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quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Guia do Viajante do Multiverso - Capítulo 2

Publico a seguir o segundo capítulo do livro 'Guia do Mochileiro do Multiverso' de minha autoria. Dentro da mesma série de livros de 'As Duas Faces do Espelho' e 'O Império do Tempo' o livro da continuidade as desventuras da TEMPUS. Para ler o capítulo anterior clique aqui.

Adentramos num lugar ensolarado com nuvens douradas. O ambiente parecia contemporâneo a linha do tempo de Dayane Conrad, e ela parecia emocionada. Melodias nunca ouvidas emolduravam o som das gaivotas ante o pôr-do-sol, enquanto pessoas pareciam comemorar entusiasticamente uma festividade social em trajes o qual os estilos eram muito distintos a de nosso multiverso, e a geografia muito distinta. A tonteira do translado dimensional havia estagnado, parecia uma visão do paraíso.

– Bem-vindo a União dos Estados de Pangeia. – Comentou Sonja. – Por razões geograficamente distintas os continentes não se separaram nesse mundo como na maioria das variáveis.

– A Europa, e as Américas e África não existem? 

– Um só continente e um só povo. Estamos sem guerras e crises há mais de 3 séculos. Em poucas variáveis anômalas existem continentes similares aos seus, mesmo que com ilhas que não existam nele, como Hi Brazil e Mu.

Naquele momento um negro loiro surgiu sorrindo ao nos cumprimentar quando Sonja fez as formalidades de traduzir sua língua intraduzível para nós, o pangeliano, uma língua universal. Era comum haverem negros de olhos azuis e loiros naquele mundo.

– Este é Abnabe, um dos líderes da região. Este basicamente é o centro de todo Extraversus unido, donde mundos com tecnologia transdimensão se unem.

O homem sorridente então perfilou a nós dois e disse.

– Verdade que no seu multiverso há alta probabilidade de desenvolver culturas onde os homens tem mania de inserir o órgão sexual em alheios apenas para subjuga-las ou puni-las contra a mera liberdade constitucional?

– Parece que sim. – tive que concordar. Apenas fora da minha realidade ante mundos improváveis percebi o absurdo contraditório que eram as possibilidades de nossas dimensões.

– Que absurdo. Por aqui as pessoas apenas usam os órgãos sexuais pra fazer amor. Há apenas um universo assim, um onde existe um país chamado Brasil, aonde pessoas com vocação pra escrita e outros talentos costumam ser linchadas ou expulsas do país, pois os talentos são proibidos tanto quanto terem posicionamentos políticos.

– O Brasil existe apenas numa dimensão de vocês?

– Sim, uma anomalia de uma língua chamada portuguesa, altamente improvável no extraversos, porém, comum destino bem fundado no seu. Todas outras versões são dum país de língua espanhola chamado Saint Madri, um outro país colonizado pelos chineses imperiais e as outras versões são colônias inglesas ou americanas, quando não são destruídos por invasões e guerras. Dizem que é um país bem bonito no seu multiverso, mas que sempre sofre de males que tornam ele uma terra de ninguém para o exterior, numa jurisdição ilusória. 

– Qualquer país estrangeiro faz o que quiser nessas terras e com seu povo, ou a mando deles?

– Muitas vezes, alguns países para tentar defender e outros para subjugar. 

– Há variáveis da Inglaterra, Espanha e China no Extraversos? – Indaguei.

– Sim, sim. Também de baixa probabilidade, anomalias, pois Pangeia é a maior probabilidade nesse multiverso.

– As versões espanholas e chinesas são legais? – Perguntou Dayane.

– Até que sim, mas o Império chinês cai em 1846 e o mundo fica em guerras perpétuas e a versão espanhola é um mundo totalmente cristão que há, porém, terroristas islâmicos armados com armas nucleares que destruíram muitas cidades. A outra versão do Brasil é dominada por uma supernação fundada por corsários, e seu líder Capitão Kid, no imperialismo Kidland aonde comercializa livremente escravos, sexo e drogas de todos países colonizados até a Grande Revolta Mundial em 1948, quando o mundo escravo se rebelou numa guerra mundial.

Ainda que o pangeliano fosse uma língua totalmente diferente de todos troncos linguísticos conhecidos, havia algo em comum com as culturas do Multiverso.

