A Continuidade de 'As Duas Faces do Espelho' do qual sou autor. Se trata dos envolvimentos do temponauta Dominic com os imperionautas a procura de gemas do tempo a Dimensão Impossível - assim conhecida por possuir seis dimensões - com o objetivo de impedir uma manifestação de doenças quânticas pela distorção da linearidade e a origem geradas por seres do multiverso e para resgatar seu amigo Follet Goldberg que fora raptado por seres multidimensionais. Os eventos levarão a uma entidade onisciente intitulada A criança da eternidade que seria o resultado da conversão de todas dimensões conhecidas num ser que representa sua simbiose mais pura aparentando ser uma inocente criança de apenas 8 anos mas que seu poder e conhecimento excede tudo o quanto acha-se que se sabe. Habitando a dimensão Impossível ele tem a respostas para todas as perguntas do multiverso, mas para isso terão de ter auxilio de Alejandro Ruas, um agente da AIT (Agência de Inteligência Temporal) da Dimensão Esfênio que procura impedir um evento de categoria 8 a partir da Dimensão Safira dominada por dissociais ao perder a base de sua dimensão a pedra que dá o nome a ela e que estaria literalmente projetando o futuro do passado indeterminado. Vejo um trecho do primeira parte do livro abaixo:
Aquela luz tremule parecia reluzir contornos confusos que se mesclavam com os objetos daquele cômodo. As sombras se contorciam sinuosamente como se escorregassem por frestas dos móveis por vezes dando a impressão de que os próprios se moviam por encanto. E aquilo parecia justamente isso, algum tipo demônio de encanto que, no entanto aterrorizada os parentes do ser aparentemente moribundo que se remexia no leito de sono e amor, normalmente. Os rangidos da madeira com o mover dos braços presos da jovem parecia remeter algum tipo de sessão de tortura sexual daqueles masoquistas que alimentam desejos doentios de sádicos, mas não era. A família tradicionalmente cristã parecia tão chocada com aquilo do que qualquer pessoa ao conceber que as afeições sutis e doces daquela jovem deram lugar a distorções que com o mover de sua face pareciam se alongar em formas que por vezes pareciam se fundir com demais membros como ecos sobrepostos em si próprio.
Os gritos de aflição varavam as paredes de madeira fazendo com que os vizinhos não dormissem com aquela situação até que um homem a passos largos subiu as escadas ao lado de um mais com roupas normais. Vestindo uma batina, e armado com um crucifixo o homem de Deus virou após subir a escada até a porta do quarto que fora aperta pelo pai da garota aparentemente possuída. O padre tirou um terço do bolso e entregou a ele após o cumprimentar sutilmente com um aceno.
O Homem da fé, era um senhor calvo e uma barba rala sobre sua face, completamente branca. Tinha olhos verdes e estava acompanhado de um homem com trajes daqueles antigos, pois estavam no ano de 1828 no interior de Portugal. O sujeito era um homem que apesar de pouco conhecido do público, e história, tinha crenças incomuns para a custosa e lenta ciência espacial, de que assim como na filosofia dos chineses o espaço inexistia. Seguindo os rumores do ocorrido ele farejou o local e até lá se dirigiu intrigado com a manifestação dita demoníaca quando parentes relatavam ver a jovem em alguns momentos praticamente se mesclar a objetos do quarto dela, antecipado qualquer lenda de experimentos como Filadélfia. Seu nome era João Abrantes, um homem barrigudo e com um bigode espetado daqueles que no século XXI fariam as pessoas rirem ao conceber que o agora prende-nos ao riso futuro pela moda.
O Padre, chamado Altamiro Roberto era especializado em exorcismo pela Santa Sé e ficou impressionado com o que viu. A jovem quando notou a presença do homem de Deus, se remexeu e falou com uma voz triplas coisas incompreensíveis a qualquer poliglota do mundo assim como linguistas. Imediatamente Altamiro ergueu o crucifixo proferindo frases em latim e em seguida pegando uma bíblia que estava na cabeceira ao lado da cama. João Abrantes deu-lhe então nas mãos a água benta e mesmo com a reza em conjunto com os parentes nada mudou.
João, porém, intrigado parecia de certo modo se deleitar ao conceber que aquela garota possuída fazia o impossível a ciência conhecida como um milagre autêntico ainda que invertido pelo sacramento do Vaticano. Naquele momento sua cabeça rodeou de um lado a outro fazendo parecer que ela tinha múltiplas faces se fundindo diabolicamente e fazendo mesmo o padre sentir arrepios do inferno, quando naquele momento um jovem, o irmão a dita possuída, adentrou o recinto e murmurou algo ao pé do ouvido do pai que concordou com o rosto e dizendo num português carregado no sotaque, ‘mande entrar’.
