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sábado, 26 de fevereiro de 2022

Alexandr Dugin: Bases Ideológicas da Política Russa Atual

Alexandre Dugin, autor de "A Quarta
Teoria Política".

Gosto do estudo analítico de pensamentos dissidentes, pois muitas correntes de pensamento, ou mesmo religiões, assim surgiram até sua emancipação num processo análogo ao epistemológico das protociências. Ainda que hajam inúmeros fracassos de doutrinas meramente sectárias, algumas novas leituras e interpretações de doutrinas e filosofias podem trazer novo fôlego ao progresso intelectual e político. Se do seio da autonomia nasce a inovação, a ruptura do convencional nasce do discordar e oposição dando ao mundo a pluralidade de pensamento. 

Do surgimento do próprio cristianismo visto originalmente como sectário ao judaísmo, as diversas denominações protestantes e várias ordens católicas, do idealismo à contraposição que deu lugar o materialismo, e mesmo o marxismo que surgiu do descontento interior a grupos socialistas, a dissidência quando saudável faz parte de uma dialética própria do qual nem sempre culmina em sínteses, mas rizomas próprios como novas espécies na evolução do pensamento por meio da maturação consistente de mutações discordantes.

Por esse motivo acompanhei por um tempo um blog de "metapolítica" onde compilava vários textos traduzidos de Alexandre Dugin, um professor de sociologia russo, parte da base ideológica da política russa atual. Me interessei inicialmente por romper com a ideologia globalista ocidental sob perspectivas de tais dissidentes.

Porém, ainda que houvesse algum conhecimento filosófico (e mítico) reflexivo o bastante, a baixa densidade e vigor do pensamento de Dugin logo se justificou ao evidente declínio demagógico puro e simples, tendo o ápice em minha desistência ao assumir abertamente aproximações simpáticas com o fascismo e salpicados nacionalistas radicais a lá nazismo - ainda que este não declarado. Tendo em vista que o próprio fascismo mal pode ser considerado uma doutrina ou ideologia com o mínimo de robustez de axiomas, mas um emaranhado de pragmatismos antiéticos do senso comum, apenas sistematizou maus instintos que por isso se apoiava mais na força, do que razão.

Disso Dugin faz um malabarismo semântico e filológico numa busca por uma cosmogonia sem substância, quando não contraditória.

Sabendo da importância da contribuição literária, política e filosófica russa para o mundo, foi bem frustrante. Mas ensina o motivo pelo qual porque de que de trás de cada tragédia política há ideólogos e gurus. Cérebros que buscam viés de confirmação através de conexões empáticas acrescidos a outros erros, comprovam o motivo pelo qual a Rússia não é mais comunista, nem como viés de atuação de ferramenta corretiva aos agravos sociais lá presentes. Disso a autocracia se vale em tal ideologia, do qual mesmo justificando certa estabilidade mediante a continuidade permanente de planos políticos e econômicos, a ex-URSS tornou seu fantasma em demônios, quando poderia ser uma renascença que conservasse apenas seus êxitos tradicionais.

Fontes: O globo

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