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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O Papel da Religião Hoje no Mundo


O Papel da religião é preciso na ausência de algo melhor que a substitua, não se trata apenas da busca pela verdade, mas pela significância moralizante ante um mundo que lhe é oposto, estando cheio de toda violência, injustiça, impunidade e corrupção. Se trata da fuga do homem dessa realidade numa tentativa de religar a Deus após sua pureza ser destituída pelo pecado, se trata, sobretudo da tentativa do homem tornar ao paraíso de onde foi expulso. Não se trata, no entanto, de tradição, mas da luta pelo ideal da pureza e perfeição por meio de dogmas e crenças que os afaste do inferno de aflições, misérias e angústias e aproxime de Deus e o paraíso.

A religião, diga-se especificamente a cristã, é a muleta de uma humanidade enferma de seus valores numa aguda e crônica crise. Deste modo a religião não habita templos mas perpetua-se pela crença e doutrina que são redentoras pela fé ao contrário do fanatismo paralisante que impossibilita o senso crítico compelindo a uma visão estreita do qual apenas se reproduz em suas ideias cegamente e em alienação, quando não pela força. Crença que "converte" pelo medo não afasta dos males do mundo, apenas o aproxima, sendo assim não é melhor do que se diz combater.

O materialismo de Marx ataca a religião como se fosse a ilusão por abster-se da matéria, mas é o intangível além matéria o que não implica sua inexistência como na mentira, de modo que substituí-la sem curar o que lhe faz necessária é substituir uma ilusão por outra, falha pateticamente, assim como falhou historicamente ao não trazer a felicidade a não ser simula-la falsamente, a mãe de todas hipocrisias.

A religião como instituição assim terá sua desfiguração sempre pelo poder humano que essencialmente é corrupto, nisto falha o sincretismo, como ocorreu séculos atrás pelo catolicismo e hoje por outras seitas - ao contrário dos sincretismos forjados nas senzalas de escravos - pois sua significação não é acolhedora, esclarecedora e reconfortante, mas de arrebanhar todos sob um mesmo poder ainda que sob um domínio disforme e polarizante e que assim, consequentemente, não acalenta quais quer anseios, destituindo assim seu papel central.

A exemplo do Deus bíblia a pretensa de poder parece nunca ter existido em vista que não tinha a intensão de ser Deus dos gentios, mas apenas de Israel, até que Jesus num ato de sublime empatia entregou-se livremente deixando claro que não havia quaisquer pretensões de domínio, mas sincera salvação humana. Isso parece confirmar o aspecto de que Deus, em sua onipotência, independe dos sacrifícios humanos e mundanos, especificamente após Jesus ressuscitar, pois seu domínio não é reafirmação de poder, mas sim de misericórdia sobre o homem, ou seja, acalentar, acolher e salvar, não seu oposto.

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