Não há arquétipo mais belo que o da liderança espontânea e verdadeira ao remeter mais a um salvador e herói. Usemos um exemplo de um navio como um ambiente que reproduz numa escala fractal um Ethos de um grupo, empresa ou toda uma sociedade. O código moral dos mares se assemelhem muito ao do espírito esportivo de competidores que ainda tendo rivais apresentam respeito e cooperação na adversidade, como o capitão sendo o último a abandonar o navio à máxima que remete a do herói como o bombeiro até ter a última vítima salva do incêndio.
Grandes navegadores como Amy Klink não por menos são exemplos mesmo para o meio corporativista que a exemplo de seus livros expressam uma história de filosofia de vida inspiradoras. Justamente esse seria o papel do verdadeiro herói ou líder, inspirar e motivar, o que a exemplo de uma grande expedição no mar se torna vital para a coesão da tripulação ou um povo ante uma crise de qualquer cunho. O contrário significa a possibilidade de se amotinarem, ou como um grupo a rebelião, ou um povo a revolução ou guerra civil. Tais expressam a transição da figura arquétipa do líder para outro quando seu papel arquétipo é gradualmente convertido num arquétipo negativo.
Como digo o verdadeiro líder ainda que duro é justo, isso significa proporcionalidade simétrica, sendo nas relações, no prêmio ou no castigo. Disso os bons inspiram confiança e os maus inspiram apenas medo. Exemplos históricos não faltam, de Stalin que mandava soldados sem arma na Segunda Grande Guerra sob pena de serem mortos caso não fossem, a Hitler que julgava que seus subordinados (e o povo) mereciam sofrer por perder a guerra.
A diferença entre um bom líder a um tirano está no ato de ser justo, pois significa sobretudo empatia para com os seus, sofrer junto com a tripulação assim como compartilhar das vitórias, justificando a orgânica natural e espontânea da liderança que é confirmada pelo depósito empático de confiança da tripulação sob seu líder, em feedback, pois a hierarquia não se torna sinônimo de desigualdade, afinal o líder não está acima, mas a frente. Ele faz parte do grupo, não manda de fora dele, alheio as necessidades dos subordinados, mas sendo tão apto a liderança quando a pegar no pesado como eles ou com eles.
Mas se há um manual implícito ou não da boa liderança também há da má e parece ser ditado inconsciente por arquétipos interiorizados desses como ímpeto do caráter, assim há os que se fazem da autoridade autoritarismo, do assédio moral, dos que corrigem na frente dos outros os humilhando, dos que se aproveitam de seu cargo a benefício seu ou de poucos, do líder que sem responsabilidade moral delega responsabilidades (e culpas) aos subordinados, sem autocrítica humilde mas com soberba usa do cargo pelos privilégios concedidos tendo o subordinado mais como presa do que extensão de si, pois ele não sendo líder não passa de um predador.
Como o viés do psicopata quando por baixo é puxa-saco, quando por cima assediador, ele passa desejar que igualmente lhe puxem o saco e o bajulem. Líderes como os bons exemplos são raros pois falta a eles auto-conhecimento ante a necessidade de contrastar seu cargo com a inferioridade dos subordinados julgando-se mais que os mesmos, os maiores, visando apenas se elevar através dos subordinados. O verdadeiro líder ele serve aos súditos em retribuição ao reconhecimento como tal, como Jesus lavava os pés dos discípulos enquanto os tiranos possuem apenas prisioneiros de uma cadeia de poder que se perfaz como corrente pela inspiração do medo. O arquétipo da verdadeira liderança não existe sem correspondente Ethos, pois a de oprimidos possuem apenas arquétipos de tiranos no poder.
Talvez por isso grandes líderes antes conheceram a si mesmos no isolamento e segregação antes de abraçar uma causa do qual ele mesmo era parte como exemplos citados anteriormente pois ao se conhecerem não necessitavam usar alheios como régua para sua essência mediante a singularidade que apesar de individual não era individualista. Eles não se comparam, mas se colocam no lugar do sofredor pois como todo líder faz parte do que lidera. O líder não justifica ao seu poder, mas a necessidade. Delega funções de acordo com a aptidão sem proporcional deveres e direitos, mas não isoladamente mas em cooperação pois o líder existe apenas num grupo e o grupo existe apenas pela cooperação mútua. Ao contrário de alguns políticos não possuem palavras onerosas sem valia ao distanciar teoria de prática, mas conhece tanto as dificuldades do cargo mais baixo quando dos mais elevados, pois palavras dóceis iludem e como se diz fomentam mesmo a escravidão amistosa, mesmo que não voluntaria, a exemplo do que alegam ao telemarketing.
Similarmente o líder sem respeito demonstra-se mais como uma vítima do que os próprios a quem seriam subordinados. Enquanto o líder de um Ethos adequado ao clamor de um povo é confirmado pelo respeito, tal está mais como um subordinado apenas com responsabilidades do que direitos pertinentes a função, pelo respeito. Isso indica que no mínimo os liderados são incompatíveis com tal liderança na ausência de motivos justificáveis para o mesmo como a indisciplina, insubordinação, discriminação, ódio e etc.
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