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sábado, 11 de dezembro de 2021

A Busca do Universalismo Kantiano Pelo Serviço

O preceito da universalização kantiana de sua ética deontológica supõe a aplicabilidade geral de determinada moral de conduta a todos, de modo isento, integral e sem exceção como uma versão da honra universal de Montesquieu. Quando você faz algo não por temer a penalização ou punição, mas uma definição de erro racional universal. Disto Kant diz o Imperativo Categórico que é o dever pelo dever que deve se ser o considerado universalmente certo, ao contrário do Imperativo hipotético que visa interesses ou o punitivo ou de recompensa, a exemplo da coerção ou as exceções e brechas as arbitrariedades do utilitarismo. O primeiro pode ser definido de modo aristotélico como caráter e o segundo um exemplo que pode ser utilitário ou mesmo despótico por Montesquieu.

Ao contrário de resquícios despóticos de países com históricos ditatoriais ou a exemplo do classicismo e discriminação, um ato deve ter o mesmo peso jurídico independente de quem seja, mesmo que mediante o padrão (também universal) de cada circunstância de agravante ou atenuante, doloso ou culposo. O uso do dever arbitrário e parcial como contrário a alheio num equivalente capital de ser taxado um preço de um produto pra um, e outro preço mais barato para outro na ausência de menores regras gerais e isentas são declinantes do imperativo categórico.

O que fazemos quando isto não ocorre e falha? O preceito compensatório e de equivalência do serviçalismo visa justamente não substituir essas definições, mas combater o distanciamento disto no práxis arbitrário e hipócrita pelo declínio moralista do oligárquico ou despótico. Quando o erro passa a ser premiado, e o universalmente correto punido, a ruptura caótica desse universalismo leva a razões que não estão dentro do próprio universalismo,  mas que busque compensa-lo trazendo-o de volta contra a desigualdade de poderes exercidos contra e sobre os direitos alheios, ainda que sob a falsa aparência de legalidade. 

Se antes Dom Quixote num surto de idealismo senil achou que o moinho de vento era um monstro a ser enfrentado, hoje o surto dele é se achar dono e mandar o moinho atacar seu construtor que deve dançar como biruta ante ele para sobreviver. Esse é o circo de horrores, onde a bizarrice chocante visa ser um modo de Império do terror através da insanidade sistematizada e imposta a força como folie deux.

Esse declínio ocorre quando determinada cultura (a exemplo da cultura da corrupção ou estupro) passa a se tornar não apenas endêmica, mas sistêmica ainda que sob a não oficialidade, mas a exemplo de estados de exceção ou o despotismo puro e simples. Logo, a ética serviço significa buscar atenuar ou neutralizar essa desigualdade de deveres e valores intrínsecos a conduta humana, sendo contra os diretamente responsáveis, como pragmatismo não adjacente ao circundante ou sintomático efeito disso. Sendo na caridade  afetiva maior aos deficitários e agressividade maior a seus perpetradores. Por protesto, desobediência civil e em casos de acentuação de crises violentas a guerrilha. A busca da proporcionalidade e dispersão da desigualdade que traga de volta a harmonia como única aspiração universal. Atacar apenas que te ataca, porém, servir desde que não seja contra si mesmo, a quem reproduz o ataque contra quem serve.

O termo de origem de serviço advém do latim servitĭum,ĭi que tem múltiplos significados, de escravidão a obediência. Do mesmo modo que há servidão e serviçal, ou o servidor público ao serviço de utilidade pública no sentido de bem comum, os dois primeiros opostos aos segundos. A este último se refere a conotação de uma ética serviço que reserva obediência ao bem comum, diga-se dos direitos individuais básicos a todos. Ou seja, servir a si mesmo como a quem serve, servos apenas dos direitos. Na ética serviço a individualidade respeita si mesma em alheio, o individualismo faz isso passando por cima do direito alheio, é a individualidade egoísta que apenas domina em sobreposição a alheia e por isso traço marcante do despotismo.


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