- Quem está lá embaixo? – perguntou a mulher do homem.
- Disseram ser mais um padre. – respondeu ele a dona de casa.
- Não chamei nenhum outro padre. – retrucou Altamiro com o senhor do lar.
Aquilo deixou eles confusos mas antes que pensassem em dizer algo mais a porta se abriu e um homem jovem vestido de batina entrou com um sorriso meio sem graça, como que forçado e disse.
- Me perdoem, vim o quanto antes. Meu nome é Dominic, Dominic Kaspar. Sou perito em identificar milagres e estava pelas redondezas quando soube disto.
- Prazer Dominic, não esperava companhia. – disse o padre apertando sua mão e seguiu – de quem paroquia você é?
- Bom Padre... – disse ele meio sem graça – Atualmente não tenho estado muito por aqui, tenho me dedicado a alguns milagres que a ciência de vocês não compreendem.
- Certo. – disse o padre e virando-se pra jovem que se remexia disse. – Já rezei o pai nosso e o salmo 91, mas sem resultado, aparentemente ela não reage nem a água benta, é daquele tipo de demônio. O que pretende fazer?
Dominic hesitou por um momento olhado para cara do colega e dos parentes da jovem e então lhes deu as costas como se escondesse algo por de baixo da batina e disse enquanto a mãe da garota praticamente se inclinava esticando o pescoço pra ver.
- Tenho aqui um pouco de água. Bom, como explicar... – disse ele embaraçado quando o padre também se virou pra ver o que ele mexia e assim ele cobriu o pulso com a manga da batina e se virou pra eles novamente e disse. – Como havia imaginado. Esse demônio veio de outra dimensão daquelas...
O pai da garota acenou concordando e virou para João Abrantes como se fosse uma notícia muito importante e assim João curioso se inclinou sobre o ombro de Dominic notando haver um volume sob o pano da batina o deixando desconfiado.
- Olha, nestes casos o exorcismo só vai ser possível se todos saírem do quarto, pois quando ele saí do corpo pode agarrar qualquer pessoa no caminho. – disse Dominic kaspar e então todos concordaram prontamente saindo do cômodo, mas o Padre Altamiro cruzou os braços com a bíblia entre as mãos como se igualmente aguardasse e disse.
- Você parece experiente nisso. – disse o Padre de modo sincero.
- Não faz ideia, estou trabalhando nisso há muito tempo. – respondeu Dominic com uma pontada de ironia. – Mas acho que o senhor vai ter que sair também.
Naquele momento Altamiro lhe olhou em tom severo como se duvidasse do porque daquilo e não tivesse confiança na santidade dele.
- Nada pessoal, acredite – insistiu Dominic colocando as mãos no ombro dele e apontando a porta e seguiu – Tenho o hábito de apenas mandar esses demônios pra dimensão deles sozinho ou com meu ajudante habitual.
O Padre, meio relutante olhando para os lados saiu do lugar e fechou a porta. Dominic então colocou uma cadeira atrás dela, bloqueando a maçaneta pra que não se abrisse e puxou a manga da batina revelando um aparato tecnológico incomum para aquela época em seu pulso. Era um tipo de monitorador de influências quânticas na caótica e oscilações temporais assim como comunicador timestream diretamente com sua base do futuro de onde veio, ele era um viajante do tempo.
Focado na garota ele apontou a pulseira e monitorou todas oscilações para perceber que se tratava de um ser do multiverso o qual a manifestação recentemente descoberta pra eles oscilava o tempo e as dimensões criando ecos que se sobrepunham.
- Confirmando, é um ser multiversíco. – disse ele com alguém pela pulseira quântica. – Essas aparições estão se tornando preocupantemente frequentes. Bom vou seguir o procedimento padrão, aparentemente sem divergências com os 37 protocolos de segurança temporal e dimensional, correto?
Dominic ouvia as instruções de alguém diretamente do futuro e acenou com o rosto concordando apesar de o ser pela simples manifestação ter alterado aquela dimensão quanticamente. Assim ele apertou algo na pulseira e uma luz se acendeu, azul e depois ficou amarela quando o ser se remexeu no corpo da garota e começou a falar e ele ajustou o tradutor do aparelho que traduzia o que ele dizia.
- Você tem que morrer! Desapareça raça inferior!
- Negativo, você sobrepôs o corpo dessa jovem pra fazer o que? – perguntou Dominic.
