Páginas Sobre

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Empoderamento da Futilidade

Abaixo segue um trecho do 'Diário da Segregação Velada' que não será publicado, porém, o trecho em questão compartilho como justa reflexão aos que não são acríticos:


O título desse texto deveria se chamar 'o empoderamento da futilidade', pois nunca vi tamanho louvor ao trivial e banal como hoje na sociedade, especialmente ao relegar o que verdadeiramente importa à banalidade. Faria isso parte da inversão de valores mediante a crise do mesmo? Parece que cada vez mais as pessoas lutam entre si numa rivalidade destrutiva que ao contrário do verdadeiro espírito esportivo de uma competição saudável não reconhece o valor do esforço na derrota ou vitória, mas escarnece e desdenha numa luta exibicionista que leva apenas a inveja, vaidade, soberba e humilhação. Mas não só, ensina apenas a vitória a todo custo e a incapacidade de aprendizado com a derrota, no erro. Essa luta insana pela máxima performance nada tem de perfeccionista mas de superiorização inflada artificialmente por anabolizantes da antiética ao estimular não somente o consumismo ante os que tem e os que não tem, mas no orgulho do que faz ante o que não faz levando apenas a estes não poderem para que outros possam, deixem de ter os derrotados para que os vencedores tenham mais, em suma é o cânone motor da verdadeira desigualdade que alimenta o insaciável, o expansionismo perpétuo e contraditoriamente o monopólio. Verdades competições saudáveis estimulam o melhor, esse tipo de rivalidade imoral e antiética leva ao oposto, sabotagens, trapaças quando não fraudes e mesmo agregações ou morte. Basta olhar as torcidas do futebol.

É um frenesi entorpecente e insano onde deixo de poder ter para que possam ter o que eu teria, deixe de fazer para que apenas eles fazem, pois importa mais do que qualquer coisa estar por cima, ser mais, vencer, vencer, vencer nem que seja ao custo da destruição e ruína alheia. A moral menor apenas é maior inferiorizando, nunca é demais dizer essa máxima.

Particularmente acho pedante essa mediocridade, diria irrelevante, remetia aos tempos em que discutia com um colega do colegial o que ele tinha e eu não e vice-versa, era um moleque e no ensejo da brincadeira percebi anos após a bobagem tola. Pouco me importa hoje um ter um carro melhor do que o meu, ou que fulano seja gay ou não. Conforme uma filosofia muito correta os verdadeiros perfeccionistas competem com si próprio, se superam não superam alheios deixando um rastro de destruição no caminho.

Verdadeiros pensadores como o insuperável Sócrates disse que 'pessoas sábias falam sobre ideias, pessoas comuns falam sobre coisas, pessoas medíocres falam sobre pessoas'.Normalmente o último grupo expresso normalmente em massas embebidas no senso comum são criaturas curiosas que vivem de aparências repetindo modas e fúrias triviais enquanto discutem as preferências sexuais e sentimentais de beltrano ou ciclano. Poucos são os que realmente discutem questões pertinentes a sociedade que busquem melhoras e solucionar os problemas sociais, econômicos, ou questões existencialistas e filosóficas, descobertas científicas, pois esses opostos são parte justamente do próprio problema ao seguir o rumo predominante da niilidade. Daí o autêntico que faz o original é hostilizado, taxado de louco pela coragem de fazer o que ninguém faz, mas que seguem o fluxo como uma manada de gado iludido por espetáculos vazios, pois o que importa é chegar primeiro, ser o maior, ser o vencedor quando no final do fluxo está apenas o abatedouro. É o empoderamento da futilidade pela ilusão. Não se busca mais a verdade, respostas ou soluções a não ser soluções para a 'questão' do primeiro grupo citado por Sócrates, pois o relevante passa não ter valor e o que não tem valor é de supra importância, desde que se vença, sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário