Havia um conto de fadas que dentre outros narrava sobre os malfeitores gigantes. Ainda que conhecendo sobre contos antigos de todas partes do mundo, aquele era diferente. Contava a história nos recantos mais isolados do litoral de um lugar de Sol e ventos, onde estes gigantes pela própria natureza pareciam aludir mitos ancestrais de um Império megalômano anterior a descoberta dessas terras pelos europeus. Donde a face de seu temível imperador se erguia esculpida na maior pedra a beira-mar do mundo. Seres duros e entorpecidos pela soberba como soberania do ego permaneciam inebriados sob seu próprio poder tenebroso o qual os afamavam de modo profano as distantes tribos nativas. Boatos de que todos que lhe cruzassem o caminho, não importando a inocência eram arrastados.
Suas trilhas, eram assim conhecidas por sua destruição e miséria, do qual ainda sem vê-los o pesar era sentido ao silenciar mesmo os pássaros e ventos ao serem precedidos por um grande e amargo vazio, vazio do qual a chuva parecia ser as lamúrias amargas da natureza que os pariu como um acidente aberrativo ao empalidecer toda vida destituindo mesmo as plantas de todo seu propósito. Na abiose social a destituição era de todo significado, sentido e valor da existência. Era tenebrosa a sinfonia da morte ribombar por estes varões de fama do quais as vítimas que não eram devoradas se matavam ou enlouqueciam. Não restava um bravo herói que a estes se opusessem ou ao menos criticasse ao megaloclã que restava nos subterrâneos da floresta litorânea. A sensação de impotência e pequenez era o efeito iníquo mesmo de seus mitos repercutidos em contos de fadas desde a antiguidade. Tais desdenhavam de todo estilo de vida livre e social do homem o estarrecendo em suas atrozes zombarias sádicas ao se exaltarem ante a brutal diferença desigual de tamanho e brutalidade.
Sabia de contos dos quais eles devoravam famílias inteiras apagando mesmo rastros de suas existências e acumulando seus espólios latrocidas ante a ausência de viva alma capaz de testemunhar ante desolação de sua presença. Monstros alimentados pelo ódio movidos pelo medo de suas vítimas. Mas se todo o crime é um ato de guerra ao atentar a paz e a ordem social e pública o conto daquele gigante em particular chamava a atenção ao tornar prisioneiro escravizado uma jovem coruja que roubada sua liberdade viu com o passar dos anos sua juventude se liquefazer junto as esperanças de fugir. Antes todos os dias torturado psicologicamente sob humilhação e de seus, caso este revidasse como represália tal monstro buscava, entre outros atos espúrios, alguma donzela para se banquetear sob moléstias e torturas vis.
Disso os rejeitos residuais uma vez expelidos removiam-se num vórtice espiral privada a dentro ao transpassar a barreira para o submundo como se tais fossem movidos como oferendas ao rei-rato e o funesto Império de Hades que veneravam como deus.
O prisioneiro o mantinha refém ao ganhar dinheiro contando a seus amigos trolls e ogros histórias e ideias por ele criadas, sendo uma fonte de contos de fadas e preâmbulo das lendas urbanas como esta aqui narrada. Ausente de quaisquer direitos, da sua família, dignidade ou respeito este zombava dele dizendo que tais coisas eram demasiadas para alguém inferior como ele. E por isso quaisquer conquistas eram penosas, dolorosamente caras e morosamente justas, ante tais privações como luxo exclusivo dele. Assim incomunicável com o mundo exterior, sem amigos ou amores, sabia do labor desse monstro a devorar todas que lhe amaram ou tentaram liberta-lo de sua gaiola dourada num pé de laranja. Tudo enquanto eles se esbaldavam em banquetes ao lado de seus irmãos trolls e ogros, sob os auspícios de gargalhadas sádicas de seu anfitrião numa festa em prol das ideias da coruja aprisionada sob penas de iguais torturas caso não promovesse fortuna e fama fácil.
- Sobre você não aceitar cooperar não vou apenas te matar quando não tiver utilidade, mas vou te empalar pelo reto e cozinha-lo ainda vivo.
Assim a coruja Sorgen amargava sua solitária insalubridade psicológica fazendo com que suas penas caíssem sob o encantamento de uma terrível bruxa, sua esposa. Quando a última pena caísse o encantamento se consumaria e ele se tornaria o opróbrio dos malévolos. O vício é a necessidade deturpada do erro e do excesso, normalmente ambos.
Toda vez que o gigante lucrava as custas de seu prisioneiro ele o humilhava e caluniava chamando-o de bandido ridículo, burro, feio, maluco, velho escroto, cachorro. E gargalhava ao vê-lo em prantos, na verdade ele desconfiava que ante a dor e sofrimento alheio ele mesmo tinha ereções.
O conto tenebroso que narrava tais atos, teria sido perpassado pelo próprio gigante que sempre tendo uma história sábia que a coruja (drogada com ervas) criava, eram deturpadas em medíocres e enfadonhas interpretações de textos atendo a contendas de palavras, uma vez que a coruja chamada por ele de Asno alado via disso gerar tragédias. Como um conto onde um valente enfrentava o covem de bruxas de um rei mau, levou este a promover ideias que deveria estripar prostitutas em plena era vitoriana.
Com o conto em mãos dizia Sorgen que mesmo que lá nunca mais morasse, lá sempre estaria. Do quarto onde habitava a parede feita com o tijolo da verdade, sob os pés os fatos da autoria ao lado da janela da revelia. A colina da trilha dos enjeitados da sociedade levava a sua propriedade da zombaria, mas não sem antes cruzar o hospício que isso conduzia, ao mar de areia movediça ante o portão fechado do chocolate dos amores excluídos.
Pesquisei arduamente sobre as charadas que pairavam aquele texto como migalhas de pão de um menino tragado pelo serpentear dos caminhos de um labirinto. Ao cruzar os dados ao mapa decifrei o que apenas o leitor decifraria como se fosse uma mensagem na garrafa que no fundo do poço apenas a inteligência pescaria.
Fora assim que após procurar entre andanças chego a um lugar protegido por suas vítimas convertidas, araras agora destituídas de pena ao se tornarem ordinários ratos pedestres reprodutores de males. Ao visitar sob olhares sombrios sob o véu dos encantamentos e magia percebi se tratar de uma história real. Assim soube então que o gigante chamado Noswill era na verdade um psicopata canibal que o segregava em oculto. Membro de uma seita de estupradores seriais sendo destituído de grandeza era desvelado no inchaço ego megalômano sob a fachada de metafóricas ficções como alcunha para pedidos de socorro eternizado em letras.
A coruja era um homem destituído de sua humanidade ao viver a ração animalizante da sub-humanidade, as penas suas esperanças em letras, a gaiola a riqueza destes por seu aprisionamento, e as laranjas os que vendiam o que era dele e ele, por outrem em falsidade ideológica enquanto os ególatras se exaltavam com suas ideias.
Naquela terra de gigantes, os opacos homens destituídos de sua humanidade da outrora polidez lustrosa se tornaram uma cruel caricatura de si próprios ao passarem serem acumuladores dos tesouros de suas vítimas. Medidos apenas pelo rastro de destruição deixada pelo caminho em prol de sua senilidade moral e nulidade de valores na decadência sombria do que eram. Os gigantes que não compreendiam as palavras dele o chamava de bandido. Egoístas não sabem, compreendem, entendem ou aprendem nada além da própria vontade.
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