"Somos todos escravos do Tempo, reféns da eternidade"
Boris Pasternak
Em tempos antigos havia um homem do qual mesmo seu pouco tempo de
vida conquistou todo o mundo por ele conhecido, rompeu limites e
fronteiras, suplantando culturas e civilizações e chorando quando não
mais havia nada a conquistar. Assim nem mesmo o Egito o mais era em sua
concepção original de modo que este homem batizou toda uma cidade com
seu nome, Alexandria. Todavia lá fora honrado o conhecimento humano como
um todo, numa lendária biblioteca que fez famosa tal cidade. Havia todo
um grupo de protetores de seus livros, os lendários bibliotecários, tal
como seus conhecimentos como compêndio do saber humano, mas também
pelas sombras se esgueiravam aqueles cujo ímpeto era transtornar o
conhecimento e a verdade, mais que escribas replicadores eram
falsificadores mudando livros, tirando autorias e criando o que muito se
conhece hoje por apócrifos. Homens de negro do qual tinha a pertença de
transtornar toda a verdade conhecida em mentira e o aplicando para todo
tipo de ato vil e servil com a força de um extremismo cuja única
paternidade legítima era o medo, a violência e a discriminação. E assim
maquinavam eles pelas sombras daquele que era o maior centro cultural do
mundo até o presente momento. O ano era 646 depois de Cristo e mal
sabiam os bibliotecários que eram alvo de uma conspiração dentro de suas
dez salas, e com seus setecentos mil livros, conspiração para destruir
os segredos que guardavam, segredos que rompiam o tempo.
Era noite enquanto um dos nobres protetores caminhavam pelos corredores
altos daquele formidável lugar. Carregando rolos de pergaminhos recém
adquiridos da China estava levando-o para o vasto acervo e catalogo dos
mesmos. O lugar era apenas irradiado pelas luzes artificiais de pequenas
chamas tremules a lançar sombras compridas por toda extensão do
trajeto, quando o jovem adentrou uma fileira de estantes murmurando
consigo mesmo.
- Conhecimentos orientais, autor Wang, próximo as viagens a terras desconhecidas de Platão.
Todavia naquele momento outro murmúrio se ouviu e vendo-se que não
era o único a interromper o agradável silêncio do lugar ele parou todo o
ruído o quando produzia a encostar os livros numa mesa e virou-se. O
som cessou, e assim ele voltou a se movimentar quando ouviu passos atrás
dele, numa das estantes.
- Naum? É você ainda trabalhando ou lendo algo nas horas vagas?
Ao falar isso apenas sua voz ecoou por todo sagão tendo apenas o
silêncio por resposta. Ele então largou os manuscritos sobre a mesa e
deu a volta até o outro lado da estante quando ouviu passos agora
ligeiros em sua direção. Pegou ele uma vela e tentou iluminar o lugar
quando viu uma sombra tremule atrás dele e ao se virar notou um homem
vestindo longas vestes negras a sorrir com dentes apodrecidos ao abaixar
seu capuz e ele disse.
- Filoversismo!
O jovem tentou sair, mas o homem tinha um punhal em suas mãos e
partiu em direção a ele lhe enfiando em sua barriga enquanto com sua mão
seu grito era sufocado enquanto ele falava em seu dialeto.
- Calma, calma... acabou...
O jovem caiu ao chão enquanto ainda torcia a ponta dos pés
agonizando. Aquele homem então lhe enfiou novamente a faca, e novamente
até que ofegante viu que toda atividade dele cessou, ele se levantou
recolhendo dois manuscritos que haviam caído no momento que o jovem caiu
ao tentar se apoiar e colocou-os de volta e assim puxou ele até as
sombras dizendo em seu dialeto.
- Foi...
O homem olhou para os lados ao sair daquela fileira de livros e
levantando seu capuz negro seguiu a passos firmes e velozes até sumir em
meio as sombras.
No dia seguinte tudo parecia transcorrer tranquilamente até o momento
que um dos jovens bibliotecários tropeçou em algo, o corpo do jovem
aprendiz lá assinado friamente por aquele misterioso homem. Em desespero
ao reconhece-lo gritou deixando os demais pergaminhos e manuscritos que
carregava cair ao chão manchando-os do vermelho de sangue. Todos
largaram suas atividades e correram até o lugar onde estava aquele jovem
cujo nome era Naum. Rapidamente um turbilhão de vozes se ouviram
tumultuando o lugar e fazendo os leitores igualmente se levantarem para
verem o que acontecia, alguém havia matado um dos companheiros dele, os
guardiões da verdade e do saber.
As horas se passaram e mesmo com as autoridades presentes não
conseguiram descobrir quem fora o autor daquele delito considerado
infortúnio por uma biblioteca tão protegida, virtualmente. Porém, Naum
que era um quase autista e possuía como a palma da mão o dom de decorar a
posição de todos os livros que conhecia, mesmo abalado pelo assassinato
seguiu com seu serviço após procurar ver se algum manuscrito havia sido
furtado do lugar ou subtraído de alguma forma, assim o fim da tarde
chegou quando as luzes solares davam lugar as candelabros acessos por um
dos colegas de Naum enquanto vários eruditos liam os livros inertes em
seus conhecimentos em grande parte inéditos a humanidade. Assim Naum
estando de costas ouviu uma voz em meio ao escuro que crescia no lugar.
