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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Uma anarquia cristã é possível?

O Anarquista francês Pierre Proudhon nos século XIX pronunciou como dialogo de síntese a seguinte frase: "Propriedade é roubo, Propriedade é liberdade! Vocês dois estão errados Propriedade é impossível!" Naturalmente que somente com a ideia de propriedade que surge a ideia de roubo, assim como a ideia de crime apenas emerge sob a concepção de uma lei. O conceito anarquista que nega uma autoridade ou representatividade de um povo deste modo mostra o nonsense inerente a mesma pois sem lei - e naturalmente sem quem zele por elas - a arbitrariedade fica nas mãos do bom senso individual.
Num breve retrospecto a politica em suas bases agrega filosofia e psicologia pois a empatia é a base dos valores morais e estes da lei do qual o direito alheio é seu dever, e seu direito é dever alheio, a cerne da lei neste ciclo quando quebrada leva ao dolo ou a vilania assim como a razão sem sentimentos é psicopatia que por isso não tem moralidade.
Define-se então que a base do convívio em sua moralidade e da base das leis que apesar de aplicadas sem sentimentos trata-se da capacidade consciente de alguém ver algo ao alheio que não desejaria a si mesmo e assim se apiedar ao contrário dos maus, o mesmo principio se aplicaria a uma anarquia como uma regra de convívio comum.
A base da anarquia é a auto propriedade, ou seja, por meio da liberdade ter pleno domínio sobre si mesmo, algo que por si só está sujeito a interpretações subjetivas, psicológicas e filosóficas, afinal, um sujeito sem autodomínio, isto é, dominado por vícios ou suas emoções é realmente livre? Não compreendendo o ato de ser 'dono' de si próprio e de seu consequente livre-arbítrio implica essencialmente a dita consciência de modo que dissociais nisso não se enquadrariam.
Não bastando isso implica no direito de escolha, opinião, de liberdade de expressão e a ser reconhecido como um individuo, o que naturalmente sob a rigidez de determinados regimes como o mesmo fascismo não sucede, estes passam a ser como propriedade do estado totalitário. Mas onde está o equilíbrio entre um e outro? Da escravidão em suas diversas maneiras e mesmo distorções fantasiosas comuns ao mal, o direto requer o compromisso de dever alheio de modo que o próprio senso de liberdade anarquista é novamente contestada.

"Geralmente os anarquistas são levados a um beco sem saída quando tentam defender a praticabilidade de suas visões, quando as pessoas perguntam por exemplos históricos. Se destacarmos que ainda não houve um experimento anárquico completo, isso é tratado como uma prova de utopianismo."
James Tuttle - Tradução de Robson Silva. Revisão de Ivanildo Terceiro

Mas sobretudo é possível haver direito sem lei? Pois naturalmente pressupõe que seu direito é o dever alheio, e naturalmente temos um conjunto de leis implícitas a definir a linha entre um e outro. Por mais este motivo creio que o anarquismo atual é apenas uma 'tabula rasa' disfarçada, e quando extremada leva justamente a seu outro extremo, as mesmas ditadura de sempre. Ao longo da história da humanidade vimos como tantos governos surgiram e caíram, com ênfase nas anarquias (sempre curtas) e governos totalitários e fascistas, do nazismo ao comunismo, restando apenas a democracia como o mais prevalecente dos sistemas. Naturalmente que alguns países instauram uma teocracia a exemplo de países árabes mas normalmente com resultados duvidosos graças a extremistas e outras cepas do mesmo ramo, de modo que ainda que na bíblia proponha um governo teocrático o versículo determina "e cada um dará conta de si mesmo" como uma visível característica anárquica.

"Não há razão para que uma pessoa nascida no ano 2100 deva ter menos direitos que uma pessoa nascida no ano 2000, mas se toda a Terra tornar-se propriedade privada, e os donos de propriedade possam estabelecer as regras para sua propriedade, então toda pessoa nascida após essa data irá nascer como um escravo, e a autopropriedade se tornará uma piada."
James Tuttle - Tradução de Robson Silva. Revisão de Ivanildo Terceiro

