Abaixo posto um trecho do segundo volume de minha autobiografia, 'Confissões de Uma Mente Autista' de minha autoria.
A promoção enganosa da inteligência como elitismo parece apenas endossar a promoção de seu oposto, pois a inteligência é indesejada àqueles que desejam enganar e manipular. Porém, muito senso comum é dito sobre a inteligência, especialmente de que sendo inteligente se entende tudo, sabe tudo, quando o raciocínio lógico entende apenas o que tenha sentido e coerência, não atrocidades e maldades que ocorrem no mundo. Obviamente o teste resultou apenas num pedaço de papel que não me define, apenas formaliza o que sou quando em conformidade metódica de minha essência, pois sou o que sou independente de qualquer papel.
Ainda que a inteligência seja desenvolvida ao longo do crescimento e amadurecimento psicológico estou inclinado a crer que seu afloramento se dá pela transição do inconsciente ao consciente que se dá por uma mescla de autoconhecimento e conhecimento do universo e realidade que o cerca de modo que mesmo os sentidos influem explicando o motivo pelo qual autistas demonstram melhores habilidades intelectuais a exemplo da hipersensibilidade.
Sempre se cria expectativas naturais com altos intelectos, mas penso que apenas quem produz pode esperar o mesmo de intelectos ditos superiores, mas que no mínimo este tenha conduta social e moral adequadas a proporção de sua condição mental. Tais mentes normalmente estão declinadas a produção imaterial, sejam nas artes ou ciências, mas a demagogia nunca combinou com uma mente de vigor e fôlego intelectual maiores. Sobretudo Altas Habilidades e Superdotação devem ser fonte de inspiração, não de arrogância do próprio ou inveja alheia.
Todavia por mais inteligente que alguém seja, o ódio, inveja, cobiça e ganância não é razão, mas desejo. O QI pode ser 200, mas agirá como se tivesse um QI 47. Pessoas inteligentes assim não são isentas de cometerem burradas, sem contar as vezes que não querem se dar ao trabalho de pensar, mas apenas sentir, pois há um padrão da bondade emergente proporcional a inteligência. Como diz Ludwig van Beethoven “não existe verdadeira inteligência sem bondade.”
Por isso julgo deduzível que se o cara for tão bom, talentoso e inteligente ele não precisa ser mentiroso e desonesto para conseguir nada. A desonestidade é para quem é incapaz de conseguir algo honestamente, ou seja, inapto não somente ao convívio como a vocação ao conviver.
Sobretudo a inteligência em determinados ambientes e situações é como uma Ferrari num atoleiro, inútil. Apenas idiotas chamam de burro o peixe que não sabe subir em árvore , pois somente ineptocratas desperdiçam neurônios alheios como quem jogasse 'pong' num supercomputador. Quando a burrice é soberana a inteligência e talento são descartáveis. Quem manda não pensa, deseja, assim como é indesejável que os demais pensem, mas obedeça. Por esse motivo assim como ditaduras países atrasados, hostis, em conflito e miseráveis produzem tantos gênios quanto o deserto flores. Por isso promover a paz, progresso e livre desenvolvimento é promover a inteligência. E qual melhor ambiente para isso se não seja o que aceita o questionamento?
Não discordar não é entender, similarmente discordar não é essencialmente burrice, pelo contrário a natureza questionadora é o cerne intelectual do pensamento crítico. Há um aparente preceito evolucionário na mente humana a qual a mente dos que dominam por não necessitarem de mais nada estagnam, o contrário ocorre com a oposição. Da derrota, necessidade e dúvida que a inteligência emerge. Quem não questiona não pensa, pois apenas se questionando se aprende, se decide, chega a verdades de modo que quem não deseja que questionemos não querem que aprendamos, saibamos a verdade e decidamos por si mesmos, por isso a inteligência é nada preterida pois o acrítico é subserviente. Tudo é estudo para a mente que busca a verdade no aprendizado, da observação direta ou dedução a valia é acréscimo ao intelecto legítimo.
Enxergo no questionamento de minhas hipóteses, crenças e ideias um teste de veracidade, do qual ou destituo-as ou fortaleço-as, apenas pessoas de ideias e crenças frágeis não aceitam o mesmo, compensando a fragilidade ideológica com a força bruta de apelos a agressão, chantagem e medo. O questionamento, afinal, em todos os tempos fora a mola da ciência e do verdadeiro intelecto. Disto o pensamento original não é necessariamente heterodoxo a moral comum, pois ampliar a visão não significa necessariamente contradizer o visto anteriormente. Porém, a quantidade de gotas de uma chuva como crítica ao mal e problemas continuam não ultrapassar a quantidade de idiotas como grãos de areia da praia.
Julgo de suma importância estimular o intelecto e genialidade, historicamente os gênios são altamente benéficos a humanidade, estes são molas propulsoras da sociedade no pensamento, ciências e tecnologia, mas condições como descritas no parágrafo anterior definha o pensamento quando não os tornam desajustados. Se torna preciso dar melhores condições para que estes se desenvolvam e tenham oportunidades e não se tornem adultos problemáticos e vítimas de bullying. Dar utilidade a inteligência numa sociedade carente de soluções aos inúmeros problemas e males que a assolam.
Similarmente é fato histórico que países evoluídos produzem legítimos intelectuais e gênios ao estimular produção intelectual e científica ao contrário de países atrasados que impõe obstáculos e perseguição a exemplo da Alemanha nazista. Certa vez alegaram que se Einstein, que era alemão judeu, voltasse a Alemanha seria arrastado pelos cabelos nas ruas o levando a fugir para outro país - ainda bem que raspo a cabeça!
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