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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A Perfeição do Arco Narrativo

Uma das coisas mais importantes que aprendi num curso de roteiro que fiz no começo do século é a importância do arco narrativo numa história. A perfeição é divina, sem máculas se completa amarrando-se a si mesma sem contrassensos, mas onde o qual tudo se encaixa com maestria em sua construção de começo, meio e fim. O propósito, isto é, o 'porque' e nexo a conduz, mesmo que sendo complexo, como se padrões emergissem a formar um senso estético na história. Não por menos denota o termo arte pois tais padrões são de formosura que, curiosamente, encontra-se a moral da história, ou seja, a ética, pois o 'porque' denota moral, razão e propósito.

A proposta do arco narrativo, antiga amiga de roteiristas e escritores, demonstra a essência das histórias em similaridade a jornada do herói. Divina, pois está presente universalmente nas melhores histórias desde a antiguidade, como uma 'divina proporção' de eventos muitas vezes síncronos e da realidade, assim como na bíblia de Deus. Por mais variadas que sejam as histórias elas apresentam características que dão complexidade e significância a sua história. A representação é de uma conexão do fim com o começo sem perder seu senso de origem, a do começo. Autores como Cris Carter fizeram isso com 'Arquivo X' ao levar seus protagonistas Fox Mulder e Dana Scully de volta ao ponto de partida, um hotel numa cidade do interior. Os exemplos são inúmeros e enriquece a trama com si própria demonstrando uma conexão não somente de eventos, mas de linearidade algumas vezes não cronológica.

Se toda história começa com um desiquilíbrio - caos, onde tudo poder aparentar perder o sentido - inicial nada mais sensato que voltar a condição anterior quando seu equilíbrio é novamente encontrado, isso também é presente na bíblia, com a queda do homem em Gêneses à redenção do homem no Apocalipse, ele sai do paraíso para no fim da jornada como espécie voltar ao mesmo, novamente demonstrando com perfeição um arco narrativo.

Diria que a história começa com uma pergunta gerada pelo desiquilíbrio até a sua conclusão que, como uma chave, se enclavinha com a resposta. 'E agora?' Pergunta-se o leitor ou espectador ao ver o desiquilíbrio de modo que o desenrolar da trama deve responder essa e outras perguntas que vão surgindo na história. Porém, certamente a mais importante de todas as perguntas é o 'porque' pois ele denota tanto a moral que se torna explícita na narrativa quando a coerência geral da trama.

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