Naturalmente enquanto isto não ocorre, entendo que a anarquia é o extremo da democracia enquanto o fascismo, comunismo e variações mais agressivas do mesmo estão noutro extremo, e o ponto chave nisso é justamente a propriedade, quer a si mesmo ou de bens e pertences que possui. De novo na bíblia vemos exemplos utilitários sobre governos, a propriedade é presente desde tempos remotos até os vindouros ou relacionados ao espiritual, afinal concebemos um Deus galardoador, ou seja, nos confere posses mediante as obras aqui realizadas. porém, aqui a transição é sutil mas que como num detalhe faz total diferença, o material ao imaterial - neste caso espiritual - propõe que possuímos uma alma e consequentemente o direito de escolha a interferir no destino desta para a redenção ou condenação. Ora, se possuímos alguém sua liberdade - e consequente culpabilidade - torna-se igualmente consequência do possuidor como um cão que faça excrementos na rua, deste modo associando tal a mesma discussão filosófica do determinismo: se Deus é nosso dono e consequentemente de nossas escolhas, logo não temos culpa por nada que fazemos, mas sim Deus!
O absurdo da questão mediante aos que tudo confundem numa sofisticação sofista interminável, é novamente resolvida pela bíblia sob a forma do livre-arbítrio onde Deus literalmente tirou nossa hereditariedade como Pai mediante ao pecado, até ante a redenção pela conversão a exemplo do cristianismo onde então voltamos a ser seu filhos, e filhos não implica ser dono, mas um equivalente a autor. Autoria é exatamente o ponto de interseção sob como de posses definem todo conceito de poder, controle e liberdade, na própria bíblia novamente vemos dicas do comportamento do verdadeiro deus àqueles que não são legitimados no poder. Baal, significa senhor, todavia não confunde-se ao conceito de Senhor, pois aqui Baal trás uma conotação - em suas variações - bastante similar ao do feudalismo e consequentemente material em que ele é dono, não autor ou pai, assim como o ato de escrever o livro implica autoria e quem compra o exemplar dono de modo que o ato de tomar uma autoria como o pressuposto do diabo com o homem pelo pecado demonstra não somente furto, mas mentira por negar o inerente a sua origem, como ditar que um pai não é pai. Curiosamente essa concepção sempre está atrelada ao materialismo que não por menos identifica os anjos que caíram neste mundo a exemplo de elementares e etc.
Considero patético e previsivelmente inútil instaurar conceitos antigos e ultrapassados do feudalismo associados a uma comunismo capitalista, não somente por ter sido abandonado anteriormente por reprovação popular, mas de que isto naturalmente prevê um fim similar, ainda que não menos sangrento, pois o materialismo que o é, sempre teve uma história maldita - do petróleo, ao dinheiro e suas variações - que se exemplifica o versículo que diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.
Todavia usemos outro exemplo comum mas sem relação a bíblia. Os índios tem uma concepção diferente de propriedade a da civilização ocidental, os hopi, por exemplo, nunca se consideram donos do solo, mas o solo donos dele. Mesmo que tal concepção divirja totalmente do cristianismo demonstra que a verdadeira concepção materialista é ilusória como o ditado popular que intuí que aquele do qual possuí muito dinheiro, o dinheiro é que na verdade o possuí. Faz-se legítima tal prerrogativa sob a óptica do consumismo capitalista que leva a uma falsa noção de liberdade por aquisições, pois tais bens materiais não são nossa extensão. Digo então não como cristão, mas politicamente, talvez a bíblia esteja certa novamente, pois no fim o que importa não é a materialidade, mas a verdade como herança - vide autoria - assim como o imaterial que pode-se traduzir perfeitamente a uma capitalização do conhecimento tão louvado por verdadeiros sábios gregos. A liberdade verdadeira assim está relacionada a sua auto propriedade e carga de conhecimento assim como hereditariedade, dando significado a máxima budista que diz: "não tenha nada além do que consiga carregar."
Examinando novamente a palavra de Deus constatamos que Josué não carregou o que possuía, mas lhe foi dado por onde passou seus pés. Aqui a posse novamente trás a conotação mais de hereditariedade posterior do que um exercício de mero domínio materialista. A antiga sabedoria bíblica judaica estava certa, pois Deus nunca disse para servirmos ao solo, mas antes que nos sujeitássemos todas essas coisas, o contraria a consequente conotação materialista do capitalismo atual.
Porém, retornando ao imaterial encontramos outro proeminente a ser resolvido, os sentimentos, como se concebe a liberdade requer responsabilidade e consequentemente consciência não somente sobre si mesmo mas aos demais conforme dito no começo do texto, aqui e cristalizado pelo dito popular "não faça com o próximo o que não deseja que faça consigo mesmo". Aqui notamos outra base comum para uma anarquia funcionar e que sentimentalmente tem um equivalente sentimental na bíblia, o mandamento de Jesus: "Ame o próximo como a ti mesmo". Isso define perfeitamente a consciência em determinação de afeição e base consequente de todas demais as leis de modo que os sentimentos são parte vital de tal liberdade assim como de uma anarquia, mas que pela própria colocação de Jesus incide uma lei ainda que atrelado a Graça, desde que dentro dela. Ou seja, se há lei, não é anarquia ainda que o apostolo Paulo mencione que a lei é para os que vivem sem (contra) a lei. Sobretudo mediante esse afeto como responsabilidade concebemos as relações que como um rede forma a sociedade. Quando falamos que somos responsáveis pelo que cativamos falamos de respeito por aqueles que nos amam demonstrando uma rede de feedback constante o que não é inerente a personagens como o anticristo ("não tem respeito pelo amor das mulheres) como em Isaias, assim como o respeito por sentimentos aos demais.
