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sábado, 9 de julho de 2022

Fuga do Rio de Janeiro

Sabendo o tenebroso ser que era, dotado de superpoderes narcisistas capazes de transcender a realidade dos fatos e da lei, aquele tenebroso trambiqueiro, fraudulento e predador sexual se transformava no fabuloso e sublime Capitão Egoman, a mando da maior multinacional do mundo, Bloodout Inc fundada pelo visionário Osak Fortuna e o Dr.Sanom, vindo a desvelar sua dualidade social a caçar os próprios males que paria. Disso saltou da cama, João Cobra com os pulmões rufando e ruborizado ante o pesadelo persistente que tinha todas as noites, sem qualquer motivo coerente ante o inexistente ser a seu mundo destituído ao dissabor antissocial e total ruína histórica e legal do Estado. A droga que usavam para gerar memórias falsas não surtia efeito esperado.

Sobre o lixo que estava por todos os lados nas cidades intercaladas por ruínas, habitava o destoante luxo tecnológico da inteligência artificial onipresente por sensores de todos os tipos, mas sendo proporcionalmente irrelevante a segurança ao poder que possuía por apenas garantir que cada qual tivesse seu papel social imposto.

A Inteligência Artificial deslocada de seu propósito inicial por Raio X identificavam etnias com fins discriminatórios, para que cada qual ficasse em determinações classistas. Tudo era uma gestão populacional por uma IA preconceituosa, por algoritmos niilistas de seus programas que geravam imagens a partir de textos que entretinha os ignorantes das massas em filmes sem contexto reflexivo. Dos seus celulares i-God criadores de aplicativos por especificações escritas lançavam todos os dias aplicativos irrelevantes a não ser para ocupar todo tempo livre restante duma massa compenetrada na sua extensão da mente. Tais mentes automatizadas por algoritmos que tornavam sua massa encefálica quase irrelevante, os aparelhos pensavam e escolhiam por eles a partir de predefinições de gostos e preconceitos aos traços de personalidades destrinchados por análises psicológicas automatizadas pelo i-deus em coletas de dados.

Nesse mundo João Cobra era uma relíquia do tempo em que o ser humano pensava por si mesmo, sem apêndices tecnológicos. Veterano da guerra fracassada da Argentina donde o Brasil perdeu com a Inglaterra, agora se via cercado por narcomilícias após ter sua esposa executada por dívidas dos inúmeros agiotas de quadrilhas, um pedágio neocapitalista radical sobre a vida como um porteiro da miséria. 

João não sabia duma coisa, que a morte encomendada teria sido por um inimigo ao inventar dívidas dele para agiotas, por não aceitar servir seus talentos e experiência a esse grupo de criminosos. Agora sobre o escrutínio de pagar as falsas dívidas inventadas. Aquilo o levou a engendrar uma fuga de um país que se tornou um grande aterro sanitário de lixo médicos e biológicos norte-americanos, comandado por facções que orientam caçadas de brasileiros por gringos e bordéis para turismo sexual. Porém, o general de narcomilícias e sua botina dourada, Koas Fortunato deseja arruinar seus planos por estar a tudo monitorar criminosamente com o i-god. 

João Cobra tomou café com leite tomou uma pílula e ajeitou seu ralo cabelo platinado pondo seu tapa-olhos no olho esquerdo, caolha após explosão após o malfadado atentado contra a vida de Koas. Respirou fundo em desânimo e tédio ao ligar a televisão holográfica ao perfilar a transcrição em imagens dum texto seu.

– Ganhei uma ratinha rosa chamada Lorrasa Risa, ela sofre de obesidade ocular. O caro tratamento é a base de indução por sensibilidade nervosa afim de proporcionar maior transpiração ocular e perder peso líquido a uma visão egonivelada ao caráter moral e deficitário intelectual.

As imagens desvelavam a ratinha chorando numa laboriosa imagem tridimensional em gráfico de tempo real. Fora quando mudou para as transmissões noticiadas pela televisão streaming.

– Jornal O Relativista, Absolutamente Isento de Verdade! – Falava uma voz artificial, pois não mais existiam jornalistas ou apresentadores senão figuras geradas pela randômica de combinações de aparências que gerassem empatia ao espectador. E assim prosseguiu. – Hoje veremos mais sobre a história da conspiração dos nativos tupiniquins de Ratanabá, infiltrados na corte portuguesa levaram as grandes navegações com fins de promoverem sua cultura e língua no Brasil. Veja também a conspiração de peso dos gordos e os perigos que os carecas intelectuais representam a sociedade. Porém, a seguir uma reportagem sobre a fabulosa biblioteca perdida do lendário buraco das cruzes que guarda joias dos quais vidas desconhecidas de autores que se sacrificaram pela glória de nosso messias, Koas Fortunato, patrono das Nações sub-americanas. Antes vamos aos nossos comercias!

Ao terminar o apresentador artificial deu um sorriso tiltado e pulou para uma vinheta que anunciou.

– Esse programa é um oferecimento de Sub-américas Seguros, tens dívidas fatais? Encomende hoje mesmo seu suicídio com descontos especiais!

A imagem ficou preta e então pulou para um comercial.

– Abandone os ultrapassados pensamentos autônomos e analíticos da racionalidade ante fatos, a verdade e a justiça trouxe muitos estragos no começo do século XXI, compre ainda hoje o i-god, ele pensará por vós. A inteligência humana está oficialmente obsoleta!

