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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Conto "Terapeuta do Inferno"

Jorgeson Tasso sofria de depressão após uma tentativa de homicídio num assalto. Com síndrome do pânico passava maior parte do tempo trancado em casa pois quando saia pessoas desconhecidas frequentemente passaram a hostiliza-lo humilhando-o e o ameaçando sem qualquer motivo coerente. Logo, ao ouvir falar de rumores de possessões coletivas associadas a um livro que promovia dor e medo ele pensou disso se tratar, pois mesmo na internet sofria ataques de adeptos daquele livro execrável como lixo moral que era, mas que vendia como água. Fora assim que ele procurou uma psicóloga chamada Dra.Julialba Owen da Silva conhecida por métodos nada ortodoxos de tratamento para depressão. Jorgeson marcou a consulta a alto preço e quando a hora chegou ele a encontrou tomando um chá enquanto lia o dito livro.

— Senta, por favor, Jorgeson. Tenho aqui sua ficha, sinta-se a vontade para falar.

— Tenho tido pensamentos negativos por tantas pessoas abusivas e tóxicas me ameaçarem, ofenderem e caluniarem sem motivo. Pessoas que nunca vi e perfis na internet visivelmente falsos.

— Calma, você está muito ansioso Jorgeson, você provavelmente está sofrendo de esquizofrenia por não ser capaz de reconhecer seus amigos.

— Mas eles falam até que me estuprariam e insinuam culpa por crimes que nunca desejei ou promovi. Por qual motivo são tão maus? Eles devem estar possuídos!

— Eles querem apenas brincar contigo! A maldade não existe, o diabo não existe. Só pessoas fracas como você enxergam maldade em brincadeiras tão puras. Você precisa se fortalecer, Jorgeson, na evolução domina apenas o mais forte. CID enganosos que associam atos como sadismo, masoquismo e transtornos de personalidades antissocial são equívocos pseudocientíficos pois a exemplo do que chama de "psicopata" apenas são pessoas inteligentes que enxergam com clareza sem as falhas de sentimentos fracos como o amor.

— Venho tentado praticar desenho e poemas pois me fazem bem, mas mesmo quando jogo meu Playstation 5 ao ganhar dos jogos me ameaçam mesmo que faça bem como alívio.

Naquele momento ela sacudiu a cabeça em negação e olhou para o chão com um sorriso sádico e falou.

— As vezes as coisas que parecem saudáveis ao fazer bem devem ser negadas, Jorgeson. A vida é sofrimento e dor, pois essa realidade é inferior e ilusória e o sofrimento salva e cura, certa vez um filósofo disse que "sofro, logo existo", e esse é o preâmbulo lindo da morte. Talvez você devesse usar alguma droga para abrir sua consciência para o mundo além.

— Mas a senhora não entendeu. Por causa disso tenho pensamentos de morte!

— As vezes você deveria fazer o que sente vontade. — Completou ela dando de ombros. — Já pensou em pessoas que podem estar estuprando a pessoa que você gosta? É muita crueldade você amar alguém e apenas trazer sofrimento por causa de pobres pessoas que são levadas a cometerem estupro culposo, por causa disso! Olha, as vezes você tem que abandonar o que te faz bem pois é mal, as vezes o sofrimento é libertação a dor como caminho da morte que é tão boa. Essa coisa de fé e esperança são pessoas que são apegadas a esse mundo ilusório como materialistas. A felicidade é uma ilusão, infelizmente.

— Mas isso é errado, promover o suicídio é crime! — Comentou ele decepcionado.

— Calma, Jorgeson. Faz parte do quadro psicótico achar isso, você não faz ideia quantos crimes e males pode ser responsável por ter essas ideias ilusórias de direitos e sonhos, mesmo o povo ignorante e tolo não percebe isso. O medo é o caminho para a verdade. Toma essa droga, neuroína. Pessoas injustas tentam criminalizar quando a verdadeira droga criminosa são críticas opostas e a esperança, um veneno que mata em vida! Por isso quando fazemos “mal" para alguém é para não sofrer, uma bondade. – Completou fazendo sinal de aspas com o dedo.

— Porém e se eu for pego com essa droga?

— Não vai acontecer, calma! Leia também esse livro best de seller de um amigo meu, O Evangelho do Medo. Ele fará você enxergar a verdade, a maldade tanto como essa realidade são construções ilusórias do ser humano! A matéria não existe! Estamos corrigindo da Bíblia a Marx por seus erros.

Jorgeson levantou-se com baixa autoestima e retirou-se. Quando passou pela rua uma viatura parou e ao revista-lo encontrou a droga o prendendo em flagrante com provas objetivas e inegáveis de porte de produto entorpecente. Deprimido ele em prantos se matou na cela, enquanto no consultório Julialba gargalhava extasiada de modo psicopatológico por um sadismo sociopático. Seus olhos ficaram amarelos quando fumegou uma pequena nuvem de vapores com odores de enxofre enquanto ela olhando para o alto no momento em que lá fora um número cada vez maior de pessoas pareciam possuídas a cometerem toda sorte de crimes por ódio, ganância e inveja por ela, Legião!


Conto da antologia "Devotador de Memórias" de William Fontana.


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