Páginas Sobre

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Conto 'Ladra Ventos'


Fonte: Google Imagens.

Quem nos defenderá dos que não podemos nos opor ou criticar? Quem julgará ou regulará aqueles ao qual nada obedece e contra a lei se ensoberbece?

Nesse mundo havia um sombrio e tenebroso Império do qual sob os sorrisos na surdina da noite desvelava a face por de trás da máscara da polidez. O imperador era só cortejos e seus súditos apenas sorrisos, quando as palavras bonitas velavam o agouro do oposto enquanto sua esposa, a rainha fitava com olhos cobiçosos terras distantes almejando no coração ser dona de todas riquezas e poderes terrenos. Entre a intensa estiagem a aridez em sua terra se estendeu e por incêndios as florestas carcomeu, enquanto os bons ventos da terra distante apesar de não abater a exploração daquele povo por eles, os fornecia todos viveres e matérias primas, dos talentos as riquezas do solo. Nisso seus olhos cobiçosos mareavam desejando ainda mais dor ao povo sofrido. E no silêncio o mais totalitário dos discursos se estendiam pelas sombras alongando garras sobre suas vítimas sem que se pudessem ter defesa enquanto ela dizia.

– Sobre minha mais alta montanha usurparei esses ventos para romper os maus agouros e as correntes marinhas que nos cerceiam de maior poder.

A maldição sob o ritual tenebroso como uma bruxa funesta passou invocar dor, sofrimento e injustiça. A partir daquele castelo edificado sobre uma mina deixou de dar sua riqueza e virando masmorra ao qual todos que ousavam desafiar o tenebroso Império cinzento que cobiçava o mundo inteiro e jurava misérias e desgraça caso seus mimos não fossem atendidos. Ao sabor sádico de quem espumava (enquanto seu marido usando discursos de altruísmo em palavras aos necessitados) a rainha trabalhava para que terras paradisíacas donde o povo pobre, mas livre e justo se tornassem seus escravos que uma vez massacrados veriam o paraíso se tornar purgatório, e dele o Inferno. 

– Libertis ad infernis, ecce ventus, ad ventus. – Invocava ela em palavras conjuradas com seus olhos vermelhos de ódio como se seu próprio hálito exalasse o enxofre das minas que das vísceras da montanha o qual habitava apenas encontrou o caminho do inferno que libertava.

– Quero sangue e dor, pois desse fedor ou meu perfume! – Vociferava ela de ódio aos ventos na espera dele carregar essas palavras e soprar tais misérias em seus habitantes. – Minha vontade é a lei, e cedo poder a libertar os monstros que criei.

Ao terminar aquelas palavras os monstros que das masmorras tiveram suas almas tragadas foram libertos como os demônios do inferno.

Os ventos das terras distantes se removiam como na tentativa de resistir em serem tragados e por suas atitudes trazer o desequilíbrio do caos a todo mundo alarmado. A ladra ventos roubava os ventos como o destino de muitos, e castigava os bons no frenesi daqueles que os ventos alimentavam o que era bom. E de tanto tornar e tomar os ventos, por inversão castigou os que criavam os ventos bons passando a laurear seus asseclas por malfeitos enquanto na severidade cruel escarnecia das dores e injustiças de pobres vítimas de tais.

A ladra ventos apenas criava monstros para seu advento. Seres que pareciam humanos, mas que jaziam sem alma, restando no invólucro de carne portas do Abismo temperadas pelo ódio do qual o alimento necrófilo era a vitalidade dos bons ao dilacerar seus espíritos entre torturas mil. Eles não faziam amor, mas apenas ódio. Monstros não fazem sexo, cruzam como num atropelamento de quem está em seu caminho, pois eles são o acidente na humanidade, para a humanidade, uma aberração psicológica como quem perante a bíblia deveria estar morto e perante a lei enjaulado.

Porém, não haviam jaulas aqueles monstros os quais apenas nas trevas atacavam, protegidos pelo silêncio e acobertados pela escuridão avançavam consumindo todas as almas que cruzavam em seu vão.

Logo, esse lugar paradisíaco se vê em risco de ter seu destino destruído pelas intempéries tenebrosas da aridez. Até que um intrépido perseguido por ela desenganado ao sofrimento e morte desvelou o segredo do Império do Norte.

Passando a ser conhecida como Rainha dos Ventos Roubados, a bruxa, no entanto, acabava apenas por trazer o caos climático no mundo pelo mero interesse egoísta de monopolizar todo o destino da prosperidade e sucesso pra si as custas de alheios. 

O povo dos ventos, como eram conhecidos, agora definhavam na escassez, pois em sua cultura amena e festiva era alimentada em moinhos de ventos que agora minguava as dores e injustiças para que ela prospere em seu reino de desigualdades e servidão falsamente travestido do contrário.

– Os sopros de vida ela leva por seus batedores acrescido aos ventos, e apenas nos deixa dores. – Comentou o combalido homem do vento por ela desenganado apenas por defender o vento que deles eram malogrado.

Todavia ainda que muito tenha semeado através do vento como as sementes levadas a lavrar as férteis terras, as palavras agourentas da Ladra Ventos havia dado a aridez seus espinhos ao sussurrar desejos dele surrar ao iludido povo do vento, manipulado por seu bafo quente da inanição social. Os ventos agora subvertidos se tornaram mensageiro do engano e infortúnio.

– Temos que matar e promover o crime, dar quem faz o contrário e nosso melhor, afim de aplacar a ira de quem agora tem o cetro dos ventos. – Vociferou um néscio levado pelos ventos do medo e ódio. E o povo vociferou em acordo.

Porém, o povo agora enfurecido no desespero da sobrevivência atacou o homem do vento sem saber que uma tempestade libertaria. O pobre perseguido pela bestialização irracional do ódio num último suspiro libertou um vento que lhe selou seu destino.

De lá a Ladra Ventos gargalhava de todo alarido. Ao ter atendido seu desejo de crime e discórdia via-se como se sua montanha tivesse crescido, pois ela sabia que os bons ventos dele advinha impedindo tragédia maior e uma vez sendo covardemente injustiçado agora libertou apenas o pior. O martírio é uma semente imortal donde germina uma reação ao contrário do suicídio moral e ideológico pela morte moral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário