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terça-feira, 26 de abril de 2022

A Grande Aventura do Moralismo de Alta Periculosidade


"As sociedades têm esses monstros. E esses monstros não acabam junto com ditaduras. Os monstros estão permanentemente nas sociedades".
Nancy Guzmán

A verdade que é racionada de um lado, e esbaldada como mentira doutro. Isso, pois a formalidade é o limite e regra daqueles que tem por fachada o moralismo e duplo padrão moral dos que no oposto acham ter o direito de fazer qualquer crime. O mesmo preceito da menoridade intelectual pelo qual os maiores estupradores e matadores seriais de vítimas indefesas e sem culpa costuma se colocar na comunidade como aqueles "acima de qualquer suspeita" ao ater-se em círculos sociais e uma vida diametralmente oposta do que leva as escuras. Esse efeito é necessário a vaidade narcisista, sendo a maior fonte de engano e simultaneamente sua maior fraqueza, a exposição integral de seus atos atrozes. 

Ted Bundy é um dos exemplos mais clássicos, enquanto levava uma vida aparentemente comum, com mulher e filhos, tendo aparentemente ótimos relacionamentos, o oposto pode ser visto nas vítimas deles ao serem destroçadas quando não desaparecidos e mortos.

Das religiões aos diversos tipos de governos de sociedades de todos os tempos, criaram regras dos quais buscam formalizar práticas de conduta do qual o expoente maior é a lei. Disto da honra, virtude a moral, suas múltiplas formas criam convenções sendo doutrinárias ou filosofias de vida. A exemplo da etiqueta como pequena ética (termo originado nas cortes francesas) são apenas formalidades do aparente ao contrário da ética do inerente ao ser integral, isenta e transparente (independente do momento, lugar ou circunstância), disto o conceito do caráter que ao contrário da elegância ou reputação quando o primeiro denota a verdadeira natureza e personalidade da pessoa.

O íntegro trata todos de modo igual, não todas atitudes de maneira idêntica, antes em proporção repreende o erro, elogia o acerto, condena o crime e beneficia o direito, ainda que sabendo haver um modo de se portar e se vestir numa praia ante a diferença de estar numa entrevista de trabalho, isto não significa fazer ou aceitar o crime em circunstâncias diferentes.

Um hipócrita se traveste de acordo com a circunstância, não em resposta a ela, mas de acordo com esta. Entre bandidos é bandido, entre estupradores um estuprador, entre padres é santo casto, ante um policial um trabalhador, mas entre miseráveis e vulneráveis desdenha! Este não entende a simbiose e proporcionalidade da situação antes julgando a pessoa de acordo não por suas atitudes, mas posição. Disso a mesma raiz discriminatória do preconceito, que julga o adjacente ou aparente, não o inerente. O tipo que trata bem apenas ao superior e pisa sobre o subordinado ou os que estão em menor posição,  como exemplos.

A honra, virtude, moral e ética são organizações de regras sociais e comportamentais da relação do indivíduo ante o coletivo. Sendo inerentes as relações estabelecidas em dado momento de uma cultura e sociedade estas tem por ápice a lei como delimitadores legais entre o certo e errado. Ainda que a lei defina o agravo (pois nem todo erro ou pecado é crime, mas todo crime é um erro e pecado na democracia) estas buscam normatizar padrões de condutas harmoniosas a ordem social e pública. Disto deduzimos que determinada moral pode ser criminosa ou antiética (como visto em outras culturas como gangues ou tribos, por exemplo), levando a uma lógica que atende a critérios estéticos de simetria das relações ao contrário da etiqueta como da estética da aparência de formalidades enquanto a ética aplica-se igualmente a informalidade tanto quanto a diferença entre a elegância e caráter.

Logo, definimos abaixo os seguintes critérios de uma legítima ética:

Recíproca: Apresenta uma proporcionalidade respeitosa correspondente a uma atitude aprazível, sendo aplicável em vários setores da sociedade, como a exemplo de um preço correspondente a qualidade de um produto ou serviço comercial; Similarmente ao afeto, cordialidade, amor e etc.

Proporcionalidade: diferente da recíproca esta não representa uma resposta igual a atitude, mas na simetria corretora ou neutralizante correspondente ao ato de um crime ou erro;

Integridade: A correspondência isenta em prática das anteriores. O íntegro trata todos de modo igual, não todas atitudes de maneira idêntica, podendo estas serem recíprocas ou proporcionais, porém, todas simétricas;

Disto sabemos que cada ato bom suporta a si mesmo numa recíproca ao estabelecer um vínculo de simbiose simétrica ao contrário de más atitudes que por essa razão devem ser neutralizadas e corrigidas. Similarmente sabemos assim que a verdadeira justiça não sofre a si mesma, pela mesma razão que uma penalização apenas convém ao equivalente erro, não o ato de justiça por não sê-lo, mas corrigi-lo e puni-lo. Logo, o correspondente anula o oposto, e o recíproco corresponde ao que complementa a si mesmo em mútuo.

A relação simétrica de ambos ao ser estabelecida, sendo pacificadora, traz harmonia ao contrário de seus opostos em conflitos, desigualdades, danos e prejuízos dolosos. 

Sendo dentre relações de indivíduos que sabemos que do conjunto dessas relações individuais que nasce o coletivo, tanto como dada cultura e seu Ethos. E sua ruptura tem por sintomas as características citadas; logo, mesmo a desigualdade de direitos sob um viés constitucional, por exemplo, pode considerar-se um crime contra a democracia. Por isso sob a etiqueta e formalidade de rituais ou ritos podem se camuflar verdadeiras bestas o qual a monstruosidade manifesta-se apenas na informalidade e oculto.


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