Nosso conhecimento temporal do multiverso era limitado apenas ao conjunto ressoantes de possibilidades que conhecemos, o que significava que encontraremos agora coisas antes consideradas impossíveis nas probabilidades. Havia mesmo o mais longo experimento da TEMPUS ao criar o mais longo loop temporal a provar que os paradoxos apesar de aparentemente não terem começo ou fim, eles seguem ciclos. Um objeto que como uma ancora do destino perpassava toda linha de tempo de milhares de anos até ao ser recebida no futuro, de onde fora enviada, estes a enviavam de volta, notando não apenas pela marcação a cada ciclo como a degradação molecular do metal exótico da Caixa. Assim cada ciclo do paradoxo não é igual, donde pequenas variações menores podem ocorrer dentro do fluxo de destino, destino que tinha dentre os efeitos ecos chamados homo nulus, espécies de entidades de sombras. 

Na dimensão do império do tempo está caixa inexiste tornando-a possível pela mesma razão que chega a um futuro que está caixa não é enviada, logo ciclos de paradoxos tem origem de fora das dimensões de suas variáveis. Por isso apenas podemos ir a mundos onde as probabilidades de acontecimentos permitem.

A partir disto, o guia do viajante do multiverso há classificações das dimensões pelos seus níveis de importância e graus de realidade a partir das dimensões tronco de onde as demais oscilam e vibram como ressonâncias de uma corda esticada denotando ponto de origem (passado) e destino (marchal/futuro). Tais dimensões interagem entre si e se multiplicam através do livre-arbítrio, de singularidades e de derivações quânticas do princípio da incerteza, mas tendo variavelmente o mesmo destino ao futuro, denotando sua pré-existência perspectiva. Tais dimensões (ainda que muitas vezes divergentes) tem pontos de cruzamentos de eventos síncronos comuns e ponto de tempo e(ou) espaço, como, por exemplo, em duas dimensões opostas. Numa Santos Dumont realiza o primeiro voo no mesmo momento e local em duas dimensões com demais eventos diversificados. Quando estes eventos síncronos ocorrem pontuados por toda linha de tempo paralelo, indica a possibilidade de convergência futura ou ser duas dimensões irmãs –  muito raro uma dimensão ter passado diferente e futuro igual a outra, o contrário é comum a divergências.  O espaço não existe, pois as mais de mil dimensões não poderiam caber num mesmo espaço sobrepondo-se alternadamente, ou não.

A convergência dimensional por sua vez culmina na sincronidade de eventos num só ponto de mais de uma dimensão, assimilando-se de modo comum e síncrono a todas as demais atendo-se algumas divergências de linearidade passada, podendo até mesmo sobrepor-se dimensionalmente, a exemplo da 'Dimensão Impossível' ao ganhar mais de quatro dimensões.

Naturalmente concebe-se que há somente dois tipos de fluxos de destino, os mediante a ancora do tempo e os de fluxo de paradoxo, este normalmente cíclicos, e não lineares. Somente no caso paradoxal podem demonstrar eventos de destino negativos.

O Grau de parentesco destas dimensões ocorrem mediante o grau de parentesco de eventos entre suas ressonâncias, podendo ser entrelaçados por "atalhos" que são subdimensões de cruzamentos, ou pelo metaverso, tratando-se de wormholes e portais. Tais variáveis são infinitas, podendo ser de simples atalhos ou extensões de dimensões símiles, do qual muitas vezes a diferença é imperceptível sem auxílio de equipamentos adequados. Porém, estas dimensões símiles se diferenciam de dimensões gêmeas e são aproximadamente de oito a dez, a cada dimensão, geralmente resultado de variações até mesmo quânticas – por isso necessário o uso da quanticometria – o que amplia o quadro de tais dimensões catalogadas em aproximadamente seis mil e dez mil dimensões. O guia trás um resumo de apenas das duzentas principais dimensões do qual as oitocentas restantes se constituem como suas variáveis.

Após adentrarmos o cordial festival fomos saudados por pessoas de todo tipo de etnia que nunca imaginamos existir, dentre povos neandertais e outras espécies de hominídeos que tiveram êxito em seus mundos prováveis em razão das formações geológicas peculiares. Porém, a sede daquela União era num universo ulterior onde o planeta Téia não teria colidido com a Terra e gerado a Lua, a base e quartel-general de expedições pelo pluriverso, um conjunto de multiversos de improbabilidades e impossibilidades.

