Assim como muitos atribuem a mágica e Deus ao desconhecido, a medida que o conhecimento mensurável avança tais presunções recuam. Não se trata da negação de ambos, porém a definição do horizonte de realidade é definida pelo tangível e mensurável de modo que o oposto pode apenas ser intuído pela metafísica. Como sabemos physis, do grego, sendo a raiz do termo física, designa a natureza conhecida, tangível. Logo, o que está além desse horizonte físico da realidade assumimos a presunção metafísica ou protofísica a medida com que esse horizonte de realidade é descortinado. Similarmente a eminência de um novo recorte científico do reducionismo ou o surgimento de uma protociência ao contrário de que a disciplina do que não pode ser verificado, teologia ou magia fica na esfera metafísica.
O horizonte de realidade tangível tem haver não apenas com os limites do conhecimento humano e sua percepção do universo, mas as fronteitas e limites do próprio universo. Assim como a um limite de precisão de probabilidades de previsão do clima o mesmo também abrange capacidades mensuráveis e preditivas das ciências, sendo na biologia, espaço, tempo, relatividade ou mecânica quântica.
Tal horizonte de eventos, todavia apenas ganha formas e definições da matéria a medida com que passa a ser descoberto e descortinado o que no processo leva a uma ressignificação dos conceitos meramente especulativos, metafísicos ou míticos do além horizonte de realidade, pois metafísica decai a especulação e mítica quando persistindo ao ultrapassar essa cortina dos limites da realidade através de fatos capitalizados passando a se tornar uma potencial negação. Uma vez sabendo que esses mitos nascem de imagens borradas desse além horizonte passa agir nas mentes análogas a caverna de Platão ao serem preenchidas por volições, anseios fóbicos e dúvidas angustiantes persistentes ao darem passos atrás a legitimidade do conhecimento que tem começo nas mesmas dúvidas. Os mitos são imprinting dessas sombras fronteiriças aos horizontes de realidade mais debruçadas ao interior inconsciente das volições do que em conjecturas de plausibilidade exterior. Logo, a negação como resiliência da ignorância através do fobosófico ao contrário da fé ou esperança.
O horizonte de realidade aparenta uma ilusão de descontinuidade ante a ruptura do saber/não saber, tanto como das fronteiras entre mente interior e corpo exterior (subjetividade e objetividade, razão e volição) de modo que apenas podem ser exprimidos dentro dos limites dimensionais do universo, sendo estes espacial ou transtemporal. Assim como estamos detidos no horizonte de realidade de um presente, assim presumimos que a exemplo dos projetos, planos, sonhos estão no além agora, assim distantes da natureza material, tanto como o corpo definido dentro do âmbito do universo apenas no presente enquanto a mente vai além corpo. Todavia estes não são especulações meramente, ou mitos, mas racionalizações mediante as condições presentes no agora.
Assim, como a fé, este não representa uma negação, pois não fora verificado de modo negativo ao contrário da história e memória que estando fora do horizonte atual de realidade pode ser mensurado por seus rastros tanto como as previsões as possibilidades e probabilidades vindouras o qual a previsão decai a medida com que se afasta. O mesmo dizemos sobre o espaço. Assim como o corpo humano pode existir apenas sob as três dimensões do espaço, o requerimento para estar no universo deve exigir isto, pois ainda que objetos bidimensionais ou hipercubos, estes apenas fomentam similarmente sombras do além horizonte de realidade do universo a exemplo de um fenômeno sobrenatural hipotético. Isso fica atestado nos estados de mecânica quântica onde tais aparentes disparidades são justaposições dos limites dimensionais do universo, fazendo com que as quatro dimensões dele seja uma peneira o qual a película impede adentrar tais formas de modo mensurável. Disso a presunção da permanente metafísica não contraditória a física, tanto como dos itens mencionados.
As sombras persistentes do medo assim pairam entre os limites do saber e não saber como delimitações tanto no espaço do agora como do tempo vindouro, como possibilidade de consumação necrófila.
O mercado do Crime Útil e a organização criminosa
As leis delimitam o alcance do conhecimento desse horizonte de realidade quando firmado em postulados preditivos verificados, o que apenas torna a ciência legitima, isto é, do latim legis, de lei, de modo que apenas a regularidade de imparcialidade supõe o mesmo. Similarmente as leis humanas de determinada sociedade visam não apenas normatizar o comportamento sem limites dentro do direito legal, mas delimitados por seu rompimento donde surge o crime sob a análise dos fatos. A proporção da irregularidade tanto como do caos, reduz a legitimidade tanto como a previsibilidade. Motivo pelo qual o caos não possui lei. O caos é uma ilegitimidade randômica do universo do qual os padrões resistem ante as leis.
Todavia, ainda que perante a prevalência do caos, sob condições propícias estruturas de certa regularidade caótica podem emergir, o mesmo pode ser visto na sociedade humana ainda que sob aspectos de regressão a exemplo do crime. As organizações criminosas se estabelecem pela reunião de elementos sob interesses comuns, porém, conflitantes a sociedade comum, bem comum e suas leis. A ruptura assim é uma representação destoante de conflitos de interesses de sobremodo as leis estabelecidas em comum numa sociedade, motivado num etnocentrismo que ao apresentar tais interesses exacerbam na desigualdade ainda que sob a fachada moralista/legalista. Toda essa ruptura desigual é expressa de modo opressivo/repressivo sendo positivamente (contra o crime) ou negativamente (contra o cidadão/sobrevivente/vítima) que podem ser vistos em regimes ditatoriais, guerras, criminalidade ou revoluções.
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