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sábado, 1 de outubro de 2022

Q.I. – Quociente de Inferno


Séculos mais tarde
Havia uma época em que a violência eclodiu de tal modo em possessões psicodemoníacas que as estatísticas passaram a serem chamadas de Quociente de Inferno. Tudo teve início num lugar onde de nada serviam diplomas, distintivos ou inteligência. O Q.I. era apenas um modo de medir o grau de insalubridade psicológica social. Um lugar onde mesmo o mais bravo policial tinha medo de entrar, mais de que numa favela dominada pelo tráfico. Os que entravam não voltavam e os que voltavam não eram mais os mesmos, pensavam ser a insanidade contagiosa, e outros possessão demoníaca de onde teria aberto um portal por este lugar ter habitado tanta crueldade. Todavia, fosse o que fosse era aonde passou nascer os monstros, um chocante berçário aonde pessoas honestas eram programadas a serem bestas humanas.
Os relatos eram difusos e contraditórios, dentre mentiras e enganos apenas a crueldade era o fato dominante, isso até o dia em que um jornalista ousou tentar quebrar a bolha crescente de aniquilação, como uma bola de neve de iniquidades profanas. De gaiato o inveterado jornalista ousou na surdina da noite seguir os grunhidos de dor e gritos de socorro abafados no seio da terra como se fossem mortos enterrados vivos. Passou por entre casas desertas atrás de seu Prêmio Pulitzer sabendo poder custar sua integridade física e mental. E assim encontrou um policial sentado maltrapilha ao lado de duas cabeças com quem conversava dizendo ser amigos que estavam caindo aos pedaços. Parceiros de trabalho destroçados no dever do serviço. O homem fedia a urina e fezes e tinha um olhar opaco.
– Você havia sido dado por desaparecido há três dias. O que houve aqui? – Indagou o jornalista estarrecido ao ver partes de seus parceiros.
– Ele falou para não irmos sozinhos. E agora meu parceiro Jonatas não para de falar. – Comentou o agente da lei segurando a cabeça dele e tinha excremento na boca.
– O que é isso, coprofilia?
– Não sei bem o significado de coprofilia pois fui obrigado a usar o diploma de filologia como papel higiênico. – Falou ele rindo de modo quase histérico.
– O que está acontecendo lá embaixo?
– Encontraram algo nos esgotos. Não é difícil encontrar, na verdade o lugar te encontra. Direita e esquerda lá são setas indiferentes para quem está perdido nesse labirinto.
O policial rindo como louco pegou a pistola e deu ao homem, e este apontou a porta entreaberta de um casebre donde uma luz oscilante emanava entre sombras trêmulas de mariposas. Caminhou lentamente após ouvir do policial que não haveria reforços, pois eles seriam os últimos.
Ao adentrar ouviu a transmissão bizarra de uma rádio ante um cheiro acre e de podre.
"Toda humanidade será castigada, ás 3 horas da madrugada na rádio más novas."
Lentamente ele caminhou e notou o lugar dar numa mansão cuja arquitetura suntuosa deu lugar ao horror trevoso do abandono. Assim ele viu um bilhete amassado e o leu:
"Quanto maior a elite mais custa caro para a humanidade, mais cobra em vão, mais destruição a medida da duração. Eles achavam que seus pênis como arma eram divindades onipresentes que a tudo penetrava."
O jornalista agora tremia e seus passos no ranger do assoalho parecia fazer assustar ratos quando ouviu cânticos tenebrosos num mantra repetitivo e funesto. Ele parou por de trás da entrada do porão e ao descer viu um grupo de homens de capuz branco parando o mantra e discursar:
– No sagrado livro do arquireto mostra que na mitologia desse universo de um ovo chocado veio, e disso a Terra oval girava em torno do Sol negro, da coprofilia cósmica, pelo deus Kopros arquireto do compasso oval.
Os homens fétidos pareciam ter um cheiro de suor velho e excrementos ao assentirem concordando naquele culto bizarro. A à seguir um outro fedendo a urina e sêmen velho parecia o preletor da reunião e disse.
– Para impedir o apocalipse o Templarismo tem que destruir todas as famílias, o amor consensual.  Obrigar o psíquico viver o mistério da injustiça e a mentira numa vida de empregos terceirizados, e sem diplomas para que os estupros das mulheres preparem o mundo para o novo Cristo que impedirá o Anticristo que ele será, caso colhesse algo que planta de bom.
Ao terminarem eles seguiram em fila indiana sugerindo em coro tornar aquilo uma centopeia humana deixando para trás o corpo de outro policial em estado sacrifical. O jornalista abaixou-se e pegou a câmera, desligou e pegou o cartão e o pôs no celular.
Acessou os vídeos das câmeras de monitoramento dos policiais que receberam o chamado de reforços, e a medida que adentravam a consternação os tomavam, como se os cérebros fossem depostos e toda esperança abandonada, a caminhada parecia remeter um rito de passagem do inferno. 
As imagens não eram fortes, eram um ardil a insanidade, um chamado bombástico ao espectador que não permaneceria incólume aos vídeos que uma vez vazados teria o poder duma bomba nuclear ao envolver políticos e poderosos de horrorosos parecer. Profanando corpos de donzelas a quase santidade. 
Se aqueles poderosos que em sua misantropia desejavam naquelas reuniões de holocausto fálico e sacrifícios humanos - o extermínio em quase hecatombe da humanidade - aqueles vídeos visto por todos conseguiria isto tornando toda humanidade casta por trauma ao contato contagioso aos vídeos. Um ancião obeso cuja barriga em brancura enrugada tinha a estatura estética a do órgão sexual, destoado em vil contraste extenuante das donzelas vulneráveis e molestadas num show bizarro. 
O velho usando das muletas para penetração achava ser o poder um afrodisíaco pelo fato de não ter poder ou o afrodisíaco ser mentira. Era enfadonho, ajeitava o óculos aquele daquela elite enjeitada pela humanidade, enquanto ria como se fosse um galã na puberdade. Sob aplausos e vômitos contagiosos a sanidade se esvaia junto com os cérebros quando ele bebeu o sangue de uma das vitimas oferecidas a Belial e Mamom. No século XXI o que nos expuseram em vergonha estavam sendo expostos em condenação. Se nenhuma mulher gostava deles, agora o mundo iria odiá-los.
Porém, caso eu fosse o protetor da humanidade deveria proteger a humanidade daquele contato de insalubre choque.
O jornalista terminou o vídeo chocado e ao tontear deu para trás topando com um armário de livros que ao balançar fez cair um livro da estante. Ele se abaixou e leu a capa: "O Guia do Viajante do Multiverso". Olhou ao redor e viu no porão pequenas gaiolas com pessoas ressequidas, era o porão de uma biblioteca num lugar perdido chamado 'Buraco da Cruz'. O jornalista se virou e viu um vulto branco saltar sobre ele, era caucasiano e pálido como um vampiro e seu nome era Ozak Fortuna.

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