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sábado, 4 de setembro de 2021

Hierarquização Fálica, a Potência Sexual Como Poder Dominante

Disponibilizo gratuitamente um trecho do livro 'Vício & Trauma' de minha autoria. O livro trata de como as tensões e desigualdade entre a classes se perfazem como reafirmação dos dominantes através da dicotomia de vícios e traumas. Quem quiser baixar o exemplar gratuitamente clique aqui ou adquira seu exempla físico clicando aqui.

Os prostíbulos e zonas de prostituição populares devem ser encarados como "cracolândias do sexo" donde surge a decadência de todos esses vícios na materialização de problemas sociais, culturais, econômicos e mesmo de vigilância sanitária por condições de higienes tão alienadas quanto a identidade e direitos das mercadorias do sexo lá negociadas. Lugares que funcionam como ópio mesmo ao trabalhador comum que usa do ato sexual dissociado da cidadania das prostituídas como escapismo e reafirmação de potência sexual da cultura machista. Um circo do picadeiro falocêntrico do qual o termo "termas" alude as antigas religiões onde o fumo de tabaco e gases de regiões vulcânicas eram inspiradoras a deuses fálicos onde serviam escravos sexuais ao serviço oferecido fazia do próprio corpo a personificação materialista de mercadoria.

Visitar esses lugares associados justamente com o termo "inferninho" deixa claro o acesso as diversões baratas dos instintos alienadores na total dissociação social e afetiva das relações sexuais promovidas por uma cultura hiperssexualizada. Dos outrora conhecidos como travestis que as margens da sociedade se prostiuiam e obrigados  mesmo a incorrer a crimes para sobreviver reforça uma cultura dicotômica em si ao apenas alimentar a criminalidade. Por isso conscientizar significa mais que dissipar a discriminação, mas interromper o ciclo pela cidadanização de suas vítimas antes que se torne o próprio mal que as induz num moto perpétuo de realimentação classista de realidades hostis, realidades dos quais alimentam apenas relações perversas e corruptoras. As garotas de programa são pouco mais que autômatos que seguem programações de fantasias sexuais simuladas e custeadas por moedas de desvalor social, pois mesmo o seu dinheiro recebido vale menos, tal como suas vidas.

A própria origem do termo bordel deriva de uma noção de pobreza onde a exemplo do francês boldel significa uma casa pequena tanto como alude ao conceito de fronteira (borda) numa conotação similar ao de margem (marginal). Disso fica claro a conotação classista da exploração sexual do qual o inferior, pobre, de classe baixa tem que sobreviver na exploração sexual. Há assim uma conotação perversa de uma pseudosofia instrumental como reafirmação da superioridade da classe dominante através da repressão sexual velada ou assumidamente. A falomania tem ereção em todos buracos que cria que por um trocadilho se alarga a proporção da desigualdade até se tornar abismo ou cova. O falocentrismo em sua filosofia ginecológica é um louvor a opressão e repressão como imposição da passividade. A passividade da sujeição submissa é expressa na sensação de passividade em todas áreas da vida. Essa passividade sexual tanto como social é ato de Imanência dessa filosofia ginecológica da sujeição onde o poder penetrante em sua imanência nos subjuga em todos sentidos. A fixação obsessiva com esse passivismo social exacerba a um fetichismo freudiano.

Essa imposição fálica à passividade pela força, sendo com homens ou mulheres sempre será uma demonstração de potência sexual dominante como prova apenas da própria inadequação social (do ato sexual ou não) ao sinalizar potencial desvio de conduta sexual as práticas de parafilias à exploração sexual. Tal subversão passa a ser reproduzida cotidianamente pela cultura ao reduzir o papel dessas ao jocoso "puta" e ao homem de "viado", "boila" como encarnação de tais discriminações

Essa filosofia ginecológica é oculta sob tal falso decoro de tabus discriminatórios. Da discriminação que pelo obscurantismo é promovida por esses falsos tabus se tornam permissivos apenas a crimes ocultos. O ignorado do desconhecimento é o abismo que sustenta a desigualdade do que é conhecido. É interesse apenas da ignorância ainda que sob a ilusão de saber.

Disso a obsessão sexual dissociada da afeição e objetificadora do qual como uma manifestação dessa hierarquia normalmente sob a alcunha falocêntrica de uma 'cadeia alimentar' advém de uma potência sexual daqueles que vulgarmente 'comem', se tratando do problema senil de imposição entre passivos e ativos em todos aspectos. Disso a vítima sofre as penas pelos males dos culpados como modo de circundar o verdadeiro problema a exemplo das maquiagens de bode expiatório que apenas fazem a manutenção do problema o fortalecendo ao reproduzir-se em si mesmo através de suas vítimas num ciclo vicioso.

O dominante assim é autoafirmado pela liberdade sexual sobre a supressão dos mesmos direitos nas classes dominadas como prova de que os que abusam da liberdade contra o direito alheio não são dignos de estarem livres por conflagrarem um problema a harmonia social como preceito de crime.

Livto 'Vício & Trauma' de William Fontana

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