- Bibliotecário! Já sabes com o que está lidando?
Naum virou-se a olhar a silhueta vestindo trajes árabes, era um homem
branco a destoar do tipo cultural que aparentava, mas assim ele
continuou.
- São vocês os pioneiros do saber, guardiões da verdade não?
- Sim, e você? A biblioteca está fechando agora, somente amanhã senhor.
- O que tenho é mais importante que horários de funcionamento. Pode me
chamar de os Filhos do Tempo. Somos Cronistas e testemunhas dos
incógnitos universais, defensores da verdade a qualquer preço,
decifradores de mistérios, guardiões da memória e do conhecimento, sou
Shiyth. Temos muito em comum, e tenho algo para você.
- Senhor, não podemos conversar aqui. – insistiu Naum.
- Me perdoe, mas as minhas intensões são as mais nobres, já ouviu falar da palavra Filoversismo?
- Não.
- Pois afirmo-lhe que ela fora sussurrada neste lugar! Algo que vocês
tem e talvez nem saibam que tenham... mas quando você encontrar saberá.
Naum ficou confuso com aquilo e perplexo apenas respondeu com o silêncio e assim o misterioso homem continuou.
- Tem relação com o assassinato aqui cometido – murmurou ele se
inclinando ao pé do ouvido dele. – Vocês estão lidando com os homens de
negro, já ouviu falar?
- Como não, porém, não mais do que lendas e mitos que como sombras distorcem este lugar.
- Eles procuram o mesmo do que nós, no entanto, para destruir a verdade.
- Mas o senhor espere que lhe ouça assim sem conhece-lo ou ter provas
em mãos? Algumas pessoas se nomeiam do que querer e pra mim um Shiyth é
apenas um nome. Sabemos das lendas a cerca dos homens de negro.
- São uma ordem obscura de inimigos do conhecimento e da verdade,
tentam possuir um manuscrito específico o ocultando e tirando sua origem
para benefício exclusivo e tentando destruir o nome do autor para se
atribuírem a autoria.
- Bom, existem falsificadores por aqui, são escribas e bibliotecários
que abandonaram as escolas do saber e da verdade. Temos conhecimento de
algumas adulterações e livros divergentes até mesmo tentando tirar
algumas autorias, mas...
- Você está perto da verdade. Quando ouvir esta palavra, Filoversismo,
saberás que está perto do que pode mover o verbo a existência. Lembre-se
o honesto é eleito para governar, o mau domina sem eleição, assim são
estas sombras.
- O setor de feitiços e palavras de encanto estão no outro setor
senhor, são os feitiços de tulpas e golens e de canalização de
pensamento, se vier amanhã posso leva-lo até lá. – disse Naum não dando
importância ao que o misterioso homem dizia.
Meio que frustrado pela recepção de Naum o misterioso homem se
retirou dando-lhe as costas enquanto Naum seguia com suas tarefas
arquivando e devolvendo os livros a seus lugares, tudo catalogando cada
uso e cada registro com data, livro e autor para que nada se perdesse.
Certamente ele era como uma formiguinha ante aquele enorme monumento do
saber edificado sob pedras porém, aparentemente insensível completou seu
trabalho minutos depois saindo para respirar o ar puro da noite quando
notou uma esfera brilhosa corta em rasante próximo a ele.
Assustado com a súbita aparição ele acompanhou inerte com os olhos as
evoluções do estranho objeto cor de âmbar a corta os céus e desparecendo
após ele ser visto por Naum. Intrigado com aquilo chamou seu superior e
por não ter nomes a dar a visão falou se tratar de algum tipo de chama
voadora. Aproveitou igualmente para falar-lhe sobre o estranho visitante
que lhe abordou porém, sem maior atenção daquele senhor que era o seu
mestre na catalogação de todos os conhecimentos.
Assim no dia seguinte, estavam os bibliotecários separando livros que
eram imitações de originais como alguns livros relacionados ao
cristianismos a exemplo de ‘A Família de Cristo’ e mesmo alguns que eram
cópias distorcidas do evangélico tendo por autor outros nomes. Naquele
momento ele viu numa pilha um livro que lhe chamou a atenção intitulado
‘O Primeiro Seth’. Curioso com o título e o fato de não tê-lo visto lá
anteriormente ele o pegou com cuidado e o desenrolou lentamente. Vendo
que era muito antigo procurou qualquer menção que mostrasse qual era seu
autor para que o catalogasse ou mesmo procurasse nos registros. Ele
sentiu-se vigiado por trás e quando virou-se notou um dos jovens a
observa-lo silencioso mesmo que tentasse disfarçar ao ser notado.
Naquele momento ele virou-se para o senhor ancião que era seu mestre e
perguntou.
- Senhor este não tem quaisquer registros ainda. E seu estado é bastante precário, talvez os escribas...
- Catalogue e depois vemos o que fazemos, conseguiu identificar o autor? – interrompeu o ancião.
- Não senhor, tenho que ler ele. Parece importante, afinal não temos registros dos Seths por aqui.
- Certo então o faça! – consentiu o ancião.
