A sucessão de proposições que levam a uma linha de raciocínio sucedido chamado inferência confere uma certa legitimidade ao argumento. Tal seleção coerente propõe o fundamento presente em todas sucessões quer sejam em meros argumentos, redação ou histórias pertinentes a início, meio e fim. No caso do argumento são quase sinônimo do Silogismo em similaridade de como se constrói a epistemologia.
Ora, sob a perspectiva passada todos atos ocorridos são fatos consumados e inalienáveis, ainda que queime esse livro amanhã isso não muda a verdade dele existir hoje o que para o amanhã será o passado. O ato de alguém está morto há séculos prova que ele não mais existe em nossa realidade, mas comprova que já existiu pois apenas morre o que viveu sendo este conhecido ou não. Mas ante o futuro paira a possibilidade de ser ou não ser, ocorrer ou não ocorrer, não sendo atos, logo nem fatos. A disparidade disto está entre você planejar ou esperançar sendo idealizações tanto como interpretações de determinado fato, sendo mapas do ideal, não a realidade. Pois o que ainda não aconteceu ainda não é real, mas possível.
Há assim diversos tipos de verdades, todas pairam na perspectiva do presente-passado in loco, pois mesmo as suposições proféticas a de serem possibilidades até acontecer consumando-se como destino. Afinal não podemos dizer algo ser certeza como fato que ainda não houve ato. Logo, no futuro não encontramos verdades ou mentiras absolutas, mas possibilidades disto ser. Quem pode negar a possibilidade com certeza? Quem pode comprova-la totalmente? Ainda que hajam limites ao caos, logo as possibilidades, ainda assim nem todas possibilidades há de acontecer assim como nenhuma. Podemos supor o destino, mas não menos como idealizações de uma possibilidade.
Óbvio que mesmo a idealização conjectura um ato, ainda que como fato interior da subjetividade logo uma interpretação, não verdade objetiva. Ora, o ato de pensar é um fato, logo uma verdade em si ainda que ela não conflagre necessariamente uma correspondente verdade objetiva e exterior, assim mesmo a mentira contra os fatos demonstra-se um simulacro de verdade que abster-se da realidade senão como fato de ser isso, uma mentira. Porém, digo sobre possibilidades de verdades, não impossibilidades implausíveis dessa. Assim o 'e se' conjectura um limpo entre a verdade e mentira até ser ou não ser ante sua possibilidade, pois a mentira plena assim apenas podemos atribuir a sua impossibilidade plausível. Tal como o ato disto escrever faz de mim autor, meus atos em relação ao exterior perfazem meu ser, o que sou, posso eu largar isso e sair gritando na rua, me matar ao gosto dos maus, ou quebrar meu carro, mas isso não muda os fatos anteriores assim como não é possível eu bater os braços e sair voando. Disso apenas os loucos em dissociação volitiva e inconsciente dos fatos objetivos há de pensar no oposto.
Se o que sentimos é a realidade interior, o que comprovamos é a verdade (exterior), o primeiro é volitivo, o segundo a inteligência o qual apenas o acordo se atestam mutuamente. Disso podem haver realidades inferiores como as ilusões que nos induzem falsas sensações ao destoarem de verdades ulteriores ou sendo interpretativas. Para a gnose essa realidade é inferior, quando o é perante a bíblia apenas mediante quem assim a faz. No cristianismo atestamos outras realidades como o céu e o inferno não implicando necessariamente que a realidade em que vivamos seja menos real. Mas caso o conceito de inferioridade diferente da qualidade moral ou de suas verdades podemos assim ter concepções pertinentes em equivalência. Há realidades menos reais pelo grau de falsidades que produz assim como há realidades de qualidade inferior pela condição social e ética que induz. Muitas vezes podem ser ambas nas duas, mas não implica necessariamente inexistência física ao contrário das realidades pressupostas espirituais, caso fosse uma ilusão como a ideia do universo holográfico as leis físicas seriam inúteis, porém, ainda assim não tirariam a realidade do que sentimos e pensamos. O fato é que não podemos negar a matéria do estado físico como atestado de realidade tangível, ainda que hajam realidades físicas diferentes além do horizonte tangível isso não a torna necessariamente inferior ou superior.
A verdade nunca acaba, o que pode ter fim é apenas a nossa compreensão dela. Sendo a verdade conhecida ou não, ela não deixa de ser verdade ou passa a sê-la, mas sim a compreensão que temos sobre ela pode se demonstrar errada. O mesmo se diz do que era sempre será, mesmo que hoje findo no passado sempre existirá. O passado passou apenas para nosso presente, mas encontra-se além do que podemos alcançar, não podemos mudar o passado pelo mesmo motivo que não podemos mudar a verdade, mas no máximo alterna-la. Há verdade possíveis e impossíveis, tangíveis e intangíveis.
No silogismo uma premissa apenas pode ser suplantada mediante uma premissa o qual o fato demonstra-se mais forte, assim como ao se tratar de ciência alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias .
Trecho de 'Cronogenises', Razões da Linearidade Espelhada, de William Fontana.
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