Como base a conclusão que se chega de uma anarquia é que tal não opera sem sentimentos comuns e que o materialismo ilusório assim como posses num espaço, levando aos únicos bens relevantes do qual a liberdade é consequente, o amor afetivo, a verdade inerente ao conhecimento e sua origem, e o tempo que temos nesse mundo. O espaço é consequente e fútil materialismo hereditário, mas com estes três imateriais o ciclo perfeito leva a herança única que importa, o destino. De igual modo não creio num anarquicapitalismo, mas que na própria bíblia dá uma ideia de uma perfeita governança que pela responsabilidade individual torna-se uma anarquia espontânea, não meramente teocracia.
Tenho como exemplo alguns pontos dos Estados Unidos onde comunidade inteiras vivem sem intervenção normal do governo federal ou local, a presença do estado se faz cada vez mais presente mediante a necessidade de intermediar conflitos ou uma situação de caos de igual modo que pede-se uma representatividade de liderança em momentos difíceis que ocorrem com Israel com figuras como Moisés que fomentam a aparições de messias e variações do mesmo assim como em períodos posteriores a Jesus - que não fora aceito justamente por se propor ser um libertador, não material, mas espiritual - com tantos falsos messias dada a acentuação situação pelo cativeiro de Roma.
A relação do sentimento é vital e vejo na figura de Jesus o combustor mais inacreditável jamais visto, somente como figura história é o maior vulto existente até hoje, certamente o personagem mais influente que justamente pelas ideias e conhecimento atrelado ao amor e a verdade - Ele se diz a Verdade - influenciou o surgimento e queda de governos em todo mundo. Porque? A palavra chave como dita é o amor que com sinceridade trás a conotação do que é verdadeiro, originalmente marginalizado pelos romanos e os próprios judeus justamente por tal condição aglutinou gradualmente os marginalizados por uma sociedade injusta pois trazia uma palavra de fé e esperança a estes como: "no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo". Compreendendo de igual modo o não materialismo propunha que nós apesar de estarmos neste mundo e sujeito a ele, não pertencemos a ele, ou seja, ainda que podemos prosperar não devemos nos apegar ao materialismo pois é justamente inerente ao mundo de modo que nossas posses não definem nossa liberdade assim como quem somos, mas quando materialistas o contrário pois tal definição é colocada mediante as obras, ou seja, o que fazemos, produzimos e atitudes numa relação clara com a autoria atrelada a verdade.
O amor é vital pois é base da moralidade como dito antes e sem moralidade, valores que coloquem limites, não castrações, a nossa liberdade são igualmente vitais, notem que o ciclo perfeito do amor, verdade e tempo se relacionam linearmente pois se dependem, afinal amar sem verdade é engano, e verdade sem amor não é moral assim como ambos sem tempo não acontecem pois é nosso tempo que define o que fazemos no mundo. A moralidade consequente é justamente que definiu a posição de liderança amada por seus discípulos, pois o injustiçado (humilhado) recebe o que chamo de transferência moral onde na realidade ganha mais valor que seu algoz e isso trás a conotação da fé.
Naturalmente que uma vez falando sobre a bíblia notamos que o tempo tem uma relação bastante implícita na bíblia, enquanto os consumistas e trabalhadores para tal não possuem tempo todas as demais coisas falham justamente por trazer uma conotação materialista e assim mais relacionada ao espaço que ao tempo. Ao contrário do que se propõe, os judeus fora um dos primeiros povos e ter uma visão particularmente cíclica e linear do tempo, como dito em 'Manuscritos do Tempo' os judeus consideravam o futuro oculto de modo que de costas a este era o passado que estava a sua frente pelas lembranças, e cíclico pois naturalmente atrelava a conotações não somente de estações climáticas como mesmo de suas datas de sacrifícios. Porém, algumas dicas são dadas quando notamos que Jesus é referido como o cajado que rompe os ciclos curiosamente similarmente ao cajado de Moisés ao abrir o mar vermelho como uma emblemática metáfora multifacetada do tempo.
Possuir tempo é vital, mesmo o Rei Davi pedia a Deus "corações sábios" para que pudesse contar seus dias sob a face da Terra, de modo que o bem comum a todos indivíduos que realmente importam são sempre são imateriais, e Salomão que apesar de considerado tão sábio se corrompeu justamente pelo mesmo materialismo a exemplo de suas mulheres e riquezas.
Resumindo todo o texto o conceito de anarquismo tenta sintetizar a liberdade individual, mas falha ao ser limitada a uma versão generalizada do materialismo como posse esquecendo-se que são justamente os combustores imateriais - e por vezes metafísicos - as motrizes de todas as relações sociais posteriores para se tornar possível tal.

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