Curiosamente naquele momento o jovem lembrou-se da palavra dita por
aquele homem misterioso do qual a sonoridade de Shiyth assemelhava-se
muito ao do termo seth, de modo que antes resolveu pesquisar sobre o
assunto. Naum fora então até os registros e uma sucessão de vários
livros somente de catálogos estavam dispostos de acordo com os tipos:
feitiçaria germânica, cristianismo, filosofia grega, e tantos outros.
Assim ele procurou um cujo título descrevia ‘Religiões Arábes’.
Naum o abriu e desfolhou suas grandes páginas uma a uma até que viu uma
descrição árabe no Zohar. Viu a localização e se encaminhou até o lugar
onde o livro estava guardado. Ao chegar no lugar notou que a versão era
transcrita por um escriba para conservação mesmo que pontual e
detalhasse mesmo o período em que fora feita, autoria original e
localização de onde fora encontrado a versão original deles. Naum o
puxou e abriu-o desfolhando lentamente até que viu o termo Shiyth que
significava ‘concedido’ e ‘nomeado’ na versão árabe de Seth o qual
representava toda linha de justos e mesmo considerado como um dos
profetas (Seth) do Islão. Fechou então ele o livro pegou O Livro dos
Jubileus onde havia uma descrição dos Seth cuja linha havia se perdido.
Lá dizia que o Primeiro Seth havia se casado com Azura.
Sinceramente perplexo ele então pegou o misterioso ‘O Primeiro Seth’ e o
desfolhou página, por página notando que aquele livro narrava fatos
antes desconhecidos por ele mesmo em todo farto catalogo presente
naquela biblioteca. Intrigado com as possibilidades, Naum mergulhou em
suas palavras pois era instruído na língua em que fora escrito e
descrito, um aramaico com variações que nunca tinha visto. Assim ele leu
os seguintes versos iniciais:
"E vendo Deus que pelo homicídio se instaurou o caos ante seu
propósito, Deus concebeu o destino, Destino que sobre tudo que é contra o
propósito divino prevalece e com ele o Sete o qual se refere como
designado. E Deus viu que era bom, e se agradou disto.
Assim Deus criou o passado e também o futuro para que se ligassem pelo presente ante o destino, amarrando uma ponta a outra."
Intrigado com as ideias ali colocadas ficou sem compreender ao certo
o que significava ainda que parecesse estranhamente fazer sentido o que
era dito no livro. Procurou ele então o autor e viu o nome que dizia
Wang. Incomum a língua e cultura o qual adveio pensou ele se tratar de
alguma transcrição posterior do original e cujo título falava na
realidade do escriba que o fez.
Cansado das longas horas em que se debruçou diante dos livros, Naum
tendo suas pálpebras já pesando em seu rosto resolveu encerrar suas
buscas e leituras do mesmo manuscrito até o dia seguinte quando ouviu
ruídos do outro lado da estante onde guardava os livros. As horas eram
avançadas e temendo ser algum rato que lá adentrou pegou seu candelabro e
seguiu a passos velozes até o lugar de onde via o som quando viu o
reflexo de uma luz âmbar assim como a que vira na noite anterior. A luz
seguiu por dentro da biblioteca e de tão intensa parecia turvar mesmo as
formas pelo qual iluminava. Porém, tão súbito quando surgiu desapareceu
ante seus olhos o deixando com mais perguntas ainda. Assim ele passou
pela guarda de segurança sem saber o que relatar ou falar quando não
resistindo resolveu perguntar aos homens lá presentes se viram alguma
luz com tais descrições, tendo a negativa por respostas.
Certamente se fosse algum desvario de uma mente cansada uma noite de
sono resolveria o que ele achou ter visto, pensou consigo, de modo que
entrou em seus aposentos e ao deitar-se rapidamente suas perguntas deram
lugar ao sono.
No dia seguinte a movimentação era intensa no saguão principal da
biblioteca que se estendia com seus altos tetos por muitos metros até
encontrar corredores não menos extensos até outras salas menores. O
ancião que era o instrutor de Naum caminhava ao lado de dois outros
bibliotecários quando viu Naum aproximar-se.
- Coloque setuaginto no setor de cristianismo, e altere as
especificações para registrar para onde fora movido. – disse o ancião
para o bibliotecário tendo o aceno de concordância do jovem e assim o
ancião virou-se para Naum e com um sorriso lhe perguntou – Então meu
jovem como está a leitura do Primeiro Seth.
- Tem conhecimentos que simplesmente nunca soube ou ouvi falar, e a
autoria aparentemente é discrepante com a cultura o qual pertence. –
respondeu Naum.
- Nada vem do nada, jovem Naum, tudo tem que ter uma origem, seja qual for o autor ou cultura. Vamos ver o livro.
Naum e o ancião seguiram pelos extensos corredores com pessoas de
vários tipos de cultura passando carregando manuscritos e livros, entre
eles um homem que vestido de árabe fez lembrar em muito aquele
misterioso homem que encontrou a dois dias. Naum parou para olhar para
trás e quando ele se virou notou ser outro homem, um barbudo que
destoava por completo das feições do misterioso homem, assim ao ver que
chamou a atenção do ancião ele resolveu arriscar.
- Senhor, há dois dias um homem misterioso e veio ter comigo quando
fechava a biblioteca me indagando sobre um livro do qual os homens de
negro procurariam.
- Qual livro jovem Naum?
