"O autor pode não interpretar. Mas tem que dizer porquê e como é que ele escreveu o seu livro."
Umberto Eco
Quando escrevo um livro realmente me sinto compelido a explicar as inspirações e motivos do livro, seja conto ou novela, conforme o próprio Eco afirmou, assim o mesmo espero de obras com algum apêndice que amplie essa visão pelas vias do autor em questão.
Ao seguir com a leitura da obra de Howard Philip Lovecraft me deparei com uma carta dele nos apêndices de 'A Sombra de Innsmouth' sobre o modus operandi de sua escrita, e pelo incrível que parece nutri semelhanças com o método que utilizo para desenvolver meus contos e novelas. Para ela "a sinopse é o verdadeiro coração da história. O verdadeiro trabalho criativo na escrita de ficção consiste em originar e dar forma à história na forma de sinopse."
Sobretudo ele revelou o descontento já naquela época com o mercado editorial, uma desilusão tão grande que chegou a ponto de ele praticamente abandonar a carreira literária, para ele a verdadeira arte das letras consiste em "trabalhar apenas a fim de expressar-se e satisfazer seus próprios critérios ficcionais. O comércio e a literatura decente não têm nenhum ponto em comum a não ser por acidente."
Naturalmente que imagino que Lovecraft tenha muito material inédito assim como outros autores. Mas por isso ao contrário de autores como Stephen King que prega descartar manuscritos e originais - como dito por ele em 'Sobre a Escrita' - que ficam muito tempo sem publicar, apoio mais a concepção de Umberto Eco que é diametralmente oposta, proteger a existência de um original concebido. Para ele "se alguém escreve um livro e não cuida da sobrevivência desse livro, então é um imbecil."
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