opostos sempre geram prostituições ou traições. Por isso acredito nas ideias de alguns, não nas suas atitudes, pois não acredito no ser humano, mas na verdade. Afinal da atitude da exceção nasce o contrassenso e discriminação ainda que camuflado na ausência de provas que justifique. Um exemplo disso é que se sou nada e ninguém ao reputar-me como parte do todo e dos direitos, também o serei na hora do dever, favor e apoio, isso prova de que estes é quem não são confiáveis ao dizerem o oposto. Ao contrário deles vivo o que prego, pois, minhas palavras não são ferramentas do oportunismo que sempre será seletivo e por isso egoísta, este sim. Apenas a imparcialidade e integridade não conhece o egoísmo, mas o abismo entre teoria e prática apenas se faz pela hipocrisia entre palavras e atitudes.

Desses se faz a distância entre teoria e prática ante as palavras esvaziadas de atitudes correspondentes do qual sou exemplo e prova. Muitos veem, mas poucos enxergam, muitos falam, poucos praticam, pelo motivo de que não aceito ser exceção de mim mesmo, do que prego. Qual negro pregou ser escravizado para lutar contra a escravidão? Quem ajuda se não é capaz de se ajudar? Quem deve mergulhar no mar de lama da areia movediça para salvar os demais? Mesmo Jesus que se deixou crucificar ressuscitou, mas a loucura toma muitas formas e as mais comuns é a da normalidade hipócrita! Por esse motivo minhas palavras nunca servirão para vocês hipócritas que usam dela mesma como exceção ao seu autor, por serem incapazes de vencer minhas palavras as roubam para fazerem delas uma vergonha, isto sim.

Tal livro fora feito para os que acreditam não em mim, mas na verdadeira igualdade, dos que desejam um mundo melhor e mais justo a todos não apenas aos próprios interesses. Não dos que se dizendo detentores de prerrogativas ideológicas do verdadeiro ativismo permitam que destruam o elefante ocultado ante todos na sala para construírem sua torre de marfim de onde almejam ostentar tais ideias e palavras roubas como signo da razão. A falsificação ideológica em muitos sentidos. 

Trecho do Posfácio de 'Signos Universais do Ethos'. 

