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sábado, 12 de março de 2022

Influências Filosóficas e da Ficção: Batman

Se antes era colecionador dos gibis do morcego de Gotham, me tornei fã incondicional ante o diferencial explicitado no Piada Mortal, um dos maiores clássicos dos quadrinhos. Personagens mentalmente perturbados (dos heróis e vilões) dos quais encarnam em suas fantasias arquétipos de uma sociedade pautada no vício e trauma. O Asilo Arkhan é a marca maior desse noir pós-humano por isso, é um preâmbulo da insanidade dicotômica e maniqueísta entre heróis e vilões onde mesmo Batman, traumatizado de infância, apresenta neuroses e outros transtornos psicológicos. Os quadrinhos em minha adolescência eram uma espécie de laboratório mental sobre os delírios e problemas psicológicos de um lugar dominado pela corrupção, desigualdade e crime. O motivo central de ter optado por amar a DC antes da Marvel, o que ganhou envergadura com a animação Batman Vol.2, algo inédito na televisão da época. 

Ainda que o trabalho da Marvel no cinema e televisão hoje seja predominantemente de valor comercial, seu diâmetro como um evento único no cinema é de quilate mosaico na arte, oportunidade que a DC perdeu com os filmes de Nolan. Ainda que Gothan sempre seja o centro nervoso da DC, todo seu multiverso não seria nada sem a complexidade e profundidade psicológica de Gotham, algo que nunca fora superado nesse quesito.

A cidade que ressoa eternamente noturna expõe não apenas o tom soturno e noir, mas sombrio a humanidade. De profunda desigualdade da arquitetura as posições sociais, construções góticas caminham lado a lado de arranha-céus entremeados por becos e comunidades pobres entregues ao crime organizado. Gangues lideradas pelos mais variados transtornados psicológicos ou psiquiátricos rivalizam os vigilantes na ausência de uma policia que é ineficiente e corrupta. Dentre poucos a honrar a busca pela ordem social o emblemático comissário Gordon como um lamparina no breu trevoso da corrupção. Todavia, ainda que aliado de Batman, não sabe que sua filha, Bárbara Gordon ser uma fiel companheira do icônico morcego que encarna justamente o medo da noite. De singular inteligência ao lado de seu chefe e  mentor, Bruce Wayne, e em Piada Mortal que ao ficar aleijada se torna Oráculo, uma espécie de contraparte cerebral de Batman. Talvez os jogos atuais da DC, como Batman Arkhan Knight, sejam uma das melhores adaptações dessa narrativa em profundidade e clima e os complexos relacionamentos entre estes personagens. Se Batman apenas pela inteligência rivaliza com o poder e força de Superman (algo que apenas Lex Luthor ousa), Oráculo é um deleite a sapiofilia ao prestar assistência as investigações do morcego. Os diálogos e tecnologias são empolgantes e apenas eclipsadas pelo insano Charada, do qual a resolução de todos enigmas no jogo é tarefa dura. A inteligência tem fator tão atraente para mim quanto a beleza feminina, e quando unidas é fascinante.

O fato é que para entender minhas influências e inspirações aos livros de ficção e não ficção não basta entender minha vida, mas em particular a cultura pop dos anos de 1990, do misterioso imortal Rau'l Guh que inspirou os vampirescos e questionamentos da imortalidade de uma antologia e novela, a todos outros produtos comedidos ao serem intercalados entre minha vida real e a ficçã. Dos ensaios ‘Os Signos Universais do Ethos' a ‘Vício & Trauma' tanto o conhecimento de causa, estudos quanto esta ficção fora influencia.


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