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domingo, 27 de setembro de 2015

Trecho da autobiografia

Nos tempos colegial era hábil desenhista, tanto que nos tempos posteriores entrei num curso para aprimorar meus dons, primeiro um curso de desenho artístico e posteriormente de humor em cartoon. Cheguei a frequentar salões de humor com cartonistas conhecidos, como Arianauro, mas veio então o bloqueio criativo. Os anos seguintes do bloqueio criativo foram anos que nada importante estudei, aprendi ou produzi, foram dez anos perdidos no que chamo de grande vazio, ou O Abismo.
O Abismo é uma força negativa antagônica a toda criação e consequentemente a criatividade em seu estado puro, é como uma erosão a existência primeiro devorando as vocações e posteriormente o sentido da vida, propósito, 'porque' e sempre a de se manifestar em sua influência nefasta, nesta instância, como a depressão e outros transtornos similares. Ele cresce oculto, invisível e após atingir esses níveis começa a devorar a própria psiquê do individuo e mesmo suas memórias como se estivesse gradualmente querendo lhe parir ao contrário, à inexistência. Infelizmente existe avatares que manifestam essa força negativa, psicopatas ou sociopatas cujo o único sentido da vida é destruir quem melhor produz sobre premissas demagógicas, pseudo-intelectuais e falaciosas, são homens infernos genéricos aos demônios que espreitam assombrando como fantasmas devorando e sendo devorados pelo ódio e inveja tão inferiores a verdadeira consciência pura e livre.
Não venci O Abismo pois não se pode vencer a inexistência, trata-se de uma constante luta antagônica da vida e morte, do sentido e da ilógica algo que se apoia na mentira que é seu representante máximo, a voz da verdade que não existe, da inexistência que deturpa e distorce a verdade e a realidade definhando dons e vidas tornando em ninguém, nada.
Nunca mais voltei a desenhar, ao invés disto passei a focar meus dons visuais através do design e fotografia e transcrever o mesmo pensamento visual através de palavras re-afirmando uma vocação que possuía desde a mais tenra idade.
Criar é algo que O Abismo odeia pois ele apenas copia e repete as mesmas coisas do passado num ciclo viscoso e vão, sua produção é a "Anti-criação", ao que compele sempre a mesmice que gradualmente degrada, destruí, anula, deteriora e esvazia tudo que tem sentido e significado como se nos trancasse numa prisão onde os gritos de socorro nunca serão ouvidos com a mesma sensação de assistir uma morte brutal por motivo fútil nos noticiários atacando primeiro para chamar de inimigo depois.
O poder criativo torna-se a melhor arma por ser contrário a inexistência, pois toda criação torna a existência ao contrário da inexistência antagonia a toda natureza pois toda a natureza é existente. Assim a antinaturalidade do Abismo limita-se a mesma repetição pois nele perpetua-se apenas o eco no vazio.

Gerson Machado de Avillez

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