- Não sei, mas ele se identificou como um Shiyth, que é justamente a transcrição em árabe para Seth.
- Por aqui cruza-se muitas culturas meu jovem – disse o ancião enquanto
caminhava - de modo que vemos todo tipo de grupos ou seitas surgirem e
procurando conhecimentos comum ao que acreditam, ou seja, sempre algum
destes vem aqui.
Mesmo que não tivesse maiores argumentos sobre o tido algo dizia a
Naum que aquele misterioso homem tinha algo com o livro que ele
justamente lia como se de alguma forma ele descobrira que Naum
encontraria este mesmo antes de encontra-lo. Assim chegaram eles até
onde o livro estava guardado e o tirou do lugar colocando-o sobre uma
enorme mesa de madeira que lá estava. O ancião abriu-o lentamente e
respirou dizendo.
- Certo lá vamos nós.
Ele examinou o livro, folha por folha lendo alguns trechos e
interrompendo seu próprio silêncio com algumas palavras como
“interessante”, “curioso”. Assim ele olhou a última página e com uma
lente aproximou de suas margens como se procurasse algo invisível a
olhos nus.
- Fascinante, realmente nunca vi nada semelhante. Sensacional
conceber o conhecimento aqui. Deixaria Herófilo perplexo. Acho que ele
estava certo sobre muita coisa.
- Como os sentimentos não virem do coração, mas do cérebro senhor? Acho isso sem sentido. – retrucou Naum.
- Mas certamente isso interessaria Ptolomeu pelo suposto conhecimento
astronômico que estes Seths pareciam ter. Não posso ler todos os livros
aqui presentes, pois precisaria de muitas vidas para isso, mas
garimpamos o que mais nos importa. Mas realmente não consegui
identificar qualquer autoria de modo conclusivo.
O ancião parecia fideldigno a verdade nos conhecimentos ali presentes
de tal modo que a salvo os livros considerados de fabulas e contos eram
catalogados como mentirosos quando notava-se propor algo que excedia a
verdade e realidade em contradição com esta. E aquela biblioteca mesmo
tendo sobrevivido a outros ataques como a de 47 a.C. onde fora saqueada
por Julio Cesar um descendente dele, se opôs e desde então sua linha era
hereditária protetora de tal biblioteca. O ancião então disse que
depois leria todo o livro e pesquisaria mais cuidadosamente com Naum
sobre suas hipóteses e sobre a suposta linhagem de seth. Todavia estava
ele incumbido de pesquisar livros sobre os druidas para um homem que
estudava seus mistérios e assim o fez saindo de lá e deixando Naum a sós
com aquela relíquia.
Assim Naum se dirigiu-se a um dos quartos dos consultantes onde leria
com maior tranquilidade o livro quando um visitante interrompeu sua
caminhada perguntando por obras de Hermes e Salomão sendo prontamente
exemplificado por ele o setor. Assim outro bibliotecário recém começado
suas atividades perguntou-lhe onde era o setor de “Ciências matemáticas”
e Naum respondeu.
- Ao norte, perto do setor de “Ciências Naturais”, aquela onde está os livros de Mochus com suas teorias estranhas.
Quando Naum sentou-se no quarto começou a ler novamente o livro e
mergulhar em suas palavras ainda que tivesse dificuldades de identificar
e traduzir algumas outras, pesquisou em documentos anexados junto ao
livro para saber de onde veio originalmente, mas não havia nada assim
como o autor a não ser aquele nome misterioso e possivelmente chinês.
Pegando um papel ele começou a notar com uma pena algumas informações
que achasse pertinentes ao que estava curioso. Aquela maravilha fundada
por Demétrios de Phalére teria descrito fenômeno similar ao visto por
Naum nas noites anteriores, um feixe de luz no céu que tanto lhe
impressionou que o levou a escrever sobre isto num de seus livros. Assim
introspectivos sobre o conhecimento que estudava assim como o que
também pensou ele consigo mesmo se tal tinha alguma relação com o
fundador da biblioteca. Ficou ele ali por longas horas sentado parando
apenas para sua refeição e quando se deu conta já era o fim da tarde.
Naquele momento enquanto lia quase o final do livro ele ouviu como a
ecoar pela biblioteca já vazia o nome “Filoversismo”. Levantando seu
rosto para procurar de onde veio, notou todos os lugares daquele quarto
vazios quando repentinamente ouviu novamente tal termo. Perplexo Naum
saiu do lugar e caminhou pelas estantes a notar apenas ao fim do
corredor um bibliotecário vagando na porta de saída enquanto o último
consultante saia de lá. Olhou ao redor quando sentiu algo como um
respiro a ecoar por toda sala. Agora Naum estava assustado legitimamente
e quase correu por temer haver alguém. Porém, tentando submeter suas
emoções a sua vontade canalizou todos seus pensamentos a procurar sobre a
palavra antes dita pelo misterioso homem árabe no setor de livros
alquímicos onde haviam alguns escritos secretos que supostamente daria
poderes criadores ilimitados a seu conhecedor.
