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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Doar ou não doar, eis a questão!

Eu doo, doo a verdade para fazerem dela mentira, doo a autoria para que o não autor se revista dela como se fosse as armaduras da verdade que não se prática pois nega-se a origem.

Doaria se isso tirasse mendigos da rua, acabasse com a fome do mundo, o sofrimento de bichos, para acabar com a injustiça e impunidade, desigualdade, e discriminação, mas não doo pois ao doar a verdade a ser sacrificada em sua autoria seria justamente todas essas coisas, uma ilusão!

Poderia doar, talvez, a quem merecesse e precisasse, alguém que não tenha casa, carro, trabalho ou mulher, mas esse já sou eu e como um miserável poderia ajudar o outro? São os cegos que querem que enxergue o que, sua própria vontade simplesmente?

Poderia doar meus rins, meu fígado, poderia me doar por completo, assim como todos soldados que se doam nas infindas guerras de sempre, cada esfomeado na África se doa para que os mesmos ricos comam sempre em banquetes de festas e orgias, a cada estuprada que se doa pelo gozo do estuprador, a cada cachorro que se doa a ser açoitado para agradar o sadismo do dono, a cada verdade que se doa para dar lugar a mentira e a sinceridade doada para hipocrisia. Mas isso nunca melhorou o mundo, pois se doar ao mau, não mudará o mundo, mas antes o torna como é!

Se Jesus que sendo a verdade se doando não resolveu talvez ele esteja certo ao afirmar que o mundo jaz no maligno, e isso não é culpa de quem o aceitou. Pois a empatia é a capacidade de amar o próximo, mas se o próximo não me amar como a si mesmo, então terá sido em vão, pois gratidão é justamente lembrar e sem gratidão é em vão como o vão do abismo.

E quantos se doaram para ser esquecidos? Quantos se doaram diante do abismo, para que ao não honrar suas memórias demonstrasse que nada aprendemos que preste e que muito menos somos dignos de tal doação, são favores nunca merecidos para os ingratos de sempre, são tantos "jesuses" desconhecidos!

Não, não sou eu quem estou morto, são os idiotas que estão vivos! Não porque recebi uma cruz na lápide, mas uma estrela ao nascer a me exilar na existência como se inexistisse, isso é lógico ou ilógico?

O fato ser excluído da história não faz de mim esquecível, mas sim o esquecer comemorável, assim como a cada "doação" apenas o mesmo enriquecimento de sempre, a ilusão. O problema do mundo é que os idiotas são os bons, e os sinceros os idiotas, se cada um se colocasse em seu lugar o mundo poderia não ser perfeito, mas ao menos seria melhor pois ao menos saberíamos a quem poderíamos nos doar ou não!

É o esquecimento o Titanic do mundo moderno, ele engole a si próprio pois lembra apenas de esquecer, pela ingratidão, pois não sendo possível mudar o mundo vivo, não o mudarei muito menos me doado, jazido. Mas são os que não são capazes de honrar os vivos de muitas obras, os não dignos de serem honrados quando mortos.

Gerson Machado de Avillez

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