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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Capas e Trecho de 'Diários da Eternidade'

A seguir um trecho do livro 'Diários da Eternidade', antigo 'A Origem da Eternidade' que narra a odisseia de um misterioso homem que recebeu em tempos imemoráveis a dádiva da imortalidade dos sumérios e com o advento da medicina da imortalidade emergente num futuro próximo ele resolve se apresentar oficialmente ao mundo narrando sua jornada de milhares de anos pela terra a procura de um semelhante imortal.

Algum lugar do Iraque, 2028
Por muito tempo esperei por aquele momento o qual tive ciência por uma quase profecia ancestral de tempos em que a mitologia era história. O alvorecer da jornada final da humanidade havia começado florescer, o advento da medicina da imortalidade ansiado pela humanidade como um ribombar de mitos antigos estava na iminência. Todo esse tempo de espera como a testemunha definitiva da humanidade não pode ter sido em vão, havia chegado a hora de contar a humanidade uma verdade avassaladoramente revolucionária, algo que anui ver os mitos de forma visceral, algo que me faria sentir-me menos só em minha eterna jornada. Compartilhar o fardo eterno era o que aliviaria a cruz dos imortais o qual era assombrado por meu próprio passado.
    Mas primeiro precisava reencontrar aquele antigo local dentre muitos locais antigos numa antiga jornada. O lugar em seu tempo era de decadência desde quando Maomé e os seus se levantaram no mundo, aquilo cheirava ao típico império do findo humano, onde tudo morre, tudo acaba, mas curiosamente onde tudo começou.
    Haviam tiros e rumores de ataques terroristas quando saí de Bagdá com aquele jovem rumo a antigas e esquecidas ruínas sumérias, totalmente diferente do esplendor que aquele lugar fora um dia a milhares de anos atrás e hoje é uma cidade miserável perpetrada por fanáticos de Maomé.
    Nós preparávamos para sair quando ouvimos um estrondo que nos deixou surdos, pó e cinzas nos sobreveio como uma nuvem a tomar toda nossa visão. Quando a audição retornou mediante um intenso zumbido ouvimos gritos de crianças e choro, pedidos de socorro ante a mortalidade antecipada por aqueles que apenas perpetuavam isso, a morte e o medo. Sai em meio a cintilar de sirenes e correria de todos por todos lados, estava um pouco aflito a ponto de sentir perto a inócua fatalidade dos perigos humanos. Pedi para que o jovem dirigisse pois estava com o mapa para me localizar num lugar que como disse estava muito diferente do que fora outrora a ponto de achar ser outro lugar. Mas afinal em minha jornada descobri que por mais que viajasse sempre veria os mesmos lugares se transformar em outros lugares com o tempo.
    - Quanto anos você não vem aqui? - Indagou o jovem iraquiano dirigindo.
    - Não sei ao certo, mas faz muito, muito tempo.
    - Uma década? - Insistiu o jovem guia e estudante de arqueologia, mas apenas respondi com o silêncio. - Olha, lamento pelo atentado, nunca sabemos quando...
    - Apenas dirija, Yurem. - Interrompi o jovem secamente.
    - Só quero dizer que arqueólogos como o senhor são bem-vindos nisso aqui mesmo que considere perca de tempo pra onde quer ir. - Insistiu ele sem tirar os olhos do horizonte que agora era árido sob o sol escaldante. - Lá fora achado apenas o que seria os restos de um templo sumério e... - o jovem se calou ao olhar para mim pois lhe fintava penetrantemente em tom de reprovação. - Tá bem, vou ficar quieto.
    Seguimos a viagem aos rincões das cinzas de civilizações sobrepostas ante o deserto árido, mas o jovem que era movido por uma sadia curiosidade típica de estudantes e de mentes brilhantes queria compreender o porquê de estar engendrando aquela viagem a um lugar considerado infrutífero a arqueologia. O aspecto de Yurem dele era do típico jovem iraquiano, moreno tinha a barba feita e usava roupas tradicionais, longas vestes até os pés, mas temia o que a curiosidade poderia lhe guiar.