- Seremos os deuses dessa dimensão, seremos deuses do multiverso!
- Não nos usando como degraus! – disse Dominic de modo severo e apertou mais algo na tela da pulseira que aparentemente ecoou como uma onda pelo quarto e o ser saltou do corpo da jovem a deixando apagada na cama.
Do lado de fora do quarto o eco fora sentido quando João perplexo notou aparentemente a parede e o teto oscilar como se fosse líquido. A mãe da menina gelou de medo, achou que a casa agora estava sendo possuída.
Dominic Kaspar olhou serio para o ser que agora parecia levitar dentro do cômodo quando alguém do lado de fora forçou a porta para se abrir girando a maçaneta, mas com a cadeira bloqueando. O rosto com olhos fundos e uma boca pequena, esbelto e com pela amarronzada o ser parecia saltar em movimentos ecoantes sobre si próprio e olhando de volta pra Dominic e disse.
- Ela só é um teste. Quero o Filho da Eternidade.
- Quem é este? – perguntou Dominic olhando agora para monitor notando que as oscilações temporais saiam do percentual a singularidade curvando-a. – Maldição, está afetando a dimensão, saiu da escala quântica. – informou ele pelo comunicador.
- Estrago feito, finalize o serviço, pois você já está num desvio temporal – disse a voz no comunicador diretamente do futuro.
Ao ouvir isto, Dominic apontou novamente a pulseira quântica para aquele ser nefasto e moveu na tela um comando que fez acender mais uma luz que abriu uma espécie de vortex naquele quarto atraindo a criatura para dentro dele de modo que se remexia agonizante fundindo suas formas múltiplas tornando completamente impossível se reconhecer o ser. A onda provocada por aquilo ecoou ao exterior da casa se tornando perceptível aos vizinhos que observavam do lado de fora o que acontecia naquele lugar. O imóvel estremeceu em suas estruturas e um espelho se quebrou fazendo a cadeira cair e liberando a entrada da porta que fora aberta por João Abrantes que ao ver a situação arregalou os olhos estarrecido assim como os demais do lado de fora.
O ser gritou como se tivesse inúmeras vozes e então desapareceu diante dos olhos de todos presentes deixando o quarto subitamente silencioso e com os parentes da jovem paralisados até que sua mãe resolveu correr até a cama ao ver a filha despertar suada. A desamarrou e abraçou a garota quando João se aproximando de Dominic viu a pulseira de quanticometria como era chamada e olhando vidrado para ele perguntou.
- Como você fez aquilo?
- João, certo? – disse Dominic – Conheço sua história e como suas teorias anteciparam essa gente primitiva e por isso mesmo fora discriminado, mas posso afirmar que daqui pra frente a humanidade terá uma história muito intrigante. – concluiu ele cobrindo a pulseira de quantum.
- Qual igreja o senhor pertenceu? – perguntou o Padre.
- Bom nesse tempo lhe sugiro procurar a Ordo Christianitas Ad Ventus, relate o caso e eles lhe darão respostas. – respondeu Dominic virando-se e vendo os pais ao lado da jovem sentados na cama e então disse a eles – Posso afirmar com toda certeza que ao lançar seu livro João vai conduzir a humanidade a um tempo muito mais justo, apesar de alguns ameaçarem ele e até mesmo criar guerras por seres primitivos e atrasados. Sua filha vai criar uma religião o qual vai propor que seres de múltiplas dimensões tentam nos contatar, mas peço-lhe para que tenha cuidado com alguns impostores e fanáticos que vão tentar abusar sexualmente dos fiéis.
- Como o senhor tem ciência disso tudo? – perguntou o Padre pra ele. – Algum tipo de profeta és!
- Não... – disse ele – bom quer dizer, de certo modo sim. Mas não que esteja vendo o futuro, mas pode-se dizer que vim dele.
Dominic então se dirigiu até a porta e viu pela janela que uma pequena multidão se aglomerava do lado de fora, assustados com o que acontecia. As horas eram avançadas, exatamente as 2:46 da madrugada e diante dos “milagres” que os moradores viram era inquestionável o que aquele homem estranho a eles lhe dizia. O filho deles ficou estático olhando para ele e tirando o chapéu e o padre e João o seguiram vendo quem alguns amigos dentro da casa permaneciam igualmente inertes, pois mediante o presenciado em concordância com que dizia era evidente não se tratar de qualquer impostor, daqueles que matavam a quem furtavam ideias e os aniquilava em exclusão.
Gerson Machado de Avillez - 2014
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