Os futurismos distópicos da ficção são teses filosóficas de predileções de possibilidades futuras negativas. O preâmbulo mais comum em sua maioria são os despotismos de muitos modos. Montesquieu (imagem acima) definia existir três tipos de governos, o republicano do qual o povo teria o poder soberano, o monárquico do qual apenas uma pessoa governaria com leis fixas e o despótico que apenas um governa de modo autocrático ao sabor de suas intempéries e vontades arbitrárias a qualquer isenção.
Mesmo que até Maquiavel em seu livro 'O Príncipe' defendesse alguns aspectos e ocasiões do governo despótico (e outros filósofos também mencionam qualidades) sabemos que ainda mediante a diversificação plural de ideologias políticas o despotismo é hoje condenado quase unanimemente pelos povos como sinônimo de tirania. Todavia, temos diversificações do despotismo, do fascismo ao totalitarismo, sendo um ou com aspectos aristocráticos de um pequeno grupo que governa a revelia de qualquer lei e outros sob a alcunha de ditadura. Se para Montesquieu o republicado enaltecia a virtude e as monarquias a honra, o despotismo tem como principal característica o medo.
Ainda que saibamos que uma monarquia possa se tornar de reino a Império, sendo aristocrático ou teocrático, hoje mesmo uma democracia ainda que servindo em tese o povo serve-se de uma constituição donde advém a orientação das demais leis que sendo regulares delimitam o poder que deve vir do povo, ao contrário dos demais regimes.
Ainda que tais categorizações possam ser muito mais diversificadas hoje, uma vez que uma ditadura possa ter aspectos despóticos mas que ainda assim possa ser arregimentada em leis tecnicamente fixas - ante a presença de isenção. O fator medo expressa uma faceta de declinação social tornando possível a classificação desses tipos de governo análogos a graus civilizatórios em algum desvio tribal anterior ao monárquico ao se ater a traços intrínsecos a coerção fobosófica de tratados e contratos sociais, sendo pela radicalização ou meramente o sistemático rebaixamento aos instintos primários ao tolher as populações às rédeas da censura, fechamento social e ausência de transparência. A situação do povo análoga a de reféns ou prisioneiros de um estado que em graus diferentes priva as liberdades e direitos individuais. O despotismo assim ainda que dissimule a isenção de leis fixas precisa da censura e ausência de transparência para praticar a falta de isenção que como tal a desinformação em suas muitas formas (do Hoax, omissão, as Fake News) se tornam características sintomáticas comuns ao despotismo puro e simples. Um erro intencional nunca anda a sós, antes como a origem do termo fascismo em 'fasces' o despotismo se perfaz pela união de erros e mentiras, como as varas que designam o termo comum ao Império romano que inspirou Mussolini. A tendência ao totalitarismo é comum independente da pretensa posição política que almeja se dispor, mas não sendo meramente uma 'teoria da ferradura', a semelhança ainda que entre supostos opostos ocorrem por modos operandi e meios semelhantes no radicalismo.
Sabemos que da tolerância mútua e abertura ao convívio e liberdades individuais os grandes progressos e florecimentos civilizacionais surgiram historicamente, levando a civilização ao apogeu em vários setores de seu momento. Ao contrário da fragmentação democrática ocorrida hoje donde o progresso limitado em grande parte a tecnologia, esta se atém no ocidente ao corporativismo e tecnicismo, comumente. Disputas econômicas e de poder, interesses geopolíticos, e etnocentrismo se tornam problema na luta por uma nova ordem mundial ao buscar por meios tecnológicos e clandestinos a tentativa de centralização internacional de poder avançando apenas desigualdades satélites a isto. Ao dar claros sinais do novo declínio despótico que venha acarretar numa composição distópica de conflitos e atrocidades vindouras.
Se para Montesquieu a honra vem de regras e leis fixas (a exemplo de uma moralidade, não moralismo), ou seja, sem exceções e parcialidade, disto deriva o conceito de código de honra ao contrário da fluidez cinzenta do despotismo ao ser ilimitado e arbitrário eticamente, através do medo gerando uma pathoscracia regida através de transtornos psicológicos. O despotismo assim apenas se sente a vontade num ambiente de corrupção, crime e impunidade, por isso. Para o despotismo o medo é a propulsão, o ódio é o combustível e o crime o motor.
Quanto tais traços emergem da omissão a negligência, se torna o caminho para o passo seguinte, da censura aos crimes endemicamente sistêmicos como um despotismo que arrenda poder apenas através de arbitrariedades corrosivas as instituições públicas na destituição dos valores civilizatórios e humanos como meio de poder pelo medo e ódio, pois dentre outro aspecto do despotismo está a misantropia que ao desumanizar e destituir os direitos humanos, estes passam a ser propriedade dos dominantes.
A estrutura disso emergida tem potencial apenas à medida da homogeneização do erro e do insistente rebaixamento dos instintos insuflados pelo sobrevivencialismo acarretado pela crise de valores e credibilidade e sua consequente falência moral ao ser alimentados por toda sorte de maus instintos e baixos prazeres. Esse sistema primitivo que sempre esteve presente na humanidade tem sido despertado ante a sucessão de convulsões no Ethos de muitas culturas satélites à centralização desse poder ao corroer tradições e culturas e favorecendo apenas preconceitos, divisões e radicalismos pendulares na busca apenas por desavenças e diferenças, não do bem comum.
Enquanto o estorvo antidemocrático em sua dupla identidade institucional e bipolar se apresentar como contrário do que é a corrosão sistemática dos direitos constitucionais irá se intensificar tornando a constituição uma distante carta magma das democracias que para estes apenas existem a medida com que concorde e aceite com a vontade dominante.
O Brasil vive um despotismo do STF.
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