Ao ouvir aquilo João Cobra bufou nervoso e levantou-se da cadeira desligando a televisão. Se antes criávamos tamagotchi para cuidar, agora ante o i-God éramos o tamagotchi controlado por completo nossas vidas. Qual falácia vocês escolheriam, a ad nauseam ou falsa dicotomia? Uma pessoa pode escolher ter autocontrole, pois o autocontrole é poder de escolha, porém, escolher não ter autocontrole por isso é contraditório. Era isso que fazia tal tecnologia.

Assim João pegou sua arma, tomou dois comprimidos e foi até a janela que lhe deu visão a um estupro coletivo doutro lado da rua. Ele apontou a arma quando viu quatro homens ainda benevolentes vindo ao encalço da jovem, quando um alerta soou do meio do lixo.

"Contarra ccetnxniams luryca tanniounons". 

Aquela era a designação do i-God para pragas de insetos, referente aos defensores, lógico. Todavia, aquela também era a deixa, uma vez que os sistemas estavam voltados ao incidente. Logo, João Cobra guardou sua pistola cromada vestiu suas botas e aproveitou o suposto ponto cego do sistema panóptico de vigilância do i-God e partiu por entre a vegetação elevada das casas abandonadas ao lado. Chegou a um galpão onde uma caminhonete analógica e movida a combustão estava preparada para a fuga.

Deu partida e seguiu por becos ermos e dentre todo lixo médico jogado nas ruas ao lado de sucatas e ruínas. Conhecia o tráfego e trajeto onde as câmeras do i-God (que apesar de deter a alcunha de Deus lhe era oposto a tudo) tinha menos cobertura até que o movimento discrepante fizesse acionar drones a seu encalço. A área era dominada pelas mais agressivas gangues de estupradores canibais do bairro da Nova Realengo, e assim que um drone surgiu este fora derrubado por um de seus membros. Porém, isso não isentava o fato de que ele também era um alvo potencial.

Aquele mundo era regido por drogas para cada situação. Lícitas ou não, as piores eram as governamentais, venenos que induziam a morte ou cauterização da consciência por considerar a afeição e amor doenças ou para induzir a loucura àqueles cidadãos que não se adequavam aos grupos designados pelos i-God. Havia remédios para tudo, para ter apetite ou perde-lo, para manter o foco ou dormir, para sentir conseguir gostar de algo que odiava, para aprender disciplinas ou lembrar de coisas que não existiram (ou aconteceram) como a que tomou para sonhar, havia também uma droga para simplesmente ampliar o sensorial ou força física. Estas duas últimas João Cobra usou, após usar uma pílula para saber mexer em hacks de identidade.

Sabiamente, um dia antes ele tinha pego um carregamento de um emissário de Koas afim de barganhar sua saída do país com os corruptos agentes alfandegários, e após passar por dois tiroteios atropelando o lixo das ruas ele atravessou bairros até chegar ao aeroporto Internacional 20 de Agosto, fundado por Koas, suposto ano de seu nascimento, ainda que alguns dissessem que ele ser uma lenda imortal, ou que nem existia. Não existiam fatos naquele mundo apenas o relativismo, e tudo era passível de ser le da ou rumor.

O fato é que uma tempestade veio e um valão que lá havia transbordava gerando fortes ondas com as marés e ventos, arrastando todo lixo e quaisquer miseráveis indesejáveis que estivessem no caminho. Rezava a lenda que mesmo uma tecnologia oposta as barricadas que impediam tsunamis fora criada para favorecer esporádicas tsunamis de lama para arrastar os acúmulos de lixo e mendigos. Aquilo levou João Cobra improvisar ao ser atacado por uma gangue de drogados canibais famintos implorando para devorar seu corpo. Suas peles amareladas do consumo prolongado de carne humana eclodiam erupções cutâneas que mais os aproximavam de zumbis por drogas pesadas, do que humanos.

Os tiros varavam o carro dele quando a onda se formou arrastando todos numa massa disforme de lixo e humanos dentre os destroços e ruínas de prédios velhos, enquanto seu carro acelerava quase surfando na onda do inferno.

Ao subir os restos de um viaduto ele parou para contemplar o estrago da onda que agora se dissipava entre gemidos esporádicos de sobreviventes que se afogavam na água fétida e cinza que lhes tragava. 

Do alto de sucatas e prédios gringos uivavam caçando a tiros os que fugiam. Todos pareciam mortos antes mesmo daquilo, eram vidas sem menor sentido, a não ser sobreviverem se esgueirando como ratos ou sendo caçados em temporadas de safaris gringos.

Cobra contornou o viaduto e seguiu outro caminho quando drones o identificaram levando ele acionar as torretas instaladas no carro, derrubando os drones antes de qualquer identificação positiva. Quando finalmente chegou ao aeroporto a entrada fora liberada e conforme o barganhado mostrou seu suborno em carregamento de drogas. Todavia, para sua surpresa, Koas em pessoa surgiu diante dele e lhe disse.

– Sabia que iria funcionar, você trouxe todo o carregamento que precisava do rival, meu devedor, e agora você será reciclado para termos suas habilidades antes de finalmente ser meu saco de sangue pessoal.

Ao ouvir aquilo, João Cobra sacou sua pistola, porém, todos demais agentes eram comprados por ele e lhe renderam ali mesmo, sem qualquer lei a não ser da vontade de Koas, o Imperador do reino das ruínas. A fuga do Rio de Janeiro havia sucumbido, João Cobra agora seria seu mascate programado a seus fins de sicário. Porém, vendo o inevitável ele descarregou sua pistola sobre o maior número possível de agentes e Koas vindo a morrer, não sem antes levar alguns corruptos juntos.

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