Acendeu um candelabro enquanto os demais bibliotecários assim o faziam
por toda extensão da biblioteca pois mesmo após fechar continuava
funcionando até que o material fosse organizado e toda movimentação
registrada nos catálogos. Assim Naum rodou seus olhos por todos textos
possíveis a procura de qualquer pergaminho ou manuscrito que indicasse a
existência de tal palavra. Viu encantamentos, magias para criar golens e
todo tipo de sussurro mágico que trouxesse a existência algo que não
existisse, não havia nada parecido a isso em qualquer tipo de magia.
Naum então sentiu um intenso frio e com um medo proporcionalmente
intenso levantou-se até que ouviu uma voz, a voz daquele árabe
misterioso.
- Você ouviu a palavra, não ouviu?
Naum virou-se tentando manter a compostura e a seriedade de um profissional, mas por dentro estava desabando de medo.
- Não é de mim que tem que ter medo. – disse o homem como quem
percebesse o que Naum sentia - O que ouviu fora um eco assim como o
sussurro. E o que é o medo se não um eco do abismo?
- Porque? – indagou então ele contendo a voz para não ser um berro.
- Porque é a pergunta que nos fazemos, mas o abismo não responde. Mas
você faz seu trabalho direito com todos seus registros, o porque é
simultaneamente a pergunta e resposta. A palavra é de outro tempo. Você
não encontrará origem etimológica por que corromperam sua origem.
- Como assim?
- Você deve saber apenas o que é necessário para seu destino. – retrucou
o árabe ignorando a pergunta – Infelizmente saber mais poderá
comprometer negativamente seu tempo. Agora ouça os homens de negro
tramam incendiar a biblioteca e todos seu acervo e registros, quanto a
isso nada pode fazer, mas pode salvar o que para vocês será perdido.
Naum continou sem entender o que ele queria dizer mas o árabe continuou a falar.
- Perto dos portos, os homens de negro realizam um ritual onde tentam usar as palavras para transtornar o tempo. Filoversismo.
- Isso é o que trouxe aquelas esferas âmbar aqui dentro? – indagou Naum.
- De certo modo sim. É um conhecimento que trás palavras a vida, por
versos que como verbo movem a ação e da ação ao fato. Assim como a
própria palavra em si surgiu. Porém, sua má aplicação, ou aplicação
antes do tempo, trará transtornos. Pois os homens de negro querem tirar
sua origem, com certo êxito admito, ao menos aqui. O que quero que você
faça e mostrar ao ancião o que está acontecendo no que estes praticam
secretamente.
- Mas o que eles fazem? – insistiu Naum.
- Tramar trazer a guerra e culpar quem quer que esteja no caminho. Por
vezes o ímpeto egoísta da ganância confunde o alvo da inveja com o
motivo da guerra.
- Continuo sem entender, você invade aqui e sem quaisquer provas pensa que pode me dar ordens?
- Estou lhe indicando onde estão as provas e espero que você não queira
uma guerra começar para ter provas maiores de que falo a verdade. A
guerra é o fracasso do ser humano como humano, é o triunfo essencial do
mau, mais que heróis a guerra faz vítimas. E entre elas o conhecimento!
- O livro que você procura é este? – falou Naum mostrando o livro ‘O
Primeiro Seth’ sob seu braço, mas ao olhar novamente para onde estava o
árabe, ele havia desaparecido.
Naum rodou por toda sala murmurando pelo homem a procura dele, mas
nada encontrou, e quando fora até a portaria perguntar se alguém havia
por lá passado, prontamente fora negado pela guarda. O homem havia
desaparecido como por um encanto assim como surgiu de acordo com a ideia
de suas palavras. Sem o que fazer restou a ele apenas ceder mais a sua
curiosidade a ir ao lugar onde ele falou do que acreditar ser verdade o
que ele dizia. Naum saiu sem falar com seu mestre ancião, antes seguiu
pelas ruas de Alexandria temoroso por ser seguido e achando haver homens
caminhando nas sombras o observando.
Porém, ele fora até o local designado e procurando entradas para um
subsolo conseguiu achar junto a onde depositavam lixo dos navios que lá
ancoravam. Naum desceu por um corredor de pedra cujo teto era baixo e o
fazia andar curvo sobre si mesmo. Mas tão logo ouviu vozes entoando algo
como um cântico a lhe proporcionar arrepios associado aquele lugar
fúnebre. Ao ir pelos esgotos viu uma abertura até uma grande sala
encravada no subterrâneo a semelhança a um templo e assim ouviu um homem
falando em latim e depois em sua língua dizendo.
- Honras as horas e a o Designnium o qual nos trouxeste tais
conhecimentos! Temos o poder do Filoversismo de criar assim como levar a
inexistência!
- Filoversismo! – disse um coro de todos os homens presentes que vestiam negro e tinham um capuz cobrindo seus rostos.
- Tragamos a existência e tiremos a origem! – falou o homem que estava
diante de um altar com um tipo de sacerdote. - Quando alinhamos nosso
falar com o que fazemos alinhamos a realidade mental com a realidade em
que vivemos, mas antes com o futuro mudemos a realidade!
Aquele homem falava algumas verdades sobre aquela palavra, verdades
que, no entanto, estavam sendo distorcidas inerente aquele conhecimento o
qual o árabe disse, e sobretudo tirando de alguém que lhe concebeu.
Assim Naum notou que tanto o que falava o árabe era verdadeiro, aqueles
homens estavam transtornando a verdade e o conhecimento e tinham um
poder que aparentemente poderia dar-lhes poder imensurável. Assim seu
sacerdote continuou...
