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domingo, 12 de abril de 2020

Os Sete Sabores da História

Uma vez ficando tangível uma sequência de padrões que tendem a repetir-se em combinações diferentes ao longo da história de modo cíclico, podemos postular assim mecanismos dos quais emergem tanto os padrões arquétipos quando as condições em que se inserem, especialmente mediante um sabor inicial bastante específico denotado por ‘Crise’. Sendo assim, por exemplo a evolução o predomínio do mais apto, não do mais forte, uma ineptocracia é uma aberração que relega a exaltação de arquétipos. Sendo assim tanto há sabores específicos de momentos históricos quanto gêneros ao qual se inserem.

Os Sete Sabores da História:
Bonança: Período de paz e prosperidade parcial ou plena dentre uma crise e outra. Um período de mínima harmonia que permita a liberdade florecer predominante assim como a produção científica, intelectual, imaterial e material;

Crise: Um desequilíbrio de ordem econômica, política, moral, social ou natural tem início no exterior ou interior;

Conflito: A sociedade organiza-se de modo polarizado, seja interiormente ou em relação a outra nação;

Confronto: A consumação do conflito que pode eclodir em revolução, guerra civil, guerra ou revolta;

Consolidação arquétipa: Arquétipos de vilões e heróis ou messiânicos são reafirmados;

Despótico: Uma resolução negativa do confronto por arquétipos antagônicos desgrenha a uma distopia regida por alguma tirania pelo predomínio de arquétipos negativos de poderes ilimitados;

Renascença/Superação: Com a instauração da justiça pela vitória de bons arquétipos a paz floresce e as liberdades são restauradas favorecendo não somente uma reconstrução social e econômica, mas um renascimento ante a superação das adversidades levando a um novo período de bonança;

Tais períodos podem ser estendidos ou encurtados mediante determinada predominância arquétipa ou mediante a intensidade caótica dos eventos. Sobretudo os períodos de paz, ou bonança, são igualmente instaurados sob tais condições harmônicas sem e eclosão de eventos caóticos, polarizantes e extremos.  De tais setes sabores históricos se perfaz outros setes padrões de gêneros históricos que mediante graus diferentes de combinações e mesclas podem ser multiplicados, muitas vezes negativamente. Sendo assim muitos sabores históricos também podem ser identificados como gênero mediante sua predominância de duração.

Padrões de Gêneros Históricos:
- Conflito: Um dos sabores históricos que podem ter ápice na guerra, confronto, revolta podendo restaurar a democracia ou levar a uma ditadura (Superação versus Despotismo). É predominantemente polarizado e não apresenta necessariamente cunho revolucionário, mas tem como ponto de início uma crise;

- Revolução: Política, cultural, social ou científica sendo os três últimos como ápice democrático ante problemas gerados por uma crise, mas ante a predominância de arquétipos positivos não sendo necessariamente polarizado, mas pode culminar num conflito polarizante análogo a luta de classes;

- Crise: Outro sabor histórico que similarmente define um gênero podendo ser ponto de involução a um conflito ou de evolução a uma revolução;

- Tirania: Quando um poder totalitário, absolutista, autocrático, ditatorial, despótico, mas sempre antidemocrático predomina estagnando o progresso do pensamento e liberdades individuais. Pode ser visto como um dos sabores despótico.

- Distópico: Pode ser uma variável de tirania ou conflito, no entanto, se perfaz por condições sociais insalubres de criminalidade, impunidade e desigualdade elevadas. Um oposto da ditadura numa anarquia negativa mediante determinada desolação por guerra ou cataclismo natural;

- Harmônico: análogo a bonança ante a inexistência de adversidades pela predominância da justiça e paz, inclusive social, onde as liberdades individuais e progressos são livres; ausente de grandes polarizações e extremos;

Ainda que hajam várias combinações desses gêneros se torna possível observar como muitos são irreconciliáveis por características indissociáveis e insociáveis a outros pelo fator de condições dicotômicas análogas, caos e harmonia não se misturam podendo ser no máximo um sabor a atingir um estado ou outro de modo que o grande diferencial entre os sabores e gêneros históricos demonstra-se no aspecto cíclico, os primeiros são etapas e os segundos estados mediante determinada duração e tendências declinadas.
Todavia por mais que os gêneros históricos negativos durem eles sempre têm um período de vida menor que os positivos por uma razão simples, os positivos demonstram-se como num beneficentes ao maior números de pessoas que os negativos se tratando em última instância da predominância de determinada maioria e Ethos.
O Ethos em questão sempre apresentará mutações análogas aos estágios dos sabores ou estados dos gêneros indicando claramente que as eclosões de crises sejam muito mais predominantes no caso do domínio de arquétipos negativos ou de sua emergência culminante em desequilíbrios que levam a crises que por sua sempre exultarão seus contrários a culminar num consequente conflito.
O Ethos na eminência de um desequilíbrio sempre se retrairá a estados mais instintivos ao contrário da bonança ao exaltar arquétipos oriundos de suas condições hostis de uma abiose social, sendo principalmente estes o medo ou ódio, que pode ser derivado do primeiro ou não. Disso advém polaridades que são gestoras oriundas de crises e precursores de conflitos. Um estado, sociedade e civilizações plenos, isto é, num grau elevado de Ethos sempre se afastará dos mitos inerentes aos estados mais primitivos culminando numa menor desigualdade independente de suas fontes, mas especialmente oriunda de discriminações variadas. Ou seja, as condições mais evoluídas e harmônicas normalmente são atribuições de maior equidade e condições igualitárias numa menor, ou atenuada, estruturação hierárquica de classes. Ainda que tal nível muito raramente tenha sido atingido demonstra-se como o grau mais evoluído a exemplo dos melhores países existentes hoje. Ao que indica esses são mais que sabores, mas estados em condições sempre progressivas de justiça social e legal, onde na realidade a medida de sua evolução o estado se faz menos presente assim como maior rigor na aplicação de leis reguladores de comportamentos por razões comportamentais inerentes a um Ethos igualmente evoluído.
Tais estados há maior segurança e menor medo, maior solidariedade mútua e menos ódio onde mediante o respeito mútuo os direitos alheios em seu dever torna a lei menos necessária sob sua forma de aplicação corretiva da justiça. O estado policial sempre é mais necessário em sociedades o qual o Ethos é menos evoluído e perpetrado pela adversidade e desigualdade por fatores antagônicos aos citados.

Trecho do Livro 'Os Signos Universais do Ethos' de William Fontana (Gerson M.A.)

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