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sexta-feira, 25 de março de 2022

Conto 'Cães do inferno' da Antologia "Verboversos"



Haviam enviados do Imperador da Imortalidade das Trevas por todo mundo, a espalhar sua influência ressoada como mitos por todas culturas. Porém, teve um grande expoente ao promover variáveis de sua doutrina dentre os Maias. Seu fiel embaixador do sofrimento era o rei das sombras donde selecionava vítimas potenciais para o abate a saciar sua gula sanguinária e sádica. Especialmente indesejados e críticos dentre o povo que eram mesmo subjugados sexualmente ou reeducados a se transformarem em párias de Deus, engrossando seu exército funesto o qual os atos não resistiam a luz do dia.

Por esse motivo o imperador maia ordenava sacrifícios de sangue para alimentar os vampirescos embaixadores de seu mestre sombrio, que eterno entrava no estado de suspensão entre a vida e morte as custas do sofrimento e sangue de vítimas que nada tinham feito para que isso justificasse.

O imperador afirmava sempre a noite, do alto de sua pirâmide sacrificial, um discurso que estimulasse o ódio e a glorificação torpe da violência atroz contra indefensáveis:

– Caso não alimentemos o rei da noite o Sol não mais nascerá e pelas trevas perpétuas ele vagará sugando sangue e os drenando! Portanto saciemos sua gula para que assim seus poderem liberem o Sol enquanto adormece em seu sono de suspensão!

O povo em sua torpe ignorância via a hostilidade dualista entre este rei das sombras e o Sol, e assim projetava seu ódio. Aos gritos de clamor, a cada vítima conduzida ao topo da pirâmide para o abate, tinha rasgado seu coração e pujando o sangue corria por ranhuras ao cálice da contenda de Deimos, o emissário das trevas, que se esbaldava a si e os seus. Num momento um deles mencionou, interrompendo a bebedeira do néctar da vitalidade alheia.

– Recebemos a notícia de que os espanhóis se aproximam e esse império ruirá. Osak virá junto explorar o novo mundo!

– Temos muito potencial aqui! As terras do norte serão nossas e fundaremos uma nação para seguir, no futuro, nossa doutrina! Temos de destruir todos aspectos humanos da afetividade ao remorso!


Muitos séculos mais tarde, na década de 1930, um desiludido negro chamado Robert Leroy Johnson vagava com seu violão e seu whisky na surdina da noite, no Mississipi, Estados Unidos. Quando chegou na encruzilhada da rodovia 61 com a 49, em Clarkdale, o pobre frustrado com a dura (e injusta) vida que levava ante o racismo clamou na escuridão ao demônio  do qual por um pacto venderia sua alma em troca de favores. 

Como se alguém lhe esperasse, apareceram cães negros furiosos e com olhos vermelhos até que um homem pálido de albino ordenou o silêncio. Sem pelos pelo corpo se aproximou do pobre diabo e lhe fitou permanentemente com olhos sombrios e frios.

– Você é o diabo? – Indagou Robert tremendo de medo, ainda que em seu íntimo sabia que caso o medo não sirva para você sobreviver, mas o oposto, ele não apenas é ilógico, mas inútil.

– Alguns gostam de me chamar assim, mas pouco importa, tive muitos nomes ao longo dos séculos. Estou muito ocupado arrecadando poderes e sacrifícios ao impor taxas aos direitos e desejos alheios realizados. Você me evocou e nessa encruzilhada seu destino escolherá, o que deseja? Nessa encruzilhada o rumo que tomar você decidirá seu destino, pois farei o contrário do que fiz com seu xará há séculos, e lhe oferecerei riqueza e fama em troca de seus favores. Peça todo exagero, tudo em extravagância, mas as custas alheias ou sobreviva na escassez das migalhas!

– Quero ter talento e me tornar um dos maiores músicos de blues de todos tempos. Você tem o poder para fazer isso?

– Sim, mas tudo tem seu preço, de graça apenas a desgraça! – Comentou ele rindo de modo cínico e pegando a garrafa a bebendo no gargalo – Você pode oferecer sua mãe em sacrifício para mim, ou sua irmã. Ou pode me cultuar sexualmente com outros homens o resto da vida.

– Quero ter muitas mulheres também!

– Bom, meu amigo, você pode vender sua alma, mas após o término do tempo você será levado desse mundo ao inferno.

– Até quantos anos?

– Você terá toda fama e mulheres até aos 27 anos, e após isso os meus cães te caçarão onde quer que esteja e será levado!

O pobre negro desiludido estava tão desesperado que aceitou o trato com o diabo pensando que seus poderes não seriam tão funestos a ponto desse hediondo. Brindaram o profano pacto e num ritual este pegou seu violão e o afinou vindo a devolve-lo a seguir.

O problema é que ao conseguir o sucesso Roberto Johnson ele se recusou a ceder ao pacto com o diabo, fugindo do devorador por meses até que um dia cercado pelos cães do inferno sua vida fora ceifada. Alguns associaram isso posteriormente a chamada "Maldição dos 27" o qual coincidentemente  ou não, levou Jimi Hendrix, Jim Morrison, Brian Jones, “Pigpen” McKernan, Janis Joplin, Kurt Cobain, Amy Winehouse e outros a morte com essa idade. Todavia, ainda que desde então assombrasse o show bizz da música americana ele resolveu se mudar para tentar investir na exploração de autores para área filosófica e literária para tentar escrever a história.


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