Todo artista começa como fã, mas os que possuem luz própria não aceitam ficar a sombra de ninguém. Dos bons assim nasce a autenticidade. São os desajustados quem mudam o mundo pois por não se ajustarem ao mundo, ajustam o mundo para suas mentes. Os que seguem sempre a cartilha apenas veste o uniforme da mesmice, os que as rasgam revolucionam. O insight singular apenas nasce do rompimento do normativo e do lugar comum.
Mesmo em meus sonhos oníricos desvelam interesses e vocações que despontam como fomento as minhas criações literárias, sendo elas fictícias ou filosóficas.
Em fevereiro de 2020 tive um sonho intrigante o qual aparentemente conseguia ultrapassar a barreira da incerteza de Heinsenberg como se por uma dualidade de posição e velocidade da partícula fosse o caminho para uma dualidade de realidades ao romper as dimensões do espaço-tempo a uma variável paralela do próprio universo. Nesse outro mundo meu pai não havia morrido e ia na casa dele e observava as diferenças entre mundos como num programa de televisão onde variáveis de uma mesma história eram descritas assim como a observação de um fenômeno de luz no horizonte num dos mundos o qual ao descobrir sua natureza percebia se tratar de uma espécie de nave nazista camuflada. Contava para minha mãe que havia visitado meu pai, mas ela não acreditava em mim.
Minha produção literária mais do que uma filosofia de vida e uma necessidade desabafo ante atrocidades do obscuro se torna como meu fôlego vital não somente como sonho e meta, mas uma forma de combater os males do mundo que me cercam. Se trata de ser um guerreiro da pena ao contrário dos guerrilheiros da impiedade.
Uma ineptocracia nasce de ambições maiores que a aptidão e talento, pois quando se almeja a excelência da qualidade não se buscar ser o maior, mas o melhor. Mas seria muita presunção minha considerar-me o melhor autor da atualidade mesmo pelo motivo de que os critérios e gostos variam e são relativos ou subjetivos ao definir um bom autor. Porém, certamente sou bom o suficiente para não precisar depreciar gratuitamente e plagiar ninguém de modo que aos meus critérios que uso para com obras alheias me satisfaz nos livros que sou autor, mesmo pois tais critérios com obras alheias julgo bastante justos. Tudo o quanto gostaria de ler em livros que nunca li produzo eu mesmo de modo que meu primeiro público alvo sou eu mediante tais critérios que não costuma desagradar os bons leitores.
Determinadas fantasias são máscaras de desejos que visam ordenar e dar sentido a torpeza ilógica da mera discriminação. Minha ficção é um modo de dar sentido ao niilismo da ilusão conflitante a realidade. Significa achar-se ante a insignificância imposta das niilidades de lógicas egocêntricas. Transcendo assim uma realidade interior. Por vezes de fora da realidade busco viver o que nunca vivi, os prazeres que nunca tive os amores que nunca encarnei, corro do mundo fugindo para dentro de mim mesmo. No entanto, estranhamente não me identifico com dramas cotidianos de vidas comuns de pessoas que possuem amigos, passeiam, se casam e têm filhos, pelo surreal de minha vida, e sim com a ficção científica. Também busco me conhecer melhor explorando minha mente como astronauta de meus próprios pensamentos. Você não pode se achar no exterior, através de opiniões alheias como seu reflexo no espelho, mas apenas olhando para dentro de si mesma. Espelhos podem ser tortos e refletir erroneamente.
Mas vender mentiras como realidade é ilusão ao contrário de vender realidades como mentira que se chama ficção. Mas dessas ilusões moldadas sobre as nuvens da mentira, do abstrato e do engano é que como castelos nas nuvens ficam sitiadas as galinhas dos ovos de ouro, a exemplo de 'O Código da Vinci' como uma fantasia totalmente oposta a realidade. Muitos tentam dizer e pregar coisas feias e injustas em belas palavras suaves afim de não parecer ser preconceituoso ou injusto como é. Por isso melhor a ficção que exponha a verdade do que a fantasia que promove a injustiça a pretexto da ilusão. Talvez por isso os temores tornem autores no geral tão pessimistas no tocante ao futuro que sempre se apresenta sob a forma de alguma distopia, sejam em livros, filmes ou séries.
Há muitos tipos de distopias, mesmo a ineptocracia demonstra-se como uma variável ainda que sob aparência de normalidade. Um conto que demonstra perfeitamente uma Ineptocracia é 'Uma Cidade Qualquer' onde muita referência, informação e reflexão está cifrada. A parte o qual um homem precisa apagar e acender manualmente todas as luzes da cidade de modo individual expressa a criação de atividades inúteis que visam impedir o indivíduo de exercer sua verdadeira vocação.
Mas o pessimismo também pode demonstrar-se como uma fantasia para o conformismo, o pragmatismo dos passivos a realidade. Por isso não tenho mais fé na humanidade, mas sim na verdade e na lei, as únicas coisas que mantém algo ainda.
Assim a verdadeira crítica ficcional assim não tem necessário rigor com detalhes históricos, mas de determinados valores, hábitos, comportamentos e tendências históricas identificáveis como males, problemas e injustiças.
Busco assim que se transforme no que é sendo rei e senhor de sua própria mente, sua verdade de seu ser vem de dentro enfrentando os dragões do engano que se impõe contra sua essência. Mas a mentira nunca se tornará a verdade ou realidade, mas a ilusão. Ainda que o exterior lhe diga o oposto o único refúgio que importa sempre será sua mente. Não deixe que o exterior determine sua essência, pois você sempre será sua mente, não o ambiente que o cerca. A última palavra sempre será da verdade e da razão.
Deixe que sua ficção se torne o espelho de sua verdade interior. O verdadeiro reflexo chora e ri comigo, sempre estará comigo num espelho, o resto é apenas sombra que assombra que não segue, mas persegue, que pode tomar meus contornos mas distorcidademente. A sombra deve estar abaixo dos pés, mas a luz difusa a multiplica maior que eu.
Trecho do prefácio da antologia 'Contos do Além Realidade' de William Fontana.
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