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sábado, 9 de abril de 2022

O Crime Útil de Durkheim e o Parafuso do Diabo


Durkheim propôs em seu livro 'Regras do Método Sociológico' o conceito utilitário do crime em prol de mudanças e progresso. Alega que pela morte de Sócrates houveram mudanças e progressos sendo esta morte até justa dentro do âmbito de sua sociedade. Como podem os dois serem possíveis uma vez que justamente as defesas de seu discípulo, Platão, através do 'Mito da Caverna de Platão' prova a ignorância dos que o condenaram? Tal inversão moral sempre houve na humanidade ainda que tenha sido parcialmente oficializada por Maquiavel, e sendo acentuada posteriormente por outros remendos e enxertos como de Durkheim que promove mesmo a ética utilitária como cálculo consequencialista que julga margens aceitáveis de crimes para o progresso, como se as ciências sociais e humanas fossem meros números de exatas.

Disso a violência simbólica antes se fazia valer por autoritários e tiranos ao usar o terror psicológico como repressão a revoltas para inibir a população ante a opressão. Outro exemplo está na mesma utilidade criminosa para gerar comoção, sendo ambos faces do crime útil. 

No século XXI não era para a forca nos condenar, mas a forca ser condenada. Mas quando mesmo a policia não sabe nem se policiar, o perigo do crime e da impunidade é segurança apenas para o corrupto, não da vítima, o fraco e oprimido o qual muitos se veem com suas mortes anunciadas. A margem da própria minoria vulnerável e injustiças se tornaram um preço humano a ser pago ao ser estruturado como sacrifício, ainda que não oficial por governos e autoridades que deveriam ser pagos para zelar pelo contrário. 

Disso as ciências sociais que serviriam para a prevenção e melhorias passam a serem permissivas aos crimes e males que acha combatê-lo. É contra intuitivo por Durkheim ao definir isto, como a exemplo das doenças fossem elas importantes para existência do remédio. Ainda que saibamos que o crime e a doença serem fatos e problema político e social universais da realidade (ainda que em graus diferentes) de todas sociedades, devemos aceita-los e promove-los por sempre existir? Ainda que sempre existirão devemos defende-los para alheios? E caso for conosco? 

Tais rudimentos intelectualmente medíocres apenas expressam facetas diferentes do mesmo moralismo que geram camadas de males em si mesmo como manutenção de poder, um conhecimento de poder. Disso a ilusão hipócrita e moralista de quem controla a aparência, controlando apenas a ilusão. Como verniz e perfumaria de processos fraudulentos e afins. Vulgo, enxugar gelo.

Estes atos buscam instar a população para que algo seja feito apenas quando um crime (ainda que anunciado) ocorra. Sendo não menos um modo maquiavélico e cínico que torna necessária a repetição sisifista e estoica de crimes e males como o mesmo alimento aos arquétipos de heróis e vilões. Seriam como receber dominicais eucaristias ou ceias protestantes de sacrifícios humanos para rememorar a comoção da morte de Jesus.

Desse utilitarismo azedo temos o exemplo do ataque de falsa bandeira a Polônia como crime útil a Alemanha nazista afim de justificar a invasão do país. Todo mais é análogo como similarmente justificar a morte de deficientes e inválidos por serem 'elefante brancos'. 

O crime pode ser leve para o corrupto que o faz, não para o honesto que o sofre. Sendo apenas o contrário mediante a justiça isenta e integral aos fatos. Disso o próximo passo são falsas normatizações dos crimes, que por aspirais demonstram ser apenas o parafuso do diabo, que aperta mais a cada volta. Esperar por crimes anunciados se consumarem como prova da necessidade de mudanças é como esperar um asteroide cair na Terra para tentar fazer algo, ou testar a teoria da destruição mútua assegurada por armas nucleares afim de tomar providências para impedi-lo uma vez finalmente provada. 

Estes na realidade não tem menor interesse genuíno em mudar o mundo para melhor, mas apenas forçar a roda da história apenas no rememorar dos erros passados. A exemplo da cultura da corrupção e estupro estruturadas o aparelhamento dá lugar a tentativa disso se tornar força política ante a decadência da impossibilidade de ser força legal e intelectual. Estes são incrementos torpes e niilistas que na prática apenas enfraquece todos valores civilizatórios e sociais. Mesmo criminosos gananciosos comuns veem utilidade similar ao crime, e se o crime é útil é por acharem que o direito alheio não. Seu agravo é evidente ao tornar a prática da constituição rara como bicho em extinção. Estes que jogam um pouco no crime e um pouco na lei, não são nada senão cartéis e máfias oportunistas que não admitem sofrer o que impõe, sendo característico apenas a elites privilegiadas e impunes, independente da política ou crença alegada. Se o segredo é a alma do negócio, devemos estes desvelar!


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