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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

A Progressão Despótica do Utilitarismo


"A punição arbitrária daqueles que não são como você, pelo crime de serem diferentes de você, é o próprio cerne do fascismo ao qual você afirma se opor. As sociedades livres são baseadas na tolerância."
Edward Snowden - Twitter, 10 de dezembro de 2021.

Há um ponto sem retorno para a consciência humana do qual uma vez ultrapassando este, não tem mais cura ao se tornar um monstro criado por outro. Salvar a humanidade perdendo seus valores civilizatórios é perde-la de qualquer jeito. 

Uma dessas coisas é a busca materialista do poder, prazer e lucro através de um utilitarismo destituído de afeição. Ao contrário da razão que originalmente pondera a busca pelo certo e verdadeiro, o utilitarismo se tornou ferramenta de meios e fins obscuros. Se antes para ser feliz deveria ser útil, hoje apenas se faz algo pensando num retorno exponencial, não a quem esteja escasso ou aflito, mas a quem lhe ofereça esse retorno. Logo, disso mesmo cálculos utilitários no reducionismo matemático e estatístico visam o maior bem possível não apenas negligenciando o excedente quanto o induz em prol disso, contra o bem comum. 

De experimentos inescrupulosos visando a produção de remédios, a exemplos desde o nazismo o qual a relação custo benefício de deficientes por ser onerosa ao povo, o Reich justificava a esterilização e posteriormente a "morte benevolente". O utilitarismo assim se deu muito bem com o capitalismo, pois é sua verdadeira essência, mesmo que virodicamente infecte a todos credos e doutrinas. Caso sendo "benéfico" a alguns ou em razão do custo e benefício o equacionamento se ignora os direitos individuais e bem comum e vale tortura, roubo e morte. O crime passa se tornar uma margem aceitável ou mesmo desejável a seus fins como evolução degenerada do maquiavelismo.

Essa frieza calculista é a psicopatia utilitária que pondera apenas os males. Mas se o utilitarismo obsoleto leva ao despotismo e estado de exceção, o merecimento é o derivado demagógico e rascunhado de sua obsolescência. Se outrora os códigos de honra rigorosamente isentos de guerreiros monárquicos soam uma beleza ética num mundo hostil, seria por lhe conferir significado e assim valor, ao contrário do niilismo fóbico desse despotismo, sendo por necessidade ou merecimento.

Por isso a inteligência dos psicopatas não me impressionam, mas sim sua frieza e sadismo que tentam se passar por inteligência, não passando de relés calculadoras de seu bel prazer. O utilitarismo como evolução do maquiavelismo e da ninhada primitiva dos mitos do merecimento são os nomes bonitos do despotismo, oligarquia e tirania.

E por isso o utilitarismo é tão usual a psicopatas, a busca consequencialista nem pondera a abrangência circunstanciais de urgência (quando não induzidas por estes mesmos) ou da relação intrínseca ao caos de modo incomensurável, e assim indiscutível mediante o fato de que algo muito pequeno provocar indiretamente um grande mal, poderia ser apenas fruto hipotético do destino, não de escolhas.

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