Penso na ficção científica como cânone de inspiração a exploração científica. Desse modo visa testar hipotéticas possibilidades não somente negativas como positivas como modo de motivar o esforço da civilização como espécie a superar males comuns em prol de avanços significativos. Sendo assim a ficção científica não tem somente o papel de criticar mazelas morais e éticas possíveis ou existentes, mas também de promover soluções e propostas para avanços que como exercício de imaginação pode se tornar precursores lógicos para feitos reais. Fatos históricos anteriores prova isso.
Um exemplo disto pode ser visto nos livros de Space Opera que testam hipóteses de explorações espaciais além sistema solar. Porém, para uma espécie ser capaz de viajar pelo espaço ela precisa evoluir o bastante como civilização superando problemas e conflitos internos da própria espécie afim de debruçar-se no além. Mas não somente isso, implica sobretudo a possibilidade de sobreviver a apocalipses de seu mundo, sejam por problemas civilizacionais ou cósmicos como quedas de asteroides e afins. Sendo assim o percentual de uma forma de vida simples se desenvolver até a uma forma de vida complexa e inteligente capaz desse feito cai vertiginosamente segundo a equação de Drake. Similarmente propostas de Fermi reduzem drasticamente tais possibilidades. O grau de apuro científico e moral de tal civilização exigira um empreendimento único como espécie ao ultrapassar as barreiras de diferenças e discriminações interiores a espécie como civilização, superação de males que entravem o mesmo, mas que substancialmente poderiam levar a descobertas que expandiriam os horizontes cientificamente exploratórios a ângulos não somente espaciais. Um exemplo disto seria a possibilidade de buracos de minhoca que viabilizassem não somente as viagens no espaço, mas no tempo, ao abrir horizontes de exploração não somente interespaciais, mas potencialmente intertemporais ou interdimensionais ante a possibilidade hipotética de um multiverso habitável. Isso se torna uma possibilidade plausível mediante o fato de que grandes distâncias de anos luz não demandam apenas energia enorme, mas tempo e uma vez que as viagens no tempo poderiam ser muito mais curtas tornariam mesmo as viagens espaciais mais fáceis, porém, não necessariamente preferenciais em razão da possibilidade de explorar outros tempos ou mesmo outros mundos possíveis dentro de um mesmo 'espaço'.
O fato é que o grande salto para as viagens espaciais tem sua chave no tempo pois mesmo mediante a possibilidade de viagens em anos luz viajar por toda Via Láctea exigiram 100 mil anos luz de ponta a ponta e uma vez que não é possível viajar acima da luz o único modo de consegui-lo de forma viável seria viajar pelo tempo, cortando não somente o tempo, mas o espaço. Fisicamente não existe outra possibilidade, sobretudo pelo fato de que toda forma de vida inteligente teria um período de vida útil antes de seu declínio, e uma vez que seu avanço a ponto de tal feito isso implicaria que no mínimo mais da metade de sua vida útil como espécie se esvaiu. 100 mil anos seria tempo o bastante para essa espécie se tornar potencialmente outra se transformando ou se extinguindo mediante a possibilidade de ter conseguido o transcorrer de tempo o bastante para esse feito. Ou seja, o percentual cai ainda mais vertiginosamente ante a possibilidade de viajantes do espaço, estando estes mais perto de terem a qualidade de poderes de divindade do que de formas de vida similares a humana.
Trecho adaptado de 'Cronogenises' de William Fontana.
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