    Assim os minutos se passaram e os minutos se transforam em horas. Quando chegamos percebi o quão estéril aquele lugar se tornou de modo que fui tomado por uma forte sensação de nostalgia.
    Descemos do carro e após mostrar nossos passes aos militares que guardavam aquelas ruínas que emergia das vísceras da terra árida e adentramos. O jovem Yurem tirou sua lanterna e eu guardei o mapa, o jovem olhou para mim esperando o que fazer.
    Caminhamos pelo interior do lugar que era vasto, o eco de nossos passos se ouviam de modo catedrático, mas tirando isso e o som de nossa respiração aquilo era um só silêncio sepulcral.
    - Olha, espero que saiba o que está procurando. - Disse o jovem Yurem ecoando pelo corredor onde adentramos.
    Parei diante de uma parede com inscrições na língua suméria, palpei as gravações cuneiforme incrustradas silenciosamente enquanto a lanterna de Yurem cortava escuridão. Virei-me e vi que da porta no fim do corredor havia um enorme vão que descia como um poço a uns dez metros.
    - Por aqui. - Disse ao jovem Yurem. - Onde o último sol da civilização se põe.
    - Fico feliz que o senhor saiba traduzir a escrita cuneiforme dos sumérios, mas por ai não tem nada, só um enorme fosso!
    - Olha cá meu jovem, eu lhe paguei apenas pelo passe pelos militares, caso não queira acompanhar não me acompanhe. Na verdade assim prefiro. - Respondi o jovem que pernameceu irriquieto.
    Cheguei na beirada do vão e iluminei com a laterna, era aquele lugar! Coloquei a mão na parede interna do vão e palpei cegamente quando senti uma manivela. A puxei e um estrondo surdo se ouviu abrindo uma porta secreta no alto, onde o poço caia. O jovem virou-se debruçando-se com a lanterna e o que viu lhe deixou estupefato.
    - Meu deus! Como nunca achamos isso? - Se indagou ecoante de modo que suas perguntas pareciam se repetir assim como em sua cabeça pela curiosidade.
    Segurei a manivela e dei um pulo para a entrada lateral passando por cima daquele fosso, o jovem fez o mesmo atrás de mim deixando a lanterna cair no fosso e apenas se ouvindo seu espatifar em seu fundo de modo ecoante. Olhei para ele com olhar de reprovação novamente.
    Dei vários passos iluminando o lugar que era um pouco maior que um cômodo, a luz desvelou então alguns vasos de barro que imediatamente me aproximei abaixando-me para tirar o que havia em seu interior. Nisso o jovem ilumina o que parecia ser um busto humano caído ao chão desvelando da escuridão sua face ancestral.
    O jovem Yurem então cerrou a visão e iluminou demoradamente o busto abaixando-se sobre ele enquanto tirava algo do interior do vaso. Perplexo, o jovem então apontou a lanterna para mim me fazendo me virar, a face do busto era a mesma que a minha concluiu ele em comparação.
    - Meu Deus, esse busto é igual ao senhor! -  Exclamou ele exultante.
    - Cuidado Yurem para que sua curiosidade não lhe conduza a loucura. - Respondi alheio a isso.
    Tirei do interior quatro tabletes com inscrições sumérias, quatro tabuletas, o jovem Yurem ainda estava entretido com o fato do busto ser uma cópia minha, sua mente havia um burburinho de perguntas cujas respostas considerava impossível.
    Coloquei no chão e fotografei com o celular, fazia tanto tempo que não me recordava do que elas diziam. Apontei o facho da luz para outras e sorri satisfeito apesar da amargura de encontrar aquele lugar como estava. Entreguei a tabuletas na mão de Yurem e disse antes de me retirar.
    - Espero que tenha uma ótima formatura!
    Pulei o fosso para o outro lado de volta e com o tom de saudosismo caminhei pelo corredor deixando Yurem falando sozinho. Tinha tudo que precisava, as informações ancestrais daquela tabuleta agora me conduziram as ancestrais lembras de um tempo em que aquele lugar era dourado com o sol do entardecer.

***

Hoje dia do escritor publico as duas primeiras artes de capa do projeto literário de romance, Diários da Eternidade. Clique nas imagens para ampliar.



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