–  Coisas além a imaginação, nada que entrar num guarda-roupas possa resolver. – Comentou Dayane Conrad finalmente mais descontraída ao notar serem muito receptivos confiáveis. – Porém, por qual motivo nos aguardava? – Comentou ela a Sonja Vera ao pegar um espetinho.

–  O que é isto? – Indaguei ao interromper assustado ao olhar de perto intrigado.

–  Churrasco de Trilobitas, muito comuns ainda hoje na costa norte de Pangeia. – Respondeu Sonja pegando um espeto e o comendo, parecia crocante ao tempero duma planta inexistente no multiverso que somos oriundos.

Obviamente recusamos, quando ela falou. 

– Porém, voltando ao ponto. Bom, parece que temos aqui um intrusor que vindo de seu multiverso está dominando alguns mundos das improbabilidades desestabilizando o anticaos. Um tirano, sanguinário e cruel e sádico chamado John Roberts. 

– John Roberts? – Indaguei quase me engasgando. – Em quase todas as probabilidades de nosso multiverso ele é um herói e cofundador da TEMPUS.

–  Pois, sua anomalia de probabilidade lá é uma de improbabilidade aqui. Ele está trazendo violência e morte assolando um número de improbabilidade de anticaos cada vez maior. Pensamos que vocês podem nos ajudar a impedir, pois isso é uma probabilidade impossível no extraversos.

Ao ouvir aquilo fitamos diante de nós um espetáculo de projeções mentais enquanto seguíamos a conversa.

Aquele primeiro contato extra multidimensional poderia ampliar o conhecimento dos universos e multiverso com origens equidistante ao Big Bang, formando conjuntos de universos inimagináveis. O universo contatado era um dos mais evoluídos dentro desse multiverso chamado pluriversus, regido por um conjunto de planetas liderado por um mundo que havia vencido o fim do próprio mundo por si mesmos. Eram muito similares aos humanos a salvo pequenas variações adaptativas da espécie e de espécies concorrentes. Uma pulsante e brilhante civilização o qual sua esplêndida cultura unia as artes e ciências num conhecimento holístico que tinha por ápice tecnologias de engenharia dimensional orientada por imaginologos que dentre aparatos de projeção criativa eram capazes de projetar seus pensamentos como holografias a seus públicos, e mesmo era capazes de criar novos materiais, vidas em dimensões intrínsecas a própria mente donde seres dotados da habilidades consideradas divinas a Terra floresciam.

Nós, os crononautas da Tempus queríamos entender a origem dos homo omni assim como de encontros de outras entidades de formas de vida distintas e de poderes análogos. Logo, combinamos para que Herbert Stoneset que viria pessoalmente fazer as honras da visita oficial ante aquele pacifico povo do qual a civilização poderia ser um análogo ao paraíso. Todavia, pareciam ter sido antecipados por John Roberts.

Ao seguir Sonja  a sala de monitoramento ela nos contou que a versão corrompida de John Roberts é de uma dimensão inferior e distópica do qual ao roubar a tecnologia da Tempus numa variável se passam por impostores ao descobrirem a primeira passagem ao pluriverso donde descobriram haver muitos outros multiversos. Seus planos são escusos e subversivos na tentativa de se tornarem uma versão subvertida de Deus ao acreditarem terem descoberto sua possível existência no centro de todas as possibilidades. Eles haviam se tornado uma variável insana e cruel de nós.

Essa versão corrompida de John Roberts veio duma versão dimensional onde este não fora resgatado dos templários por John Octavios e sujeitado a violências físicas, mentais e sexuais estes venceram e derrotaram o rei Felipe e os católicos ao transforma-lo num dos mais cruéis cavalheiros de Ozak Fortuna que com informações do futuro ao encontrar designnium conseguiu avançar a tecnologia do Tempo aos pluriversos, se passando como impostores pela Tempus, inclusive recrutando muitos nas variáveis membros oficiais da Tempus. A Ordem dos Ventus nunca existiu se tornando uma variável da variável que fez ponte ao pluriversus.


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