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Conto Mitomania

"Pelos seus frutos os conhecereis a arvore".
Mateus 7:16

José Madson Webson teve a epifania de sua vida, como num clarão que lhe tomou de assombro numa das sessões de chá de trombeta mesclada a outras drogas Webson agora tinha certeza da missão de sua vida, impedir o apocalipse ao localizar finalmente o Anticristo. A visão era clara como nas suas fantasias em que viam demônios lhe passando instruções para seus livros ao subirem diretamente do inferno exalando o enxofre que ardia suas narinas. No entanto, para seu livro ele teria que criar um arcabouça de mentiras para conseguir destruir aquele que era todo o mal no mundo, um jovem virgem, que autista passava a maior parte do tempo discriminado e isolado.
Foram anos de abusos de drogas alucinógenas como consultas a planos dito superiores que inspirava livros com doutrinas privilegiadas ante os meros cristãos, ainda que inimigos do seu deus como alguns aludissem a isso ao rompimento da tênue linha divisora entre realidade e fantasia como anseio a atitudes doentias e funestas ele perseveravam ante seu conhecimento superior a qual mentes menores e estreitas não eram capazes de compreender em seu entendimento limitado e parco pois mal sabiam eles que a verdade era mentira e que tudo a qual julgavam certo era errado.
O sinal primeiro fora evidente ao ser aludido por seu Ifrit, uma fantasia de um livro por ele escrito o qual um homem seria um profano como cão por sua origem, ainda que pessoas tolas não fossem capazes de perceber a verdade, que eram as injustiças que ele sofria que provava que ele era a abominação que era. Ele viu essa fantasia literária transfigurar-se através da realidade transcendente com esse mal supremo que de tão cruel e hediondo não precisaria quebrar comprovadamente quaisquer leis para sê-lo em sua ousadia ardilosa.
Assim era aquele jovem autista, não existiam as menores provas de que fosse um terrível criminoso como os traficantes que ceifam vidas e tornam dependentes usuários por uma toxina extasiante como a que usava. Fazer-lhe o mal era defender o bem, cometer-lhe erros era justo coisa que cristãos não tinha conhecimento pois para ele a doutrina bíblica estava incompleta ante suas revelações ancestrais.
Mas as injustiças que sofria por defender a verdade superior a tudo conhecido eram perseguições por ser portador da luz de uma verdade que eclipsava as verdades profanas e mundanas em suas relés leis mortais de homens.
Mas seria aquele seu livro ao relatar que a justiça, lei e ética humanas traria o fim do mundo ao defender aquele demônio humano uma mera ficção se tornando realidade? Ou memórias adormecidas de algo que ele sabia mas esqueceu? O plano superior assim ascendeu em sua mente iluminada pelas proezas de um homem raro que se tornou e de valor que transcendiam aos mais valiosos gênios.
A objetividade dessa realidade lhe escapava por ater-se em realidades superiores e logo incandescia como brava seu ímpeto e intelectos superiores ante perseguições de falsos doutores que lhe tachavam em diagnósticos como mitomânico, sádico e portador de transtorno de personalidade antissocial. Mas seus fiéis adeptos não resistiam a persuasão de suas palavras que sucumbiam a resistência da mentira que eram as justiças humanas e da incompletude bíblica. A revelação que faltava na bíblia fora concedida a ele que agora era dono da verdade!
Por sorte o nome desse homem que traria o fim fora desvelado em seu livro tido como deletéria ficção aos tolos das letras que viam em seu livro como uma fantasia de qualidades e escritas inferiores pertinente a uma história absurda e pouco criativa. Mas aquilo pouco importava pois ele era portador da verdade sublime naquele livro de arcanas palavras. E tão logo viu que o personagem Anderson Castro Costa realmente existia e era virgem como deveria ser o anticristo! Webson era um perfeito adivinho e adivinhava que deveria acabar com ele! Assim ele discursou ante seu séquito que não ousava discordar das sábias palavras de seu emergente messias.
— Estamos diante da encruzilhada, salvar o mundo dessa abominação em que tolos acreditam não ter culpa apenas por não haverem provas, devemos atacar a todos os quais lhe defendem, devemos destruí-los mas para que os tolos que não são capazes de deterem nosso entendimento superior precisamos usar de mentiras para torna-las verdades!
Naquele momento uma voz se levantou dentre a pequena multidão que se formava a sua volta naquele cemitério após profanarem um túmulo afim de seus sacramentos com carnes em putrefaz estados de decomposição.
— Há mulheres loucas que gostam dele, eles são vagabundas como qualquer mulher que goste dele, não respeitemos o amor delas! As estupremos para impedir que esse mal sobrevenha ao mundo! Depois façamos o mesmo com ele e purifiquemos seu corpo impuro com a morte! Mas ocultemos isso pois os tolos profanos não são capazes de compreender a pureza e inocência de nossos atos!
Todos concordaram em uníssono e comemoraram alegremente naquela madrugada tendo apenas a tênue luz lunar como testemunha que parecia oscilar entre as doses de alucinógenos que perpetravam a convicção de suas crenças irredutíveis.
Assim fizeram aqueles homens servindo a luz como julgavam ser, açoitaram, torturaram e abusaram de todos que apoiassem o jovem Anderson por estes ser supostamente filho do diabo, sabendo eles sem remorso que estavam certos e com orgulho de estarem servindo uma causa superior.
Anderson fora então encurralado e esbofeteado e após ser insultado pelo sublime amor de suas puras doutrinas todos os males igualmente lhe sucederam custando sua vida. Agora era findo, estava feito, o mundo estava livre dos flagelos do mal que se dizia bem em sua falsa justiça!
O líder fora conclamado herói e salvador do mundo por aqueles atos de veneráveis respeito e entorpecidos em comemoração lhes sobrevieram uma visão contemplativa singular. Um ser alado subiu dentre chamas e entre gargalhadas alegrou-se com eles de seus atos quando se virou para Madson e lhes disse entre aplausos quando o silêncio sobreveio entre todos.
— Apenas o mal inventa um mal que não existe para exercer o próprio mal que é. Louvado sejas tú que agora és meu filho!
— Quem és você o hediondo ser? — Indagou Madson.
— Aquele porquanto você sempre serviu, o pai da mentira que lhe adotou por toda injustiça e mentira que ama e pratica. Assim finalmente encontro meu eleito, o verdadeiro Anticristo!
Madson acreditando estar combatendo o mal, pensou estar livrando o mundo do apocalipse para no final o demônio aparecer diante dele o agradecendo, por finalmente encaminhar o mundo a seu reino que acabará com o mundo. Madson relutou dizendo que era Deus a quem servia ao fazer tais atos, mas o próprio diabo lhes disse.
— Todo aquele que pratica a mentira e a injustiça é meu filho, está na bíblia!
Madson então viu que suas transgressões foram cobertas pelo homicídio dele, pois ao destruir o anticristo ele se tornava seu cristo pois a morte de Jesus Cristo não era bastante. Mas seriam aquelas visões sobre o que ele seria verdade ou uma mentira que o qual se tornara tão viva que mesmo ele acreditava? A mentira ganhou vida e ela se chamava Lúcifer, fosse a vinda dele no mundo realidade ou uma mera alucinação.

Conto integrante da antologia 'Além da Realidade' de William Fontana.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Frases do Mês de Fevereiro

Seleciono abaixo algumas de minhas reflexões, críticas e frases postadas inicialmente nas redes sociais. Clique nas imagens para amplia-las.







Trecho do 'Diário da Segregação Velada'

Seleciono abaixo um trecho de um diário particular meu que teve começo desde o ano passado. Ainda que o projeto nunca venha ser publicado por mim eventualmente alguns trechos seletos serão publicados aqui no blog como este abaixo:

Segunda-feira, dia 3 de fevereiro de 2020
Desde outubro de 2019 liberei 463 perdões aos pecados que assim pude observar contra mim. De calúnia, ofensas, ameaças ou outros ainda mais nocivos e venenosos. Sei que há muito mais que fugiu a minha percepção, assim como sei que independente do que perdoe o perdão somente é efetivado nestes caso o reconheça e se arrependa. Mas sirvo a um Deus que não precisa se impor, perpetrar o medo, e não existe motivos para crer que o Deus que profetizou não cumprirá, pois Ele fez o que estes nunca farão, o sobrenatural, o milagre, sem se contradizer em sua palavra. Deus é pai da moralidade, o diabo do moralismo, por isso o primeiro exorta todos dando o exemplo, e o segundo acusa o que ele mesmo defende e faz. Por acaso quem me fez pecar pode acusar-me? Reputa-se culpa também a quem o promove!
Por esse motivo estou empenhado a lutar contra o fundamento do mal que é a injustiça demoníaca na minha vida. (...) Pelo mesmo motivo que só fala por mim os que defendem os meus direitos como ao de todos, não se passar por mim para ter esses direitos de modo egoísta apenas pra si.