- Façamos males e tornemos em bens pelo Filoversismo! Sigamos as
ordens de Omar, o vencedor e tornemos em chamas a biblioteca para que os
homens não mais saibam a verdade e sua origem, pois nós mesmo a
faremos! Vamos tomar o que deve ser nosso, o primeiro seth. sejamos
então seus guardiões e autores para que suplantemos os fracos e
destruamos os menores.
- Filoversismo! – entoaram os homens em concordância com ele.
Ao ver o rosto do homem notou Naum que era uma pessoa conhecida por
aquele lugar, era Amr ibn-el-As, um súdito de Omar e que usava pretextos
do cristianismo para tentar impedir o conhecimento lá presente de ser
revelado. Estarrecido pelo dito e visto, Naum saiu assustado do lugar
temendo ser notado, pois percebeu que os homens de negro, que realmente
existiam, carregavam punhais em suas mãos e pareciam prontos a usa-los
em quem quer que fosse a cruzar seu caminho assim como em seu
companheiro de biblioteca.
Não era a primeira vez que a biblioteca sofreria um golpe e saques. Em
272 d.C. legiões de Aureliano durante uma guerra contra a rainha Zenóbia
invadiu a cidade de Alexandria destruindo a biblioteca que em tempos
seguintes se reconstruiu, e o mesmo parecia se suceder em iminência
naquele momento num golpe verdadeiramente criminoso contra o
conhecimento humano.
Ao sair do lugar Naum correu pelas ruas da cidade até a biblioteca a
procurar o mestre ancião do conhecimento. Dormindo, Naum o acordou dada a
importância da situação, ele tinha provas não somente da existência dos
homens de negro como de que tramavam saquear e destruir a biblioteca.
Inicialmente incomodado o ancião resmungou palavras de mau humor ante a
interrupção subida de seu sono nos aposentos da biblioteca onde era uma
espécie de curador. Porém, tão logo, Naum narrou todos os eventos
precursores de uma trama às sombras para minar e sabotar o que era como a
babel do conhecimento.
Vendo a gravidade da situação o ancião chamou os demais bibliotecários a
irem junto a Naum não somente procurar pelo Primeiro Seth para
protege-lo assim como pesquisar sobre quaisquer registros e livros que
cruzassem informações sobre tal linhagem e seu conhecimento. Naum
reafirmou seu novo encontro com o árabe misterioso – que na realidade se
quer parecia árabe tirando suas vestes – e assim caminharam hora antes
do sol raiar para iniciar suas buscas e intensificar a guarda da
biblioteca.
Seguindo informações de um dos bibliotecários um epiteto do deus
Marduque os seth eram descritos como Shitti numa termologia bastante
similar a utilizada pelos árabes em seus escritos que os identificavam
como profetas. Havia também um seth jaredita no Livro de Éter, porém,
desconhecia quaisquer outros relatos ou conhecimentos a estes
relacionados.
Ao raiar do sol, o cansaço tomou conta dos que isso buscavam de modo que
o ancião procurava conciliar energéticos com as buscas e intensas
leituras de textos variados. Naquele momento então todos ouviram um
grito a ecoar pelos corredores lotados de livros, alguém do qual havia
padecido algum ataque ou descoberto algo. Todos foram correndo ao lugar
de onde os gritos vieram a ver um dos bibliotecários estressados
afirmando ter visto um dos supostos homens de negro e apontando a
direção para onde fora.
Naum correndo pelos corredores se separou dos demais a fim de facilitar a
busca pelo invasor e sabotador daquele monumento do conhecimento
coletivo quando viu pergaminhos caírem do alto de uma estante. Sozinho
ele virou-se para o alto quando notou uma sombra se esconder no topo da
estante e assim Naum gritou por seus amigos dizendo tê-lo encontrado. Ao
tentar subir o homem começou a lançar livros e pergaminhos contra Naum
que prontamente se desviou destes enquanto os via se estraçalhar no
chão. Os bibliotecários adentraram o lugar enquanto alguns outros foram
por de trás tentando cerca-lo e naquele momento o homem de capuz apenas
gritou.
- Vejo a queda deste lugar assim como os que descobriram a verdade! Assim como aquele seu amigo morto por mim.
Naum não se intimidou e mesmo com sua dificuldade social canalizou
toda sua concentração ao alcanço do invasor quando este saltou para
outra estante olhando para trás. O homem tinha como uma tatuagem tribal
em todo seu rosto, e de pelo morena se assemelhava a um mulçumano.
Tomando impulso Naum saltou para a mesma estante enquanto ele agora
corria sobre ela para seu outro extremo. Ele balançou por cima da
estante a fazendo inclinar e ameaçar cair e pulo para outra fileira, mas
caindo apenas com as mãos a segurar-se nela enquanto os demais
bibliotecários corriam em baixo gritando para pega-lo. Um deles
conseguiu agarrar seu pé e nisso Naum o alcançou e levantando seu capuz o
viu com seus dentes podres a sorrir e murmurar palavras em latim até
que se soltou caindo em meio aos demais bibliotecários. O homem então em
meio a evidentes dores por ter caído enfiou as mãos em seus bolsos e
tirou uma frasco e o abriu engoliu seu conteúdo. Era veneno.
