Há diferença entre prazer e bem-estar. Um sensorial e imediato aos instintos e desejos não tem a proporção dos ditos altos prazeres. Se na melancolia saudosista temos demonstrada a tristeza associada as memórias, por sua vez o amor afetivo é a evolução da empatia e atração, na construção social das relações ao contrário da atração sexual, mera empatia ou mesmo da paixão momentânea. Por isto determinados sentimentos apenas são possíveis de modo relacionais, de maneira que sua completude apenas se perfaz ante o consenso e mútuo construído com tempo de relacionamento e intimidade. Toda a potencialidade do ser humano assim apenas pode ser exercida em sociedade explicando o motivo pelo qual a solidão é literalmente a raiz de doenças. Se a construção da identidade social vem das relações culturais a construção de sentimentos ocorrem pelas relações sociais. Na solitude o homem conhece a si mesmo, nas relações a si mesmo através de alheios.
O vício como oposto é o prazer desordenado em excessos quando o contrário, o bem-estar (sendo ponderado) apresenta harmonia e equilíbrio as necessidades naturais supridas de modo saudável em antagonismo do vício. Os prazeres quando não associados em simbiótica harmonia dentre o interior e exterior (sincronizados em sintonia dentre subjetividade e objetividade do mundo material) em desequilíbrios como os vícios, tanto quanto os traumas. Da destituição do bem-estar como do bem comum vemos que das desarmonias toda sorte de males se nutrem, sendo sociais, físicos ou mentais. O vício é a radicalização do prazer em desigualdade ante as necessidades naturais e o ambiente, como a ganância, inveja, ódio e afins. Ainda que inicialmente na mente subjetivada vem a se tornar fato por atos, muitas vezes não por menos dolosos.
O sofrimento assim como um efeito duma desordem, ainda que não tendo início sempre no prazer extremo por vícios, pode provoca-los, tanto quanto ter nele origem. No entanto, estas origens estão em más conexões relacionais.
Falhas de relações dentre o autoconhecimento e o exterior por dissincronidades de diferenças levam a rupturas de desigualdade donde o indivíduo por inadequação a si mesmo ao exterior passa estabelecer uma relação de extrojeção subvertida com o exterior. Disto o sadismo na satisfação do que odeia, sob viés sexual ou meramente de sujeição, advém não apenas de vícios licenciosos, mas de tais relações não alinhadas do exterior objetivo ante o interior da própria subjetividade. O sujeito assim do qual tendo impulsos homossexuais, por exemplo, ao não serem assumidos em ódio a si mesmo passa a ser projetados sobre seu oposto, na figura da mulher, ao estabelecer uma relação de prazer pelo medo ou sofrimento. Ele passa a ter sua interioridade castigada através de alheios, e mesmo a exemplo da homofobia, donde casos mais extremos demonstram sua comprovação com estupro de gays, uma forma de julgar aquilo punível em si mesmo através de alheios.
Enquanto a vítima é introjetada por traumas advindos da exterioridade objetiva do mundo material, a relação parasítica ou predatória assim passa a ser estabelecida em dicotomias, ao buscar nos impulsos primitivos de sobrevivência o escape a própria incompreensão, inadequação ou não aceitação de si mesmo, pois o autoconhecimento apenas advém da aceitação de si mesmo, não apenas o self-sapient. Ainda que este sujeito adoecido possa mudar a si mesmo, ao tornar isto em vício sobre a sujeição de alheios, o mero ato da negação dessa condição impossibilita a mudança ou aceitação.
Disso modos deformados de repressão dos desejos ou seus excessos são desequilíbrios que podem escapar ao autoconhecimento e autocontrole, que sempre se projetam em dissincronia ao exterior. Ora, se a maioria das desordens mentais advém da alienação informacional entre interior e exterior, a repressão das informações sensíveis da volições e desejos é uma destas. Similarmente, do mesmo modo que o efeito nocebo faz quando tentam determinar o que é uma pessoa, esta ao acreditar ser doente mental a doença assim pode ser possivelmente atestada em sua dissimulação inconsciente, na subjetividade em passividade ao exterior. A maioria dos traços socialmente esquizoides na sociedade advém disto, ainda que sem agravos de conduta moral e ética, a exemplo da timidez, alude como claro exemplo.
Assim, caso a violação da integridade física seja o estupro, os equivalentes mentais aos traumas físicos se perfazem a mente através de abusos psicológicos como um equivalente ao estupro da mente. Obviamente que as relações mentais como sociais não são sexuais, porém, todo abuso por ser penetrante a integridade assim se demonstra ao contrário do enclavinhar, como o arrombar ou invadir.
O trauma é em si uma introjeção forçosa a mente da vítima sendo condicionada por sofrimentos psíquicos por circunstâncias ou indivíduos nocivos e tóxicos.
Ora, o diálogo está para relações informacionais sociais entre mentes, sendo a discussão sua desavença. O fato é que a busca da sujeição da mente alheia vai contra o mútuo de qualquer conversa espontâneo ao aspirar um monólogo heterogêneo como equivalente relacional do indivíduo do etnocentrismo, sendo este por meio de apelos falaciosos, sofismas suas retóricas recorrem a ameaças, chantagens ou calúnias.
Trecho do livro "Processos Informacionais Psicológicos" de minha autoria.
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