Abaixo seleciono trechos adaptados e editados dos apêndices da antologia 'Cronomancer' e do projeto literário 'O Código do Caos' de Gerson Avillez
Apesar de sermos diferentes em alguns aspectos as
inspirações e ideias de Philip K.Dick tem algumas semelhanças notáveis comigo.
De sonhos, vida e supostas precognições - onde seus livros precederam eventos
de sua vida e outros mais - ele estava inclinado a crer que o ato dele
transtornar seu tempo era capaz de seu futuro interagir com o passado. Nas
explicações dadas no livro 'A Vida de Philip Dick - O Homem que Lembrava o
futuro' de Anthony Peake a visão de um tempo cúbico implicava na simultaneidade
de tempo de modo que ao transtornar o futuro - ou o presente ante o passado -
se alterava ao presente, o que eu traduzo que esse poder de transtornar ecoa
como ondas, ondas que vão não somente a frente do tempo, mas para trás. A
diferença circunstancial nesse ponto é sutil, mas a minha teoria explica mundos
alternativos ao contrário da dele. O fato que me parece claro, e em comum com
PKD, seria de que o poder de influir de alguém em seu tempo relaciona-se
diretamente com o fluir do mesmo, ainda que a ideia de geometria física e
intemporal considero algo muito newtoniano.
Todavia me parece correta a ideia de inexistência do passado, presente e futuro proposta por Einstein. O futuro como parte do tempo já existe a frente da seta do tempo a espera que os eventos de causalidade o alcance. Seria como um rio cujo leito está determinado, ainda que com ondas de variáveis de correnteza no percurso, a entropia atesta isso, e diria mais, o caos. Como exatamente no rio o fluxo oscila a curto prazo mas a médio segue uma única linha previsível que indica ser razoavelmente predeterminada. Algo que explano na minha teoria da âncora do destino, o qual uma corda esticada as vibrações criam variáveis (nesse caso de realidade) que não alteram o destino futuro. O problema é que apesar de sabermos que o leito do rio sempre vai a frente, não somos capazes de enxergar as partes vindouras desse leito por estar além do horizonte de visão intemporal.
As determinantes de padrões são as repetições, devera assim compreender a
causalidade mesmo em detrimento do caos, de que tudo não passa de novas
conjunções e combinações do prévio alternando resultados complexamente
(im)previsíveis. O caos nada mais é que a variabilidade da variável ante uma
direção estipulada pela seta do tempo. Isto se aplica tanto ao universo
cósmico, como na natureza quanto ao ser humano e sua história. Assim estou
inclinado a crer em sete sabores históricos universais do qual a harmonia
deriva histórias de todas matizes, da ficção ao real. Para isso acrescente os
arquétipos junguianos aos mitos de Joseph Campbell como a interseção comum
entre o real e o imaginário. Isto justifica porque as histórias de ficção
científica mesmo de Philip Dick previa sua própria vida numa compreensão autoconsciente
do próprio icônico autor do século XX. Quando um evento tem intensidade de
transtornar o tempo surgirão ecos, sejam paralelos ou retrotemporais que
ressoaram como toda sorte de fenômeno, inclusive o de fantasmas e o que seria a
ilusão se não ecos projetados de uma existência não presente.
Creio que há um ponto limite no "futuro", um evento cujo poder de
gravitação amarra todos os eventos do presente a se declinarem a ele
variavelmente. Algo como um "buraco negro no tempo" tão poderoso que
atrai a seta do tempo a sua direção, creio que esse seja o fim do universo.
Curiosamente esse derradeiro evento é o que norteia o universo a um sentido e
que torna possível a linearidade. Há outros desses eventos inexoráveis menores
no tempo e todos eles forjam o destino o que dentro de certo aspecto torna igualmente
possível uma previsão. Se a seta do tempo fosse definida pelo Big Bang ela
perderia a força com o tempo, todavia a entropia parece aumentar, como? Mesmo a
ideia da expansão do universo denota essa força que não apenas empurra o
universo advinda do big bang, mas puxa de um ponto indeterminado do universo
pois é o futuro, algo que dita o fluxo de acontecimentos para frente
independente da variação. Como a ideia da corda amarrada nas extremidades, o alfa
e ômega do universo é o que o permite ser como está definido.
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