Não então abaixou-se segurando em suas roupas perguntou.
- Porque não são capazes de compartilhar a verdade em sua plenitude?
- A verdade e sua origem e autoria não importa assim como seus
descobridores, mas sim as ideias dela! Estamos aqui desde o começo da
biblioteca, e o que tem poder para edificar também o tem para destruir. –
disse o homem quando repentinamente começou a agonizar e completou –
Isso é maior que você! E assim como Nero incendiaremos e culparemos os
cristãos.
O homem morreu ali em meio aos bibliotecários enquanto o ancião caminhava em direção a eles, quando ele resolveu falar.
- Acho que temos de procurar Amr ibn-el-As, no mínimo ele nos deve satisfações.
Naum acenou concordando sem saber que naquele momento o incêndio
começaram ao sentirem com suas narinas o cheiro da fumaça chegando-se e
sem palavras dando tempo apenas de se entreolharem e assim partirem em
direção ao foco de incêndio. Os bibliotecários foram enganados, aquele
homem de negro era apenas um batedor usado como isca.
- Peguem os livros mais preciosos e chamem toda guarda! – disse o
ancião – Naum vamos até ao Primeiro Seth, temos de protege-lo!
A correria que sucedeu levou os bibliotecários a se espalharem para
diversos setores a procurar os livros mais importantes e raros de suas
coleções sem dar tempo se quer de pegar o catalogo com todos registros.
Certamente alguns deles viram alguns homens de negro sorrateiros pelas
sombras pegando alguns manuscritos num movimento coordenado. Um deles
fora confrontado por um dos bibliotecários que conseguiu tomar-lhe seu
punhal o matando. Porém, as chamas rapidamente avançam fazendo com que o
lugar envolto em fumaça dificultasse as buscas pelos livros.
Na realidade o golpe fulminante naquele compêndio do conhecimento fora
desferido em vários pontos antes previamente combinados e de acordo com a
posição do vento sabendo que este poderia atrapalhar o que antes apenas
naquela reunião vista por Naum era a concentração para tal ato
iminente. Assim Naum notou que justamente onde estava o livro de
Primeiro Seth era um foco do incêndio, de modo que palpando tudo a sua
volta procurou pelo livro enquanto sufocava pela fumaça numa crise de
tosse. Naquele momento uma estante desabou sobre uma mesa de leitura
dando-o tempo apenas de se jogar para outro lado quando viu um dos
homens de negro igualmente procurando um livro. O ancião surgiu tentando
acudi-lo para resgatar os papéis assim como ele, mas recebeu um chute
do homem de negro em seu rosto o fazendo cair. Naquilo ele contemplou o
livro perdido e o pegando abraçou com um sorriso funesto quando algo em
meio a fumaça o atingiu fazendo-o igualmente cair desacordado. Era o
misterioso árabe que vendo o livro pegou em seus braços e levantou seu
amigo Naum dizendo para air dali pois a biblioteca estava condenada. O
ancião levantou-se e vendo o homem olhou para Naum reconhecendo-o pela
descrição. Sem nada dizer apenas olhou para os braços vendo O Primeiro
Seth quando o árabe disse.
- Acredite seu eu não salvasse o livro ninguém o salvaria, mais pode
ter certeza que toda verdade aqui ocorrida será preservada assim como o
livro, onde um dia tudo será contado.
- Mas e os demais livros? – indagou Naum em meio um ataque de tosse.
- Lamento não podemos mudar o curso natural da história. A verdade é
constante, assim como os seth, e somente os constantes tocarão o
destino. Filoversismo não digam essa palavra até 15 gerações! Fiquem em
paz.
O árabe desapareceu em meio a espessa nuvem de fumaça enquanto luzes
de chamas já se poderiam ver em labaredas cujo calor já os tocavam,
forçando todos presentes a sair com os livros que conseguissem carregar.
O ancião ficou em prantos ao contemplar todos os anos de sua vida serem
incinerados covardemente por saqueadores e sabotadores, ele havia
devotado literalmente todos os seus anos vivendo naquele lugar
catalogando cada livro, pergaminho e conhecimento de todo tipo de
cultura. Naum colocou suas mãos em seu ombro e disse lamentar
profundamente por aqueles covardes e seu ato malévolo. A humanidade
naquele dia se tornou mais idiota e ignorante.
- O que vocês conseguiram retirar das chamas? – indagou o ancião tendo olhares lamuriosos dos bibliotecários que diziam.
- Não muito. Disse um deles
- Não salvamos obras de Pitágoras, livros de Bérose sobre seres de
outros mundos, de Salomão e raridades indianas – completou outro a
observar todos os manuscritos pegos diante daquele bólido de chamas ante
o amanhecer dourado por um incêndio.
Naquele momento, porém, Naum observou algo sair em meio as chamas da
biblioteca. Como uma esfera de cores semelhantes ao fogo se destacou das
chamas ao mover-se rapidamente entre a fumaça a espalhando pelo redor
ante o vento. A mesma sonda que ele vira outras vezes e assim se
emocionou enquanto o velho igualmente padecia até que a sonda
repentinamente desapareceu diante não somente de seus olhos, mas dos
demais bibliotecários que todavia juraram não revelar sobre o que vira
assim como sobre a misteriosa palavra sussurrada por aqueles corredores.
