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terça-feira, 21 de setembro de 2021

A Filosofia do Clã dos imortais

O trecho do projto literário "Diários da eternidade" de minha autoria é uma novela o qual um imortal passa a participar de um suposto clã de imortais:

Na multidão se conhece as relações sociais, na solitude a si mesmo. Mas estar só sem se conhecer é solidão, estar junto sem harmoniosa união e manada. Disso os instintos são o efêmero animal, pois apenas o autoconhecimento e o social é imortal.

Quando conhece a si mesmo você se torna extensão do universo quando sincroniza e flui com ele. Como uma árvore as raízes estão no passado, galhos são o futuro de possibilidades e os frutos no momento certo como os efeitos das ações. Com alguns o passado nunca é um presente agradável. Algumas raízes do passado secam, alguns galhos de possibilidades caem, mas o tronco do presente deve estar saudável. Quando as raízes do seu passado foram bem nutridas mesmo que algumas sequem a da seiva do autoconhecimento nunca definhará. Seu corpo é o presente mas sua mente como a seiva da árvore pelo todo pode transitar.

O corpo de mente vazia é apenas o presente, a mente de corpo oco é o doente. Compete a saúde dosar ambos, sem transbordar um e esvaziar outro. O fruto do autoconhecimento é o equilíbrio mente-corpo para que somente então a dualidade ser e cosmos se dissolva.

Assim o momento é o ponto do espaco-tempo da ação, mas de nada adianta fazer o agora sem pensar no futuro, ou o motivo no passado. A causalidade não pode ser fraturada, mas sucedida na busca da proporção e moderação como a razão do propósito. Seu corpo assim é o presente, mas sua mente o campo que transita nos tempos, das possibilidades futuras a proporção dos aprendizados passados. Dos sonhos e planos  o direcionamento ante as correções mediante o passado. O sábio assim domina seus anseios e desejos na encruzilhada dos tempos, como rédeas do autoconhecimento ao destino do espaço-tempo almejado. O destino espera, o sábio aguarda.

O futuro é o presente guardado para quem sabe esperançar, não apenas no controle da espera, mas do agir. Da causalidade germina o futuro o qual não apenas seus atos devem ser comedidos, mas as arestas caóticas do anômalo aparadas. As cigarras esperam anos para eclodir, as goteiras de calcário nas grutas séculos para forjar os dentes das cavernas, as mais valiosas pedras preciosas milhares ou milhões de anos no seio da Terra. A pressa é a desilusão do perene, e o movimento do efêmero, a vontade mortal do enfermo, do ego, ou da necessidade. A disciplina  não está apenas no corpo e na mente, mas no espaço e no tempo. Uns voltam sua inteligência aos músculos e outros os músculos a inteligência.

Tal como a pressão excessiva destrói ou deforma, a pressão leviana não da forma, a pressão certa dá rigor. Porém, força é bom, mas inteligência melhor, todavia a honra e a habilidade nascem na mescla ponderada de ambos. A técnica da disciplina, o repetitivo, e previsível, do adestramento. Os rudimentos medíocres e sem polidez desconhecem que nem tudo se vence com força e velocidade, quando a dose certa de ambos. O toque certo com a intensidade certa e na hora certa exige técnica e disciplina como canalização da habilidade. O mesmo se diz da honra, não se tratando de se adestrar por sua mera vontade viciada e condicionada, mas a disciplina autoconsciente que a canaliza.

A escolha certa não é a mais fácil ou a mais difícil, mas a verdadeira, aquela que conflui do equilíbrio da força e inteligência. Nela a palavra deve ser a régua dos fatos e da ação, não o mero anúncio da vontade, mas da honra o guia. O verdadeiro guerreiro sabe que muitas guerras se travam antes de partir para a espada. Os que te fazem perder o controle da boca vigie para que não perca o controle das ações.

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