Algum ponto do futuro distante, séculos mais tarde.
O lugar destoava por completo de todas edificações antigas de
Alexandria. Com prédios metálicos e de vidro reerguidos de modo
imponente como espelhos a refletir um céu dourado ouvia-se duma multidão
centrada num prédio central aplausos e alvoroço de vozes emocionadas
com algo. Era um prédio com um títulos em letras maiúsculas escrito
TEMPUS e ao lado de uma estátua de seu fundador surgiu aquele árabe
misterioso ainda em trajes da época diante de uma multidão em delírio a
darem aplausos a este cujo nome era Dominic Kaspar enquanto tirava os
trajes diante deles. Emocionado ele olhou para um telão onde imagens
holográficas saltavam da tela mostrando imagens da antiga Alexandria
enquanto uma mensagem abaixo dizia timestream.
Nisso surgiu um homem recebido igualmente a aplausos, pois era o
próprio fundador daquele lugar, Apocon Keystone que em seguida colocando
seu braço ao lado de Dominic disse.
- Meus amigos, por séculos padecemos a violência, pestes e mentiras,
mas hoje com a TEMPUS temos a oportunidade de contar a verdadeira
história da humanidade ligando diretamente o nosso presente ao passado
de nós mesmos. Assim como nosso amigo que apresentou esse documentário
sobre a história da biblioteca de Alexandria, resgatado de uma vida de
condições sub-humanas fazendo o mesmo com a verdade e todos os seus
descobridores, criadores e guardiões ao longo dos tempos. – ele parou e
olhou então para Dominic que chorava – Por isso agora vos apresento o
livro de Primeiro Seth!
Os aplausos foram enormes, pois aqueles cuja linhagem antes
desconhecida libertaram a humanidade da mentira ao conceberem um
conhecimento a ampliar a visão para outras dimensões. Apocon mostrou o
pergaminho original diretamente da missão temporal feita por Dominic ao
passado em ligação continua com o futuro. A origem dos primeiros antes
de serem lançados pelo ostracismo, mas não ao destino que corriam em
suas veias por gerações, ainda que perseguidos e quase destruídos. E
assim continuou Apocon, olhando para a enorme tela holográfica que agora
mostrava a biblioteca de Alexandria em chamas e enquanto as sondas que
filmavam diretamente do passado mostravam aquelas imagens de lástimas a
um momento negro da humanidade. Naquele momento uma voz de mulher
começou a narrar os acontecimentos quando todos viram o rosto de Naum na
tela emocionado ao contemplar a sonda.
- Estes bravos heróis antigos tentaram proteger o conhecimento e a
verdade ainda que uma ordem obscura de inimigos do conhecimento e da
verdade, tentaram possuir o manuscrito o ocultando e
tirando sua origem para benefício exclusivo e tentando destruir o
nome do autor para se atribuírem a autoria. Fora justamente seguindo as
pistas da palavra Filoversismo como síntese as dimensões que a nós
preexistem que chegamos aos sabotares de nosso conhecimento e linha. Uma
palavra sem origem aparente na etimologia, mas que sendo notada no
passado indicou uma discrepância na linguagem que fomenta a teoria de
interferência temporal, o termo Filoversismo fora criado apenas no
século XXI, porém seu feedback rompeu o tempo ao passado de alguma
forma, fazendo perder sua autoria deliberadamente. Quem sussurrou tal
palavra nos ouvidos dos homens de negro? Designium. O milenar adversário
da humanidade assim como de toda origem e verdade.
Todos aplaudiram lançado fogos e confetes de papel que desciam para
todos os lados enquanto agora a tela mudou para imagens em close do
manuscrito. E a voz continua a falar.
- Enquanto estamos neste momento impedindo os homens de negro
revelamos aqui a verdade em seu dia, dia 25 de abril. Todos os
importantes livros e raridades foram catalogados e gravados por nós
durante 100 madrugadas. Assim mostramos nós a origem e o fim de um dos
maiores polos culturais do mundo perante sua eternificação. A História
finalmente torna-se ciência empírica e os manuscritos do tempo estão
sendo reunidos a compreender este fantástico mosaico que cruza a
eternidade. Já possuímos quase todas as peças deste quebra-cabeças e
mesmo que os pilares de seth não tivessem em Siriad, já conhecemos quem é
o autor deste livro principal de nossa mitologia.
As imagens traziam na tela especificações das condições materiais do
manuscrito assim como detalhes de sua composição simultaneamente
investigada enquanto eles estavam com o livro na mão. Daqueles dados se
deduziu a idade a aproximada e por leituras quânticas o tempo em relação
a equivalente entropia do tempo em que pertencia. Agora pego com luvas
por uma mulher esta o colocou com um sorriso de felicidade envolto em um
tipo de plástico para protege-lo enquanto as palavras eram traduzidas
do aramaico antigo a várias línguas revelando as mensagens nele ditas.
Por fim o auge de uma civilização ainda que temorosa com seu próprio
passado, mas triunfante sobre suas próprias mazelas. Aquela era a
história de onde veio o Primeiro Seth, parte dos Manuscritos do Tempo.
Esse conto é parte integrante do livro 'Neuroversus' de Gerson Machado de Avillez.
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